Violência

Violência leva Hong Kong para ''beira de colapso total'', diz polícia

Mais de 260 pessoas foram presas na segunda-feira, levando o número total para mais de 3 mil desde que protestos se agravaram

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Manifestantes pró-democracia durante protesto no distrito financeiro de Hong Kong
Manifestantes pró-democracia durante protesto no distrito financeiro de Hong Kong (AFP)

HONG KONG - A polícia de Hong Kong usou gás lacrimogêneo ontem,12, no coração do distrito financeiro e em dois campi universitários para dispersar protestos pró-democracia, dizendo que as manifestações estão deixando a cidade de governo chinês à “beira do colapso total”. Os confrontos acontecem um dia após a polícia atirar à queima roupa em um manifestante e um homem ser incendiado , em dois dos casos mais graves de violência em décadas na antiga colônia britânica.

Um protesto com mais de mil pessoas, muitas delas vestindo roupas de escritório e usando máscaras, ocorreu no distrito financeiro pelo segundo dia consecutivo na hora do almoço, bloqueando as ruas com os arranha-céus mais altos da cidade.

Após os manifestantes se dispersarem, a polícia lançou gás lacrimogêneo contra os participantes restantes em uma pequena e estreita rua. Foram presas mais de 12 pessoas, muitas imobilizadas ao lado da luxuosa joalheria Tiffany & Co. A polícia posteriormente isolou a rua, que estava calma conforme pessoas saíam do trabalho para suas casas.

"Nossa sociedade tem sido empurrada para a beira de um colapso total", disse um porta-voz da polícia em entrevista coletiva, se referindo aos dois últimos dias de violência.

Ele disse que “baderneiros” mascarados haviam cometido atos “insanos”, como arremesso de latas de lixo, bicicletas e outros objetos em trilhos do metrô, paralisando o sistema de transporte.

Ele afirmou que o homem que teve o corpo queimado na segunda-feira ainda está em estado crítico e pediu informações sobre os responsáveis. Durante uma briga naquele dia, um homem borrifou um líquido inflamável sobre outro e então ateou fogo.

Gás lacrimogêneo

Também na segunda, a polícia disparou gás lacrimogêneo diversas vezes no distrito financeiro, onde alguns manifestantes bloquearam ruas. A polícia também usou gás na Universidade Municipal de Kowloon Tong e na Universidade Chinesa, onde manifestantes atiraram coquetéis Molotov e tijolos contra policiais.

Na Universidade Municipal, manifestantes estocaram tijolos e coquetéis Molotov nas ponte e montaram outros aparatos com pregos, aparentemente para furar pneus. Ruas próximas à entrada do campus da Universidade Chinesa foram fechadas com tijolos, destroços e pequenos incêndios.

'Egoístas'

A Universidade Chinesa afirmou que algumas pessoas haviam invadido um depósito e roubado arcos, flechas e dardos, que foram recuperados posteriormente.

"É louco que a polícia tenha disparado gás lacrimogêneo por mais de 20 minutos. Se eles não tivessem entrado, não iríamos entrar em confronto com eles. É nossa escola. Nós precisamos proteger nossa casa", disse Candy, estudante de 20 anos, à agência de notícias Reuters.

Diversas pessoas ficaram feridas, incluindo um aluno de jornalismo que foi atingido no olho, aparentemente por um tijolo.

A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam , disse que manifestantes estão sendo extremamente egoístas e que espera que universidades e escolas peçam para alunos não participarem de manifestações.

Mais de 260 pessoas foram presas na segunda-feira, segundo a polícia, levando o número total para mais de 3 mil desde que os protestos se agravaram, em junho.

Manifestantes estão irritados com o que veem como brutalidade policial e envolvimento de Pequim nas liberdades garantidas sob a fórmula “um país, dois sistemas”, colocada em vigor quando o território retornou à China em 1997, após governo britânico.

A China nega interferência e culpou países ocidentais, incluindo Reino Unido e Estados Unidos , por incentivarem a situação.

Os EUA condenaram na segunda-feira o “uso injustificado de força letal” em Hong Kong e instou a polícia e civis a minimizarem a situação, pedindo também que a China honre seu compromisso com a liberdade de expressão no território.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang, instou o Reino Unido e os EUA a não interferirem.

"Assuntos de Hong Kong são puramente questões internas da China que não permitem interferência estrangeira. Nós instamos os Estados Unidos, Reino Unido e outros países a respeitarem a soberania da China", disse.

Em resposta à condenação americana, o porta-voz também afirmou que o fim da violência é a coisa mais importante em Hong Kong.

Soldados

A China possui 12 mil soldados em Hong Kong que ficam em quartéis desde 1997, mas prometeu esmagar quaisquer tentativas de independência, uma exigência para uma minoria muito pequena de manifestantes.

Geng também disse em entrevista coletiva em Pequim que o governo chinês apoia firmemente a administração de Lam e a polícia de Hong Kong “na aplicação da lei, manutenção da ordem social e proteção da segurança de cidadãos”.

O porta-voz do escritório chinês para Assuntos de Hong Kong e Macau, Yang Guang, disse que a China condena o ataque incendiário a um manifestante. Ele exigiu que o responsável seja preso o mais rápido possível.

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