Reforço

Força Nacional chega ao Maranhão e inicia ações em área de conflitos

Contingente ficará na área da Terra Indígena Cana Brava, em Jenipapo dos Vieiras, onde dois caciques foram mortos, até dia 8 de março de 2020

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Índios converso com agentes na chegada da Força Nacional na chegada ao Maranhão
Índios converso com agentes na chegada da Força Nacional na chegada ao Maranhão (força)

Agentes da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) já estão no Maranhão para reforçar o patrulhamento na Terra Indígena Cana Brava, na cidade de Jenipapo dos Vieiras, onde dois caciques foram mortos a tiros no último fim de semana. O comboio saiu de Brasília, no Distrito Federal (DF), após portaria emitida pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), que autorizou o envio da tropa à região maranhense. Depois de instalarem uma base no local, na área de conflitos, o efetivo deslocado saiu em campo para as rondas.

Depois de percorrerem as rodovias em outros estados, o comboio entrou na BR-226, na cidade maranhense de Porto Franco. Por aquele caminho, seguiu até parar em Jenipapo dos Vieiras. O efetivo chegou à Terra Indígena Cana Brava por volta das 16h dessa quarta-feira, 11. No local, os agentes atuarão em conjunto com a Polícia Federal (PF), Fundação Nacional do Índio (Funai) e outros órgãos.

A Polícia Militar está na região fazendo rondas, para evitar novos ataques. A Polícia Civil também está auxiliando, como o secretário de Segurança Pública, Jefferson Portela, frisou.

O ataque

De acordo com a Funai, os índios estavam às margens da BR-226, logo depois de saírem da Aldeia Coquinho, onde lideranças indígenas participaram de uma reunião com representantes da Eletronorte, por volta das 12h30. O grupo tratou da compensação aos índios pela passagem do linhão de energia elétrica dentro dos territórios indígenas. Firmino Silvino Guajajara morreu no local. Já Raimundo Bernice Guajajara morreu ao chegar à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Jenipapo dos Vieiras.

Em um vídeo que circula nas redes sociais, um indígena identificado como “Nelsi” contou que foi surpreendido por um veículo de cor branca, cujo ocupante disparou diversas vezes contra a motocicleta onde ele e Firmino Guajajara estavam. Outros dois índios foram atingidos pelos disparos e continuam internados na UPA sob proteção policial. A Secretaria dos Direitos Humanos e Participação Popular do Maranhão (Sedihpop) comunicou que uma das vítimas está com hemorragia interna, aguardando um representante da família para seguir a transferência para o Hospital Municipal de Presidente Dutra.

Um dos índios foi atingido em uma das pernas. A motivação para o ataque continua desconhecida. No entanto, a Funai não descarta que o ataque possa ter relação com os assaltos que acontecem naquela região, na extensão da BR-226.

Portaria

Na portaria nº 890/2019, o MJSP autorizou o emprego da Força Nacional em apoio à Fundação Nacional do Índio nas ações de segurança pública para garantir a integridade física e moral dos povos indígenas, dos servidores da Funai e dos demais cidadãos da região. A tropa permanecerá no território Guajajara por 90 dias, a contar do dia 10 de dezembro até o dia 8 de março de 2020.

A portaria estabelece que o contingente disponibilizado obedecerá ao planejamento definido pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Ademais, o prazo de apoio prestado poderá ser prorrogado, se necessário. Caso a renovação não seja solicitada pelo órgão demandante, o efetivo será retirado imediatamente após o vencimento do documento que autorizou o envio da tropa da Força Nacional de Segurança Pública à região.

Tropa em 2016

Em 24 de maio de 2016, a Força Nacional também atuou no Maranhão após ataques simultâneos de uma facção criminosa na capital. A tropa chegou a São Luís para reforçar a segurança na região metropolitana, atendendo a uma solicitação do governador Flávio Dino (PCdoB). O primeiro comboio se alojou no Complexo Esportivo do Estádio Castelão perto das 15h daquele dia. No total, foram 127 homens, que começaram os patrulhamentos à noite.

A primeira turma parou, antes de seguir ao Castelão, no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (Cfap), na BR-135, no Tirirical, onde aguardou a chegada de uma escolta, no caso, uma guarnição do 6º Batalhão de Polícia Militar (BPM), que seguiu pelas ruas de São Luís em direção ao estádio. Quarenta policiais, portando fuzis IMBEL MD97L, ocupando 10 viaturas, fizeram parte deste comboio, vindo de Brasília, capital federal.

Assim que desceram dos carros policiais, sob o comando do então tenente Helder, entraram no alojamento do estádio Castelão e se reuniram. Pouco depois das 16h, as equipes saíram nas viaturas em direção ao Estreito dos Mosquitos, onde aguardaram a outra fileira da Força Nacional. O grupo, no geral, foi comandado por um oficial, o capitão Douglas, que orientou a tropa no combate à criminalidade, na tentativa de evitar novos ataques a ônibus, como estava acontecendo naquela época.

A tropa seguiu viagem em vinte viaturas, um micro-ônibus e um ônibus, e ficaram hospedados não apenas no Castelão, como, também, em outros dois locais da cidade.

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