No último domingo, 10, milhões de estudantes participaram da última etapa do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que passará por uma série de mudanças nos próximos anos, entre elas, passará a ser aplicado por computador e terá que ser reformulado para avaliar estudantes de um novo modelo de ensino médio. Mesmo assim, de acordo com especialistas, o Enem não perderá força, e continuará sendo porta de entrada para o ensino superior do Brasil e de universidades estrangeiras.
Diante de algumas incertezas, o presidente da Associação Brasileira de Avaliação Educacional (Abave) e integrante do Conselho Nacional de Educação (CNE), Joaquim Soares Neto. Diz que mesmo com as mudanças estruturais não vê dificuldade conceitual. Para ele, tudo é questão de adaptação que, em breve, todas as instituições estarão adaptadas à nova estrutura do ensino médio e como consequência, ao exame. No entendimento dele, o Enem é um instrumento muito poderoso e a juventude vê o Enem como excelente caminho em busca de vaga em instituição de ensino superior no Brasil e no exterior.
O ensino médio, deverá, de acordo com lei promulgada em 2017, passar por mudanças. Os estudantes de todo o país passarão a ter uma parte do conteúdo comum a todas as escolas e, parte que poderá ser escolhida por eles. As escolas deverão ofertar itinerários formativos em linguagens, ciências da natureza, ciências humanas, matemática e ensino técnico.
O Enem terá então que ser reformulado para melhor avaliar esses estudantes. Confiante, Joaquim Neto, acha que o Enem vai se adaptar à questão do itinerário formativo e um desafio para ele. Ele lembra que algumas propostas foram feitas em gestões anteriores, de que a prova avaliasse apenas a parte comum do currículo ou mesmo que um dia avaliasse a parte comum e o outro, o itinerário escolhido pelo estudante. Ainda não há uma definição, mas há a sinalização, por parte da atual gestão do Ministério da Educação (MEC), de que haverá vários modelos de prova.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) não revela quantas questões há nesse banco. Segundo Fernandes, tanto para possibilitar a elaboração de várias versões de prova quanto para viabilizar o Enem digital, esse banco precisa crescer e ter de 20 a 30 mil itens e gente fazendo isso a todo tempo. Fernandes presidia o Inep quando o Enem foi reformulado, em 2009, para se tornar hoje porta de entrada para o ensino superior. Até então, a prova criada em 1998 servia para avaliar o ensino médio. Ele acha, entretanto, que, atualmente, ninguém mais pensaria em voltar atrás.
Para evitar fraudes e vazamentos, como o que ocorreu em 2009, na primeira aplicação, e levou ao cancelamento e posterior reagendamento da prova, Fernandes defende que é importante que cada aplicação tenha vários modelos de prova. O sistema de elaboração e de correção de provas pela teoria de resposta ao item (TRI) faz com que as provas tenham um mesmo nível e que os estudantes sejam avaliados da mesma forma. Ele defende ainda que o Enem seja aplicado mais de uma vez por ano.
O Enem é hoje uma das principais formas de ingresso no ensino superior. Todas as universidades federais do país usam o Enem de alguma forma, seja como processo seletivo único, seja como uma das formas de admissão. O exame cresceu também entre as universidades privadas.
O Enem é uma prova que coloca todos os alunos na mesma régua, segundo a Associação Nacional das Universidades Particulares A Anup reúne atualmente 247 instituições de ensino particulares associadas com mais de 2 milhões de alunos de graduação. Vale lembrar que os alunos com notas superiores no Enem geralmente são aceitos com bolsas de estudos, muitas vezes integrais, e são disputados pelas particulares. Porque a correlação entre um Enem alto e um aluno proativo, inteligente, capacitado é muito relevante.
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