Remanejamento

Mantido disciplinamento do comércio na Rua Grande

Apesar da presença dos agentes, vendedores retornam ao logradouro; camelôs reclamam que mudanças têm prejudicado vendas e reivindicam retorno à Rua Grande; o comércio informal é um setor que gera constantes polêmicas em São Luís

MONALISA BENAVENUTO / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Blitz é realizada para disciplinamento do comércio na Rua Grande no período de compras natalinas
Blitz é realizada para disciplinamento do comércio na Rua Grande no período de compras natalinas (De Jesus)

SÃO LUÍS - As ações de disciplinamento do comércio ambulante na Rua Grande seguem redirecionando vendedores ambulantes para as ruas transversais à principal via comercial de São Luís. A Blitz Urbana mantém equipes permanentes atuando no local com o objetivo de resguardar o patrimônio público, seguindo a delimitação dos espaços resguardados aos camelôs, conforme foi definido em reuniões com a categoria.

Apesar da ação constante dos agentes da Blitz Urbana, que atuam em parceria com as secretarias municipais de Urbanismo e Habitação (Semurh) e Segurança com Cidadania (Semusc), com participação da Guarda Municipal e da Sub-Prefeitura do Centro, o ordenamento não se mantém por muito tempo, porque logo que as equipes seguem pela via os vendedores retornam ao logradouro.

Os camelôs que adotam esse comportamento alegam que a mudança para as vias transversais tem prejudicado as vendas e reclamam das ações de retirada. “Nessas ruas não têm movimento, a gente praticamente não vende. Todo dia é essa humilhação. Ninguém aguenta mais isso, a gente está aqui porque tem conta a pagar, mas é retirado desse jeito aí, como vocês estão vendo”, queixou-se a ambulante Karina Lima.

Ambulantes que insistem em permanecer na Rua Oswaldo Cruz podem ter produtos retidos pelos agentes da Blitz Urbana. Enquanto O Estado esteve no local, um grupo de ambulantes, revoltados com a apreensão da mercadoria de uma vendedora de água, questionou a atitude da Blitz Urbana a um agente da Guarda Municipal. “A gente está trabalhando aqui porque precisa”, declarou um camelô que preferiu não ser identificado.

Situação do comércio informal
O comércio informal é um setor que gera constantes polêmicas em São Luís. Tanto a não arrecadação tributária e a ocupação irregular dos comerciantes são pautas frequentemente debatidas pelo poder público. Com a requalificação da via, o tema voltou a ser debatido e tornou-se tema de audiências públicas na Câmara Municipal de São Luís nos últimos dois anos.

Em 2017, vereadores propuseram a criação de uma comissão permanente, composta por representantes da Câmara Municipal, Prefeitura de São Luís, Câmara de Dirigentes Lojistas de São Luís, Sindicato e Associação dos Vendedores Ambulantes para fiscalizar a atividade. Na ocasião, foi reforçada, ainda, a proposta de construção do shopping popular no prédio onde funcionava a Secretaria de Educação do Estado, em parceria com a Prefeitura. A ideia era que, além de fortalecer a economia local, o shopping beneficiaria os consumidores, trabalhadores do comércio informal e minimizaria questões relacionadas ao desemprego e falta de renda.

Neste ano, o tema voltou a ser debatido pela Câmara e, também, pela Prefeitura de São Luís em reunião convocada pelo Ministério Público, que contou com a presença do diretor do Liceu Maranhense, Deurivan Rodrigues Sampaio; do secretário municipal de Urbanismo e Habitação, Mádison Leonardo Andrade Silva; do secretário-adjunto municipal de Urbanismo e Habitação, Samuel, Dória de Carvalho Júnior; da assistente social da Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos, Elga Mota Oliveira; e do presidente do Sindicato dos Vendedores Ambulantes de São Luís, José de Ribamar Ferreira.

Busca de solução
Na ocasião, o promotor que intermediou o encontro afirmou que o Ministério Público está acompanhando atentamente a questão e busca uma solução mediada para o problema. O objetivo da reunião, segundo ele, era garantir a segurança dos alunos e um ambiente escolar saudável, referindo-se aos vendedores ambulantes retirados das praças Deodoro e Panteon e remanejados para o entorno do Liceu Maranhense, no Centro, o que compromete o acesso e até mesmo o funcionamento normal da rotina escolar.

A mudança foi motivada pelas obras do Complexo da Deodoro, concluídas recentemente com recursos federais por meio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e coube à Prefeitura de São Luís o remanejamento dos trabalhadores que tinham barracas na área revitalizada. Para corrigir o problema de uma vez, a promessa por parte da Prefeitura de São Luís é a construção do Shopping Popular, sem datas definidas ainda quanto a início e conclusão das obras. O endereço do empreendimento anunciado é em frente ao Ginásio Costa Rodrigues. O local deve ter nove lojas âncoras, 987 boxes e uma área de estacionamento com 270 vagas.

Frase

“Nessas ruas não têm movimento, a gente praticamente não vende. Todo dia é essa humilhação. Ninguém aguenta mais isso, a gente está aqui porque tem conta a pagar, mas é retirado desse jeito aí, como vocês estão vendo”,

Karina Lima

Vendedora ambulante

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