Reforço

Força Nacional deve ocupar hoje área indígena em conflito

Comboio que saiu de Brasília na última segunda-feira, está sendo aguardado nesta quarta-feira na Terra Indígena Cana Brava, região de Jenipapo dos Vieiras

Nelson Melo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Soldados da Força Nacional que estão sendo aguardados hoje na aldeia Cana Brava
Soldados da Força Nacional que estão sendo aguardados hoje na aldeia Cana Brava (Força Nacional)

SÃO LUÍS - O comboio da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) estará na Terra Indígena Cana Brava, na região de Jenipapo dos Vieiras/MA e cidades adjacentes, nesta quarta-feira, 11. De acordo com informações da Polícia Civil do Maranhão, a previsão de chegada dos agentes é por volta do meio-dia, mas podem ocorrer atrasados, uma vez que o efetivo está seguindo por terra. Esse reforça atuará na área de conflitos onde dois caciques foram mortos em um atentado que aconteceu no último fim de semana.

Segundo a Polícia Civil do Maranhão, a equipe da Força Nacional saiu de Brasília, no Distrito Federal (DF), na tarde de segunda-feira, 9, por volta das 14h. Os agentes estão vindo em viaturas, percorrendo as rodovias até chegarem ao Maranhão, onde montarão uma base fixa na Terra Indígena Cana Brava. O número de servidores envolvidos na missão ainda não foi divulgado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), que autorizou o envio da FNSP ao estado, durante 90 dias, até o dia 8 de março de 2020.

A missão

O grupo da Força Nacional vai atuar na região de Jenipapo dos Vieiras/MA, onde dois caciques foram mortos em um ataque que aconteceu no início da tarde de sábado, 7. O ministro Sergio Moro, do MJSP, autorizou, por meio de uma portaria, o deslocamento do efetivo para reforçar o patrulhamento no local durante 90 dias. O objetivo, é evitar qualquer novo incidente criminoso no território indígena, entre as aldeias Boa Vista e El Betel, às margens da BR-226, e também apoiar a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Polícia Federal (PF).

Envio de relatório

Após morte dos indígenas Firmino Silvino Guajajara e Raimundo Bernice Guajajara no atentado que ocorreu na BR-226, a Polícia Civil do Maranhão repassou um relatório sobre o caso à Polícia Federal, que assumiu as investigações. O material já está sendo analisado pela PF para que a apuração sobre o ataque avance, com a identificação dos autores. O delegado Guilherme Campelo, titular da Superintendência de Polícia Civil do Interior (SPCI), disse que esses primeiros levantamentos serão fundamentais para a elucidação dos assassinatos dos caciques.

Segundo Campelo, uma motocicleta, que estava em um dos locais do crime com um projétil alojado em sua estrutura, foi apreendida e será periciada. A Fundação Nacional do Índio também está acompanhando as investigações.

Sepultamento dos índios

Os dois caciques que morreram no atentado foram sepultados nessa segunda-feira na Terra Indígena Cana Brava, em Jenipapo dos Vieiras. Firmino Silvino foi enterrado primeiro, no fim da manhã. O outro, Raimundo Bernice, foi sepultado à tarde. Vários indígenas se reuniram para a cerimônia, que foi marcada por forte comoção e lamentação pela perda de dois líderes de aldeias.

Os índios também cobraram celeridade nas investigações, para que o crime não fique impune. Outros dois indígenas que foram baleados no atentado continuam sob observação médica. Um deles passou por uma cirurgia no Hospital Macrorregional de Presidente Dutra/MA.

O ataque

De acordo com a Funai, os índios estavam às margens da BR-226, logo depois de saírem da Aldeia Coquinho, onde lideranças indígenas participaram de uma reunião com representantes da Eletronorte, por volta das 12h30. O grupo tratou da compensação aos índios pela passagem do linhão de energia elétrica dentro dos territórios indígenas. Firmino Silvino Guajajara morreu no local. Já Raimundo Bernice Guajajara morreu ao chegar à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Jenipapo dos Vieiras.

Em um vídeo que circula nas redes sociais, um indígena identificado como “Nelsi” contou que foi surpreendido por um veículo de cor branca, cujo ocupante disparou diversas vezes contra a motocicleta onde ele e Firmino Guajajara estavam. Outros dois índios foram atingidos pelos disparos e continuam internados na UPA sob proteção policial.

Um dos índios foi atingido em uma das pernas. A motivação para o ataque continua desconhecida. No entanto, a Funai não descarta que o ataque possa ter relação com os assaltos que acontecem naquela região, na extensão da BR-226.

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