Fora da prisão

Lula ataca PF, Moro, Lava Jato e Judiciário e chama Bolsonaro de mentiroso

Ex-presidente citou "o lado mentiroso da PF que fez inquérito contra mim, o lado canalha do MP e da força-tarefa"

Gilberto Léda

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
(Lula)

Durante o primeiro discurso após ser libertado, o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que a sua prisão foi resultado de um "lado podre" do Estado brasileiro, "da Justiça, do Ministério Público, da Polícia Federal e da Receita Federal", que, segundo o presidente, "trabalhou para tentar criminalizar a esquerda, o PT e o Lula". "O lado mentiroso da PF que fez inquérito contra mim, o lado canalha do MP e da força-tarefa."

"Se pegar o (Deltan) Dallagnol (chefe da força-tarefa do Ministério Público Federal em Curitiba), o (Sergio) Moro (ex-juiz da Lava Jato) e alguns delegados, enfia e bate num liquidificador. O que sobrar não é dez por cento da honestidade que eu represento nesse País. Eles têm que saber que caráter e dignidade não é uma coisa que a gente compra em shopping center, em feira ou no bar", discursou o presidente.

"O Moro tem que saber uma coisa: não prenderam um homem. Tentaram matar uma ideia, mas uma ideia não desaparece", disse Lula, retomando as ideias da sua fala no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC logo antes de ser preso em abril de 2018.

O presidente também fez críticas a veículos de imprensa. "Eu quero lutar para provar que se existe uma quadrilha e um bando de mafioso é essa maracutaia, liderada pela Rede Globo." Lula ainda afirmou que "não tem mágoas" nem dos policiais federais, nem dos carcereiros.

Dimensão – Logo após sair deixar a prisão, o ex-presidente havia dito que não chegou a pensar que poderia estar fora do cárcere na sexta-feira, 8.

"Não tenho dimensão do significado de eu estar aqui junto de vocês. A vida inteira estive conversando com o povo brasileiro, eu não pensei que no dia de hoje, eu poderia estar aqui conversando com homens e mulheres que durante 580 dias ficaram aqui", afirmou Lula a manifestantes que se aglomeraram na sede da Polícia Federal. "Todo santo dia, vocês eram o alimento da democracia que eu precisava para resistir".

A ordem de soltura do petista foi dada, às 16h15, pelo juiz Danilo Pereira Júnior, da 12ª Vara Federal de Curitiba, menos de 24 horas depois de o Supremo Tribunal Federal declarar inconstitucional a prisão após condenação em segunda instância - caso de Lula.

Repercussão – Nas redes sociais, foi grande a repercussão do caso. O Twitter brasileiro, por exemplo, foi tomado por publicações que repercutem a liberdade do petista. Parlamentares da situação, de centro e da oposição também se engajaram no tema

"A liberdade de Lula repara apenas parte da trama para tirá-lo do páreo em 2018. Condenado sem provas por um conluio, a justiça só será restabelecida com a anulação da sentença por parcialidade do juiz", escreveu o senador Renan Calheiros (MDB-AL), um dos parlamentares mais críticos da operação Lava Jato.

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) também comemorou a saída do ex-presidente da prisão: "emoção por Lula, pela democracia e pelo Brasil. Gratidão pelas pessoas que ficaram em vigília cada dia desta injusta prisão. A verdade sobre o processo falso de Moro foi desmascarada pela #VazaJato por jornalistas livres. Temos um país pelo qual lutar. Um povo para amar".

Deputados da ala antipetista criticaram o ex-presidente e também o Supremo Tribunal Federal (STF). A liberdade a Lula foi concedida a partir da decisão do plenário da Corte, tomada nesta quinta-feira, 7, de que condenados pela Justiça só poder cumprir pena após seus processos transitarem em julgado, alterando a jurisprudência que levou Lula e outros condenados da Lava Jato à prisão.

"Lula sai da cadeia, discursa e ataca o que chama de 'lado podre' da PF, MPF, PF e judiciário, referindo-se à Lava Jato. É o coice na cara do brasileiro consumado. Valeu STF!", provocou a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP). A deputada Dayane Pimentel (PSL-BA) disse que Lula terá de enfrentar "uma política com uma renovação estrondosa no Congresso Nacional" que mostrará a "Lula e sua corja o que é patriotismo e compromisso com a população: leis, manifestações, discursos, reflexões... Lula, você ouviu falar de nós, agora vai ter que nos enfrentar", publicou.

Kim Kataguiri (DEM-SP), criticou o PT pela militância contra o fim da prisão após condenação em segunda instância: "Cunha livre, Eduardo Azeredo livre e Sérgio Cabral livre. Parabéns, petistada, soltaram o ladrão de vocês (que não vai servir de nada porque está com os direitos políticos cassados) e ainda fizeram a alegria dos corruptos dos outros partidos. Golaço!"

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