São Luís - De acordo com levantamento da Federação Internacional de Diabetes - International Diabetes Federation - (IDF), o Brasil tem cerca de 14 milhões de diabéticos, ocupando a 4ª colocação no ranking mundial em números absolutos de portadores da doença. Em São Luís, dados mais recentes da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) apontam que 6,3% da população adulta da cidade tiveram diagnóstico positivo para diabetes até o ano passado. Para especialistas, maior preocupação está relacionada às complicações causadas pela doença, entre elas, as que afetam os olhos. Isso porque, sem o devido controle, o diabetes pode causar, inclusive, a perda total da visão.

É consenso entre as mais diversas especialidades médicas, que a qualidade de vida de diabéticos está diretamente relacionada ao acompanhamento clínico associado a medicamentos e, sobretudo, controle da glicemia. Negligenciar estes cuidados pode acarretar sérios problemas à saúde de quem é diagnosticado com diabetes, sendo até irreversíveis, como é o caso de algumas complicações relacionadas à visão.

Entre as patologias relacionadas às altas taxas de açúcar no sangue, a retinopatia diabética é a mais comum, podendo atingir até 75% dos pacientes com diabetes, conforme apontou o oftalmologista Hugo Caminha, do Grupo Oftalmo Centro. No entanto, o problema não é tido como consequência da doença principal, mas reflexo do descontrole e do descaso no tratamento do diabetes, por ocorrer, principalmente, em pacientes que não mantém as taxas glicêmicas equilibradas.

“A retinopatia diabética, como o próprio nome diz, é uma doença muto característica e exclusiva dos pacientes que têm diabetes e, principalmente diabetes descompensada por longos períodos. É uma doença que atinge a retina, o tecido mais interno do olho, principalmente os vasos sanguíneos dessa estrutura, gerando acúmulo desnecessário e excepcional de líquido nessa região, causando alterações visuais”, explicou Caminha.

Categorias

O especialista esclareceu, ainda, que a retinopatia se apresenta em duas categorias, podendo haver vasos doentes - proliferativa - ou não - não proliferativa, sendo o primeiro caso mais grave e, por isso, de tratamento mais delicado, podendo exigir cirurgia para correção do problema.

“O principal tratamento consiste em acompanhamento a longo prazo para controlar a glicemia. Mas, o resultado depende muito da fase de diagnóstico, quanto mais precoce, melhor. A retinopatia diabética proliferativa, forma mais grave da doença, pode culminar em descolamento tracional da retina em fases muito avançadas, onde necessita de cirurgia, mas se não for tratada adequadamente, pode resultar em perda total da visão”, esclareceu.

Além desse problema, doenças como glaucoma e catarata também podem estar relacionadas ao diabetes e a forma mais eficaz para prevenir e até evitar estes diagnósticos se dá por meio do equilíbrio dos níveis de açúcar. Atividades físicas constantes, controle nutricional e consultas periódicas com especialistas, entre eles o oftalmologista, devem fazer parte da rotina de pacientes diabéticos.

Conscientização em campanha

Para promover conscientização sobre o assunto e tirar dúvidas da população, profissionais do Grupo Oftalmo Centro participam, nesta quinta-feira, 14, de mais uma campanha do Dia Mundial do Diabetes, promovida pelo jornal O Estado, no São Luís Shopping. Para Hugo Caminha o projeto é uma ferramenta importante para combater esta doença que, de acordo com dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (Sim), vitimou cerca de 15 mil pessoas entre os anos de 2010 e 2016 no Maranhão.

“Estamos na Semana Mundial do Diabetes e, neste período, tentamos chamar atenção da população em geral sobre os cuidados e os riscos dessa doença que ainda acomete muitos pacientes e é responsável por tantas outras patologias. Nesta quinta-feira, das 10h às 22h participaremos da campanha no São Luís Shopping e, junto a outros parceiros, realizaremos atendimentos voltados para quem tem diabetes, com exames gratuitos de fundo de olho, além de medidas de glicemia, aferição de pressão arterial e, claro, passando informações importantes para a saúde da população”, ressaltou o oftalmologista.

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