Manifestações

Engarrafamentos e paralisação marcam de greve na França

A greve dos transportes voltou com força ontem principalmente em Paris , onde mais da metade das linhas do metrô foi fechada

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Pessoas aguardam na estação de metrô Saint-Lazare, em Paris
Pessoas aguardam na estação de metrô Saint-Lazare, em Paris (AFP)

PARIS - Engarrafamentos quilométricos e uma paralisação do transporte público em Paris marcam ontem,9, o quinto dia de greve contra a reforma previdenciária impulsionada pelo presidente Emmanuel Macron , que agora enfrenta uma prova de fogo para seu projeto. Os condutores de duas linhas de metrô votaram uma extensão até o final das paralisações.

A greve dos transportes voltou com força ontem principalmente em Paris , onde mais da metade das linhas do metrô foi fechada e os trens que levam de regiões próximas ao centro circulavam com grandes intervalos. No total, 9 das 15 linhas do metrô tiveram suas atividades interrompidas na capital. Apenas duas completamente automatizadas, sem condutores, funcionavam normalmente sem intervalos.

"Embora com menos opções que antes, na sexta-feira,6, você conseguia pegar um ônibus para ir ao trabalho, mas hoje está impossível", disse Rafaella, funcionária pública que esperava, junto a dezenas de pessoas, para ir ao trabalho.

Com a greve dos transportes públicos em uma manhã de fortes chuvas, muitas pessoas não tiveram outra opção além de tirar seus carros da garagem, o que criou mais de 600 quilômetros de engarrafamentos distintos em Paris e arredores, três vezes mais que o normal.

Ontem, o cenário não indicava possibilidade de melhoria, já que os sindicatos convocaram uma nova greve e mais manifestações, após o êxito da primeira jornada, que na quinta-feira levou mais de 800 mil pessoas às ruas.

No final de semana, caminhoneiros também bloquearam estradas em cerca de 10 regiões da França para protestar contra o plano de reduzir incentivos fiscais ao diesel para transporte rodoviário. A federação de caminhoneiros, conhecida pela sigla em francês Otre, disse que se opunha ao aumento dos impostos sobre o diesel para veículos comerciais como parte do projeto de orçamento do governo para 2020.

Mudanças na Previdência

Sob pressão, o Executivo deve apresentar sua reforma na quarta-feira. Uma das promessas de campanha que levaram Macron à Presidência, o plano prevê a implementação de um sistema de Previdência "universal", que substituirá, a partir de 5052, os 42 "regimes especiais" de aposentadoria. No novo sistema "€ 1 de contribuição concede os mesmos direitos" para todos os franceses.

O redator da proposta, Jean-Paul Delevoye, se reunirá com os sindicatos, possivelmente já nesta segunda-feira. Depois do encontro, Delevoye deve apresentar a proposta para o primeiro-ministro, Édouard Philippe

Os sindicatos, no entanto, parecem determinados a manter a posição atual. O secretário-geral das CGT , uma das principais centrais sindicais da França, Philippe Martinez, disse que não recuará "até que retirem" a proposta, dizendo que o projeto "não tem nada de bom".

Pessoas que trabalham em atividades consideradas difíceis ou perigosas, como funcionários ferroviários e metroviários, perderiam os benefícios associados a seus regimes especiais, que atualmente permitem, por exemplo, a aposentadoria mais cedo do que o restante da população. Profissionais de diversas áreas, desde a Marinha até a Ópera de Paris, também seriam afetados. Os servidores públicos estão entre os mais afetados.

Aposentadoria

A idade oficial de aposentadoria na França é de 62 anos, uma das menores entre os países da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), o chamado "clube dos ricos", mas, devido às regras diferentes, muitos dos profissionais que seriam atingidos podem hoje se aposentar com pouco mais de 50 anos, como no caso dos condutores do metrô de Paris.

O governo argumenta que a reforma é fundamental para controlar o orçamento do país e manter o sistema previdenciário viável — atualmente, os gastos franceses com a Previdência figuram entre os mais altos do mundo, chegando a 14% de seu Produto Interno Bruto (PIB). Um comitê independente prevê que o sistema terá, até 2025, um déficit de mais de € 17 bilhões, cerca de 0,7% do PIB francês, caso nenhuma mudança seja realizada.

Os sindicatos, por sua vez, argumentam que o modelo proposto por Macron significa que milhões de trabalhadores, nos setores público e privado, precisarão trabalhar depois dos 62 anos ou perderão parte significativa de suas aposentadorias.

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