Artigo

Velho não. Idoso sim

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22

Idade é o tempo transcorrido desde o nascimento até o momento em que fazemos a conta de nossa existência. É a duração de uma etapa da vida, onde há modificações físicas e psíquicas.

Embora envelhecer seja um processo natural para todos nós, a velhice faz parte de um processo histórico e seu espaço social vem sendo ocupado prazerosamente. Cada categoria etária tem suas características, seus hábitos, suas crenças, seus comportamentos, suas manias. Foi a partir do século XX que a velhice se tornou a categoria etária mais badalada, face ao consenso que sobre ela se instalou na família, no ambiente de trabalho, no mercado de consumo e na sociedade em geral. O discurso médico passou a se preocupar mais com o corpo envelhecido. Entrou em uso o papel das geriatrias e dos gerontólogos com mais saberes. Passou-se a estudar mais o processo de degeneração do corpo humano.

Comumente os autores apresentam quatro inconveniências da velhice: 1) ela afasta as pessoas da vida ativa; 2) ela provoca um enfraquecimento do corpo; 3) ela priva dos melhores prazeres da vida; 4) ela aproxima da morte.

A velhice, sem dúvidas, é um encargo da vida humana que deve ser suportada com muita paciência e razão, mas ela não é o fim da vida. É uma categoria etária para a qual temos que ter capacidade para suportá-la. É comum se dizer que a velhice é uma difícil fase da vida, a mais pesada que se pode alcançar. A trajetória de nossa vida, em diversas etapas que chamamos de idade, nos leva até à velhice, daí porque não devemos considerá-la como um assalto progressivo da idade.

Em todo o mundo a clientela da terceira idade foi regiamente arregimentada pelos mais novos e pelos governantes que passaram a oferecer mais vantagens, programas de lazer, atividades culturais e grupos de convivência. Passaram a ser mais evidentes as necessidades e os desejos da terceira idade. Desapareceu, aos poucos, a designação “velhice” e surgiu um novo estilo de vida tendo “idoso” como nova designação. O termo terceira idade foi uma criação dos gerontologistas franceses. Quando se fala em qualidade de vida, muitos aspectos são considerados como os relacionamentos interpessoais, o equilíbrio emocional, a boa saúde, ambiente familiar, oportunidade de lazer e espiritualidade.

s idosos contemporâneos comumente descobrem novos prazeres como dançar, viajar, fazer amizades, o que não fizeram em outras fases da vida e agora podem fazer.

A melhor idade, a maior idade e até mesmo a futuridade como querem alguns autores chegam para eliminar o velho e a velhice que carregam atribuições negativas e criar o idoso, cheio de atribuições positivas.

O velho é rabugento e insatisfeito com tudo. O idoso é a pessoa com mais experiência, e harmoniosamente convive com o processo de envelhecimento. Velho é uma forma pejorativa de chamar. Idoso é alguém divertido, que sabe tudo sobre a vida, brincalhão, contador de estórias, apresentando uma imagem bem diferente do velho chato e rabugento que permanece em casa sem fazer nada, só resmungando e cheio de doenças a dar trabalho.

A velhice, sem dúvidas, é a maneira mais bela de morrer, como disse Cícero. É o ato sagrado de deixar a natureza desfazer o que ela fez com tanta inteligência e sabedoria. É pela morte que temos o acesso à eternidade. A velhice é uma cena final do teatro que se chama existência.


Aldy Mello

Ex-reitor da UFMA e do CEUMA, fundador da ALL e membro efetivo do IHGM


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