Investigação

Governo de Malta é pressionado por assassinato de jornalista

Empresário é suspeito de estar ligado ao assassinato e, em uma tentativa de fechar um acordo de delação premiada, implicou o chefe de gabinete e dois ministros do governo de Malta no crime

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Imagem de protesto mostra manifestantes com foto de Daphne Caruana Galizia
Imagem de protesto mostra manifestantes com foto de Daphne Caruana Galizia (Reuters)

MALTA - O primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, enfrenta pressão para renunciar à medida que um homicídio de uma jornalista cometido em 2017 é investigado. Segundo o "Times of Malta", ele disse a aliados que vai deixar o cargo.

A repórter investigativa Daphne Caruana Galizia morreu em um atentado em outubro de 2017 –o carro dela explodiu por uma bomba detonada por celular. Galizia escrevia muito sobre corrupção em seu blog, e investigava as relações de políticos e empresários.

Três homens foram acusados de colocar a bomba, mas não se sabe, até agora, quem é o mandante.

A investigação ganhou fôlego há duas semanas, quando um intermediário, suspeito de apresentar os assassinos ao mandante, foi preso e conseguiu fechar um acordo de delação premiada.

A apuração então chegou ao empresário Yorgen Fenech, que foi preso em seu iate privado quando tentava fugir de Malta. Ele é, agora, o foco das investigações.

Cassinos, hotéis e companhias 'off-shore'

O empresário implicado no assassinato, Yorgen Fenech, é dono de lojas, hotéis, cassinos, empresas de energia e imóveis. Um dia antes de tentar fugir, ele passou a administração dos negócios para seu irmão.

Ele é dono de uma empresa "off-shore" que tem sede em um outro país, com legislação que dificulta saber quem são seus donos verdadeiros.

A jornalista assassinada, Caruana Galizia, revelou que a companhia era conectada a políticos de Malta.

Preso, o empresário Fenech tenta fechar um acordo de delação premiada. Ele implicou o chefe de gabinete do governo, Keith Schembri, e dois outros ministros.

Em uma carta endereçada ao presidente do país, os advogados de Fenech afirmaram que o cliente deles se dispõe a dar informações sobre o ex-chefe de gabinete e sobre os dois outros ministros.

Na terça-feira,26, Schembri renunciou. A polícia chegou a detê-lo na quinta (28) para questionamento, mas ele foi solto, e a autoridade disse que ele não é mais uma pessoa de interesse para a investigação.

Os outros dois ministros deixaram os cargos.

Primeiro-ministro enfrenta protestos

O primeiro-ministro, Joseph Muscat, disse que não há motivos para fechar acordo de delação premiada com o empresário, mas deixou um encontro de gabinete para que não estivesse presente quando a decisão fosse tomada.

Em Malta, há pedidos para que ele renuncie por ter protegido seus aliados da investigação.

Inicialmente, Muscat afirmou que não deixaria o cargo: "Não abdicarei de minhas responsabilidades. Malta precisa de liderança estável, e continuarei a tomar decisões no interesse do país e não protegerei ninguém", disse ele a repórteres.

Segundo o "Times of Malta", na sexta-feira,29, o primeiro-ministro disse a aliados que vai renunciar.

Matthew Caruana Galizia, um dos filhos da jornalista assassinada, disse que um sua família não tem informações sobre o desenvolvimento do caso e que estão encobrindo os culpados.

Na quinta (28), parlamentares da União Europeia anunciaram que haverá uma missão urgente para Malta para averiguar o sistema de investigação e a independência da Justiça.

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