Artigo

Maçonaria Republicana

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22

A Maçonaria é considerada uma das maiores agremiações do mundo. Ao longo da história sempre esteve envolvida em movimentos políticos que resultaram em fatos marcantes. Como é notório as decisões eram tomadas dentro dos templos maçônicos e só depois eram divulgadas a população. A Proclamação da República gerou muitos debates nas oficinas maçônicas, pois alguns maçons não queriam o fim do império. Por outro lado, muitos maçons acreditavam que a República iria trazer uma grande revolução social, econômica e financeira para o país. “A partir de hoje, 15 de novembro de 1889, o Brasil entra em nova fase, podendo se considerar finda a Monarquia, passando a regime francamente democrático com todas as consequências da liberdade.” Assim iniciava o editorial da Gazeta da Tarde, da edição do dia 15, anunciando o levante político-militar que instaurou a forma republicana presidencialista de governo no Brasil, pondo fim à soberania do imperador D. Pedro II.

Esse fato histórico, talvez um dos mais importante do país, teve líderes maçons ilustres que hoje figuram nos livros de História, tais como Manuel Deodoro da Fonseca, Benjamim Constante, Rui Barbosa, Silva Jardim, Campos Sales, Quintino Bocaiuva, Prudente de Morais, Aristides Lobo e muitos outros.

A ideia republicana já era antiga no Brasil pode ser vista na Guerra dos Mascates (1710), na Inconfidência Mineira (1789), na Revolução Pernambucana (1817), na Confederação do Equador (1824) e na Revolução Farroupilha (1835). O país clamava pela República e sua proclamação era uma questão de tempo. O Império estava desgastado e vagarosamente ruía, principalmente após a Guerra do Paraguai (1870) onde o Brasil mesmo sendo vitorioso não soube valorizar o Exército, seu principal agente, causando grande descontentamento na classe militar.

Outro fato importante que fez com que o Império perdesse sua sustentação foram as leis antiescravistas: Ventre Livre (1871), Sexagenários (1885) e Áurea (1888), fervorosamente defendidas nas lojas maçônicas. Entrelaçando esses e outros fatos a Maçonaria, através das lojas: Loja Maçônica Vigilância situada em São Borja/RS, Loja Maçônica Independência e Loja Maçônica Regeneração III situadas em Campinas/SP, elas aprovaram um manifesto contrário ao advento de um terceiro reinado e enviaram a todas as demais lojas do Brasil.

Em 10 de novembro de 1889, na casa de Benjamim Constante, diversos maçons se reuniram, entre eles Francisco Glicério e Campos Sales, decidindo marcar para o dia 20 de novembro de 1889 a tomada do poder, tendo à frente o militar de mais alta patente, o marechal Manuel Deodoro da Fonseca, que seria o primeiro presidente da República. A data teve de ser antecipada face a um boato ardilosamente arquitetado de que o governo havia mandado prender Deodoro da Fonseca. Confirmado depois que se tratava realmente de um boato.

Assim, na manhã do dia 15 de novembro de 1889, Deodoro, que estava doente em sua casa, atravessou o Campo de Santana e do outro lado do parque conclamou os demais revolucionários ali aquartelados. Ofereceram-lhe um cavalo que nele montou e, segundo testemunhas, tirou o chapéu e gritou: “Viva a República!”.

Faz-se necessário destacar o atitude do imperador D. Pedro II, um homem culto, ponderado, também maçom, que, contrariando a opinião pública, não lutou pelo trono, pois não queria ver derramamento de sangue, reconhecendo que para o Brasil este seria seu novo e melhor destino. Passados apenas dois dias o imperador parte com toda sua família para a Europa, levando com ele meio século de história do Brasil Imperial, deixando renovadas as esperanças de se construir uma nova nação, com base na tríade francesa Liberdade, Igualdade e Fraternidade, que significam liberdade de pensamento, igualdade de direitos e fraternidade, que significa o bom convívio entre os diferentes povos. Graças a fraternidade semeada pelos maçons se conseguiu formar no país uma miscigenação de todas as raças que resultou no povo brasileiro, formado por negros, índios e brancos.

O lema da república Ordem e Progresso foi inspirado no pensamento do maçom francês Auguste Comte, que defendia: “o amor por princípio, a ordem por meio, e o progresso por fim.” O amor ao próximo é o princípio, a ordem (a disciplina, a retidão) o meio, e naturalmente o progresso é o fim, o objetivo de toda e qualquer civilização. A Maçonaria é uma instituição que objetiva o progresso da humanidade, o combate as desigualdades sociais, o combate aos preconceitos que afloram em qualquer meio social. A Maçonaria luta por uma sociedade mais justa e perfeita.

Ubiratan João de Castro

Grão Mestre

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.