Execução

Faccionado paulista que traficava armas para o Maranhão morto no Ceará

Allan Miguel de Lucena Medeiros, o Americano, buscava as armas de fogo no Mato Grosso do Sul, segundo a polícia

Nelson Melo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Americano foi morto no interior do Ceará após envolvimento com o crime no Maranhão
Americano foi morto no interior do Ceará após envolvimento com o crime no Maranhão (Fuzil execução)

No último fim de semana, foi executado, no estado do Ceará, Allan Miguel de Lucena Medeiros, o Americano, de 28 anos, natural do Rio de Janeiro, que exercia função de liderança de uma facção criminosa oriunda de São Paulo. Segundo a polícia, ele era o responsável por enviar várias armas de fogo para o Maranhão, onde foi preso em janeiro do ano passado, no município de Vargem Grande. Pinóquio, como também era conhecido, foi chefe de “quebrada” em um bairro de São Luís, mas sofreu ameaças de morte do grupo rival.

Conforme apurado pela Polícia Civil do Ceará, dois homens entraram, discretamente, no Mercado Público Jaime Almeida Alencar, na cidade de Icó, e seguiram em direção ao Box 34, onde Allan Miguel fazia assistência técnica em celulares. Quando se aproximaram dele, um dos autores, sem dizer nada, sacou uma arma de fogo e desferiu vários disparos em Americano. No momento em que os tiros foram efetuados, houve uma correria no local. Havia, inclusive, crianças dentro do prédio municipal.

A esposa estava ao lado dele na hora do assassinato. Ela contou à polícia que só teve a reação de se abaixar para se proteger atrás do balcão. Uma equipe da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) esteve no local e recolheu vários vestígios, que serão analisados no laboratório. Cápsulas de uma pistola, que seria de calibre .380, foram encontradas pelos peritos criminais.

Fornecedor de armas

Segundo informou a O Estado um policial militar da Diretoria de Inteligência e Assuntos Estratégicos (DIAE), Americano fornecia armas de fogo para o Maranhão. Ele foi preso neste ano na divisa entre Mato Grosso do Sul e Goiás, junto com Thyago Alves Devesa, o Gordinho, que era foragido do Complexo Penitenciário de Pedrinhas. Ambos foram capturados pelo crime de falsidade ideológica, pois portavam documentos falsos.

“O que foi apurado na época é que os dois estariam indo buscar mais armas de fogo no Mato Grosso do Sul. Esse Gordinho tinha sido beneficiado com saída temporária aqui em São Luís, mas não retornou ao presídio”, explicou o policial militar. Em janeiro de 2018, Allan Miguel foi preso em Vargem Grande, ao lado de Romário da Conceição Araújo, após investigação acerca de vários roubos de celulares na região. Na época, Pinóquio negou ser liderança de facção criminosa ao afirmar que era “peixe pequeno” dentro da organização.

Expulso da Vila Conceição

Na capital maranhense, Americano ficou à frente da Vila Conceição, no Altos do Calhau, mas foi expulso do bairro pelos próprios comparsas, pois teria “infringido” itens do “estatuto” da facção a qual integrava. Segundo um policial que trabalhou no Grupo de Serviço Avançado (GSA) do 6º Batalhão de Polícia Militar (BPM), após esse fato, ele passou a comandar a Vila Magril, na zona rural de São Luís, nas proximidades da Vila Vitória, Santa Bárbara e Vila Cotia.

“Ele estava na Vila Vitória. Fomos atrás dele durante um tempo, após recebermos informações importantes sobre sua localização. O que apuramos em nosso trabalho de inteligência é que esse Americano estava gerenciando as armas de fogo dessa facção paulista aqui na Grande Ilha. Aqui em São Luís, ele estava recebendo suporte e proteção de uma facção local, que é aliada dessa quadrilha de São Paulo”, esclareceu o policial militar ouvido por O Estado.

Sobre Americano

Allan tinha uma extensa ficha criminal. Segundo o policial da DIAE, ele mudou, estrategicamente, o próprio apelido para Pinóquio, pois seu nome estava sendo muito falado pelos membros da segurança pública, que queriam capturá-lo por conta da sua participação no envio de armas de fogo ao Maranhão, que eram buscadas no Mato Grosso do Sul. “Ele veio do Rio de Janeiro para assumir a facção aqui na capital. Mas teve alguns problemas com o pessoal daqui. Aí, foi ‘convidado’ a se retirar do Altos do Calhau”, assinalou a fonte.

O militar declarou que, quando aconteceu o racha na facção, no Altos do Calhau, o criminoso Wadson da Silva Araújo, o Tanaka, e Carlinhos da Riod pretendiam matá-lo para implantar a “Família do Altos”, um projeto que seria uma espécie de “célula” de organização criminosa, mas o plano fracassou. Devido a esse confronto entre grupos organizados, seis bandidos morreram depois de uma operação policial no início deste ano naquele bairro.

“Tem até um áudio de Carlinhos da Riod falando que estava só esperando um parceiro dele chegar para darem uns tiros em Allan. Depois da Vila Magril, ele se homiziou na Vila Vitória. Mas sumiu. Quando soubemos, ele tinha sido preso na divisa de Goiás com Mato Grosso do Sul”, relembrou o militar. Ademais, Americano era suspeito de abastecer o Complexo do Alemão, na Baixada Fluminense (RJ), com drogas, entre os anos de 2010 e 2012.

E também estava sendo procurado por ter aplicado um golpe na cidade de Santo Antônio de Pádua, no Rio de Janeiro, onde se passou por técnico de consertos de celulares e tablets. Ele abriu uma loja de assistência, mas foi embora do município e deixou mais de 40 pessoas sem os seus aparelhos. As vítimas registraram queixas na 136ª Delegacia de Polícia Civil da região.

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