Sustentabilidade

Maranhão se destaca na produção mundial de soja certificada

Resultado coloca o estado em um novo patamar da agricultura sustentável, que é o de oferecer uma imagem internacional da soja certificada e responsável

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Superintendente da Fapcen, Gisela Introvini, tem fomentado a certificação da soja
Superintendente da Fapcen, Gisela Introvini, tem fomentado a certificação da soja (soja certificada)

Enquanto em âmbito nacional o debate sobre queimadas na Amazônia e riscos à preservação ambiental movimentou governantes e especialistas, o estado do Maranhão afirma-se cada vez mais na vanguarda da agricultura sustentável. Em 2018 foram produzidas 4,5 milhões de toneladas de soja sustentável em todo o planeta, das quais 85% são de origem brasileira. Apesar desse volume expressivo, do total de soja cultivada no Brasil (118 milhões de t) somente 3% (3,9 milhões de t) seguiu princípios socioambientais reconhecidos por certificadores internacionais.

Já no Maranhão, das 2,9 milhões de toneladas de soja produzidas em 2018, em torno de 30% (875 mil t) foram certificadas. Cultivadas em 37 fazendas situadas principalmente na região sul do estado, essas lavouras ocupam uma área de 234 mil hectares, onde desenvolvimento e sustentabilidade são temas complementares e não antagônicos. Esses dados colocam o estado na liderança em percentuais de área de cultivo e produção certificadas.

A certificação é concedida pela RTRS - Associação Internacional da Soja Responsável -, organização que promove a produção, processamento e comercialização responsável de soja. Por trás desse selo está um padrão aplicável mundialmente que garante uma produção de soja ambientalmente correta, socialmente justa e economicamente viável.

Até chegar a esses resultados, muito trabalho foi feito. Esse cenário começou a ser desenhado com a criação da Fundação de Apoio à Pesquisa do Corredor de Exportação Norte (Fapcen), há cerca de 25 anos, na cidade maranhense de Balsas. O objetivo era dar suporte à cultura da soja e ao Corredor de Exportação Norte, formado pelo volume de soja produzido no Maranhão, Tocantins e Piauí, escoado pelo Porto do Itaqui. Atualmente a fundação possui campos de experimentação e pesquisa nessa região e em outros 13 estados brasileiros, a maioria deles com foco na produção de sementes de soja.

De janeiro a novembro deste ano foram movimentadas, pelo Porto do Itaqui, 7,7 milhões de toneladas de soja, volume que já é maior do que o registrado no ano passado, quando houve uma supersafra de grãos. “Hoje o porto público do Maranhão está preparado para exportar toda essa produção e a demanda crescente dos próximos anos. A segunda fase do Tegram, investimentos públicos e privados em infraestrutura portuária e o sistema de gestão implantado no Itaqui podem garantir as condições necessárias para movimentar o dobro do volume de grãos que temos hoje”, afirma o presidente do Porto do Itaqui, Ted Lago.

Soja responsável no Brasil

A RTRS divulgou relatório sobre a produção de soja responsável no país, que hoje é responsável por 592 mil hectares de florestas nativas preservadas nas fazendas. Para cada hectare de área produtiva, há 0,59 hectares de florestas naturais preservadas, o que representa cerca de 616 milhões de árvores preservadas nas florestas naturais e mais de 64 milhões de toneladas de carbono armazenadas.

Cada tonelada de soja certificada pela RTRS equivale a 157 árvores preservadas ou 16 toneladas de carbono armazenadas. Portanto, quando uma empresa adquire soja RTRS, ela adquire florestas preservadas junto.

As 226 fazendas certificadas pela RTRS no Brasil empregam cerca de 10 mil funcionários diretos e mais de 25 mil indiretos. A produtividade nessas fazendas é 11,5% maior que a média nacional, o que significa pelo menos 120 mil hectares de floresta nativa não convertidas para produção agrícola.

Para obter e manter a certificação essas fazendas precisam ter, entre outros requisitos, gerenciamento de resíduos, práticas de gestão para reduzir o uso de agroquímicos, rotação de culturas (soja - milho - plantas de cobertura do solo), monitoramento em tempo real (plantio, colheita) para controle de cada hora de uso de máquinas e cada litro de agroquímico, por exemplo. Todas as propriedades são auditadas anualmente.

“O auditor internacional visita todas as fazendas, entrevista todos os funcionários e as comunidades para saber o impacto dessa propriedade, principalmente a questão de agroquímicos e desmate, que só pode ter ocorrido até junho de 2016, senão, não certifica”, explica a superintendente da Fapcen, Gisela Introvini.

Os resultados colocam o Maranhão em um novo patamar, que é o de oferecer ao mundo uma imagem internacional da soja certificada, com base em princípios e critérios.

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Sobre a RTRS

Fundada em 2006, a Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS) é uma organização internacional pioneira formada pelos principais representantes da cadeia de valor da soja, como produtores, indústria, comércio, finanças e a sociedade civil. Os atores dessas diferentes áreas se reúnem em torno de um objetivo comum, garantindo o diálogo e a tomada de decisão por consenso. A missão da entidade é promover o uso e o crescimento da produção sustentável de soja e, por meio do Padrão RTRS de Produção de Soja Responsável, aplicável mundialmente, garantir uma produção ambientalmente correta, socialmente adequada e economicamente viável. É hoje o sistema mais confiável e avançado do mercado de soja brasileiro para alcançar a sustentabilidade. Atualmente, a RTRS conta com mais de 180 membros dos países do mundo. Os princípios e critérios da RTRS são considerados um padrão multipartes que garante o Desmatamento Zero na produção de soja responsável. www.responsiblesoy.org/pt.

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