Alerta

Aumentam casos de Aids na população idosa do país

De acordo com Boletim Epidemiológico, do Ministério da Saúde, de 2007 a 2017, houve um crescimento de 103%;a população idosa feminina representa a maior parte dos casos, com um aumento de sete vezes nos diagnósticos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Dezembro vermelho e a luta contra a Aids na terceira idade; campanha é lançada
Dezembro vermelho e a luta contra a Aids na terceira idade; campanha é lançada (Divulgação)


BRASÍLIA - O 1º de Dezembro é lembrado como Dia Mundial de Combate à Aids. A data chama atenção para dados preocupantes: os casos de HIV/Aids entre idosos sobem, anualmente, no Brasil, segundo o Boletim Epidemiológico de 2018, do Ministério da Saúde. De 2007 a 2017, houve um crescimento de 103%. A população idosa feminina representa a maior parte dos casos, com um aumento de sete vezes nos diagnósticos, um total de 657% a mais no período. Na sexta-feira,28, o Ministério da Saúde lançou uma campanha que celebra as conquistas dos 31 anos do Dia Mundial de Luta Contra a Aids. Com o slogan “HIV/AIDS. Se a dúvida acaba, a vida continua”.

A médica geriatra Roberta Parreira, da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), disse que o advento dos medicamentos para disfunção erétil permitiu o retorno à vida sexual ativa para muitos idosos. “Meus pacientes conversam comigo sobre o assunto quando se sentem à vontade. E dizem que veem o sexo como uma necessidade de vida, algo agradável. Ainda que nesta etapa da vida, por exemplo, homens e mulheres tenham condições físicas e biológicas particulares”, informou.

No entanto, diante do aumento de infecções pelo vírus da Aids na população idosa, é importante, segundo ela, que os profissionais de saúde peçam teste de sorologia e auxiliem no cuidado e na prevenção. “Quando se investiga demências, por exemplo, destacar Aids e sífilis é parte do protocolo. As ditas comorbidades precisam ser verificadas até para saber de possíveis interações medicamentosas”, complementa.

Tendência local e mundial

Apenas em São Paulo, maior cidade do Brasil, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde, no último ano, os idosos foram os únicos entre a população adulta que tiveram crescimento nas infecções pelo HIV/Aids. Enquanto a taxa de novas infecções no geral diminui no município para perto de 18%, entre 2017 e 2018, na população idosa, os casos cresceram 15% no mesmo período.

O crescimento dos casos de HIV/Aids entre idosos no Brasil acompanha uma tendência mundial. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), se prosseguir nesse ritmo de infecções nessa faixa etária, em 2030, 70% da população do mundo com 60 anos ou mais poderá ter o diagnóstico positivo para o vírus da Aids.

“Precisamos de campanhas de prevenção e políticas de saúde voltadas a essa população e outros grupos entre os quais os casos de HIV estão crescendo”, conclui Roberta Parreira, que também é mestre em Epidemiologia, pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

135 mil pessoas com HIV

O Ministério da Saúde estima que 135 mil pessoas vivem com HIV no Brasil e não sabem. Com base nessa estimativa, a campanha lançada em alusão ao Dia Mundial de Luta Contra a Aids quer incentivar as pessoas que se colocaram em risco a procurar uma unidade de saúde para realizar o teste rápido. Considerando o período entre 1980 e junho de 2019 foram detectados 966.058 casos de Aids no país.

Segundo o diretor do Departamento de Doenças Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, Gerson Pereira, o país adotou a recomendação do início do tratamento para todas as pessoas após o diagnóstico de HIV, independente da condição clínica do paciente.

“Os últimos dados mostram que a pessoa diagnosticada com HIV tem praticamente o mesmo tempo de vida que uma pessoa que não vive com o vírus", afirmou.

"Se essa pessoa mantiver o tratamento regular, pode ter uma vida normal, assim como quem tem diabetes ou hipertensão. Mas para isso, é importante ter o diagnóstico cedo, tratar imediatamente e se manter em tratamento", disse Gerson Pereira.

Por causa do tratamento mais acessível, o governo informou ainda que os casos de Aids reduziram em 13,6% entre 2014 e 2018. O índice equivale a 12,3 mil casos evitados da doença.

Já a mortalidade por Aids caiu em 22,8%, nesse mesmo período, evitando 2,5 mil óbitos. Segundo o Ministério da Saúde, quando um paciente infectado com o vírus HIV recebe o tratamento adequado, sua carga viral pode chegar a ser indectável. Quando isso acontece, considera-se que não existe uma quantidade suficiente do vírus para que ele seja transmissível.

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