Bolívia

Mesa pede que México impeça Morales de falar sobre política

Em entrevista, presidente que renunciou diz que não tem intenção de participar de eleições ;Morales viajou para o México em busca de asilo após renunciar no domingo, sob pressão de protestos nas ruas e das Forças Armadas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Carlos Mesa, da Comunidade Cidadã, fala a jornalistas após renúncia de Evo Morales
Carlos Mesa, da Comunidade Cidadã, fala a jornalistas após renúncia de Evo Morales (Reuters)

BOLÍVIA - O candidato derrotado Carlos Mesa e a presidente autoproclamada da Bolívia , Jeanine Áñez, afirmaram nesta quinta-feira que Evo Morales não pode ser candidato em novas eleições. Em declarações a jornalistas, Mesa pediu ainda ao governo do México que não permita que o ex-presidente boliviano dê declarações políticas e promova a violência durante seu asilo no país, onde chegou na terça-feira.

"Queremos denunciar perante o mundo e pedir ao governo do México que respeite sua própria tradição histórica e que esse governo não permita que Morales continue fazendo uma política destrutiva, divisiva e de confronto em nosso país", disse Mesa, que ficou em segundo lugar nas eleições de outubro e contestou os resultados oficiais.

Além de Mesa, Áñez garantiu ontem,14, que o ex-presidente não poderá se candidatar nas próximas eleições.

"Evo Morales não está habilitado para um quarto mandato, por isso tem havido toda essa convulsão, por isso houve tantas manifestações dos bolivianos nas ruas", justificou Áñez, acusando o ex-presidente de incitar a violência. "O México teria que exigir que Evo Morales cumprisse os protocolos de asilo, e não incitando país com seu afã de continuar no poder, de onde está. Isso é realmente vergonhoso".

Morales viajou para o México em busca de asilo após renunciar no domingo, sob pressão de protestos nas ruas e das Forças Armadas. De lá, respondeu a perguntas a jornalistas em uma entrevista coletiva e conversou com o jornal espanhol El País na quarta-feira, 13, ao qual disse que, se voltar à Bolívia, não tem a intenção de ser candidato outra vez. "Estou disposto a voltar à Bolívia para pacificar e não ser candidato".

Acusação

Mesa, que respalda o governo interino de Áñez, acusou o ex-presidente de mentir.

" O que Morales quer é o caos, quer mentir ao mundo, dizendo que busca diálogo quando na realidade o que está buscando e propiciando é a violência".

Na eleição de 20 de outubro, o ex-presidente concorreu a um controvertido quarto mandato, ignorando o resultado de um referendo que ele próprio convocara, em 2016, propondo mudança na Constituição de 2009 para acabar com o limite de uma reeleição.

O Tribunal Supremo Eleitoral o declarou vitorioso em primeiro turno, com pouco mais de 47% dos votos contra 36% de Mesa — na Bolívia são necessários 40% dos votos com uma diferença de 10 pontos sobre o segundo colocado para evitar o segundo turno. No entanto, uma auditoria da Organização dos Estados Americanos (OEA) apontou que, embora a vitória de Morales tenha sido provável, as irregularidades constatadas tornam estatisticamente improvável que ele tenha vencido no primeiro turno.

Áñez designou na noite de quarta-feira,13, seus primeiros 11 ministros, um dia após assumir o poder sem votação no Congresso. Na nova equipe estão senadores do próprio partido, Unidade Democrata, que ficou em quarto lugar na contestada eleição presidencial que deu vitória a Morales, e de uma ala radical representada pelo senador Arturo Murillo , nomeado ministro do Interior.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.