Saúde e Bem-estar

23 milhões de brasileiros têm algum transtorno mental

Transtornos como depressão, ansiedade e bipolaridade não acontecem apenas no Setembro Amarelo, ocorrem durante todo o ano e assombram 12% da população brasileira

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Paciente  precisa buscar atendimento especializado
Paciente precisa buscar atendimento especializado (depressão)

Curitiba - O Setembro Amarelo acabou, já se foi o Outubro Rosa e agora chegou o Novembro Azul, mas a depressão, o suicídio e vários transtornos mentais ainda persistem e não devem ser esquecidos durante os outros meses do ano. Dados recentes divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que 23 milhões de brasileiros, ou seja, 12% da população, apresentam sintomas de transtornos mentais.

Ainda de acordo com a pesquisa, ao menos 5 milhões, 3% dos cidadãos, sofrem com transtornos mentais graves e persistentes. A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2013 estimou que 7,6% (11,2 milhões) das pessoas de 18 anos ou mais de idade receberam diagnóstico de depressão por profissional de saúde mental. Mas, não é só a depressão que atinge os brasileiros, transtornos como ansiedade, bipolaridade e esquizofrenia também estão no topo da lista das doenças mais recorrentes.

O número de casos tende a aumentar em áreas urbanas, e também em mulheres, que representam dois terços dos diagnósticos para depressão, por exemplo. Por isso, é importante conscientizar todos, tanto os pacientes quanto quem convive com essas pessoas. Segundo Aier Adriano Costa, coordenador médico da Docway, as doenças psicológicas não são levadas a sério porque não são facilmente visíveis, como um osso quebrado por exemplo, apesar de serem doenças comuns e estrarem presentes na vida das pessoas. “Mudar depende da mobilização das pessoas para tentar combater o estigma social, evitar rotular e desqualificar pessoas que tem essas enfermidades e orientar já é um bom começo e não tem nenhum custo”, explica.

Sinais
Existem, de acordo com o médico, vários sinais e sintomas que podem identificar uma pessoa que não está com uma boa saúde mental, por exemplo: tristeza ou irritabilidade exacerbada, confusão, desorientação, apatia e perda de interesse, preocupações excessivas, raiva, hostilidade, violência, medo ou paranoia, problemas em lidar com emoções, dificuldade de concentração, dificuldade de lidar com responsabilidades, reclusão ou isolamento social, problemas para dormir, delírios ou alucinações, ideias grandiosas ou fora da realidade, abuso de drogas ou álcool, pensamentos ou planos suicidas.

Especialistas
Para ajudar, inicialmente, é bom estimular o paciente a buscar atendimento especializado com um médico, psicólogo ou um psiquiatra. De acordo com o Aier, é sempre importante criar um ambiente adequado para que a pessoa que está em tratamento se sinta segura para poder compartilhar seus problemas e aceitar ajudar especializada. Outra dica importante é criar uma rede de apoio, com amigos e familiares, para entender e participar ativamente do processo de terapia. Existem, além disso, diversos outros grupos de apoio que podem auxiliar auxiliam no tratamento. A grande maioria das doenças psiquiátricas tem tratamento eficiente quando diagnosticada de maneira correta, além dos tratamentos estarem em constante melhora e evolução. “Cabe a todos nós, como sociedade, ajudar para o fim da discriminação e preconceito que estão presentes nas pessoas que tem pouco conhecimento sobre o assunto”, conclui o médico.

SAIBA MAIS

BIPOLARIDADE

O que é Transtorno Bipolar?
Como o nome já diz, “bipolar” vem de”bi” porque são dois estágios e “polar”, porque vai de um polo a outro, isto é, duas extremidades. Portanto, existe a extremidade da mania e a extremidade da depressão. Portanto, essas são as famosas oscilações de humor que uma pessoa bipolar enfrenta.
Fase da mania
Na fase maníaca, a pessoa fica extremamente eufórica, autoconfiante, impulsiva e/ou irritada e sem um motivo aparente. Esse período de humor pode durar dias, semanas ou até meses.
Dessa forma, o estágio eufórico é caracterizado por um entusiasmo exacerbado, no qual a pessoa fala muito, procura muitas atividades para fazer, tem muitos pensamentos, mas pouco foco.
O transtorno bipolar faz com que o paciente reaja de forma inesperada e intensa a alguns estímulos. E isso é o que difere a doença de outros problemas pontuais, segundo o médico. Estas atitudes exageradas de quem sofre do transtorno podem levar a situações vergonhosas ou até arriscadas.
No aspecto eufórico existe essa inflação, tudo é grande, intenso, especial. Assim como um torcedor pode extrapolar a emoção comemorando a vitória de um título.

Principais características do transtorno:
- Autonomia do humor: o paciente sofre variações de humor que não estão adequados ao momento em que vive ou ao estímulo que sofre;
- Instabilidade: picos de euforia podem alternar com tristeza e ansiedade ou medo;
- Excessos: o paciente extrapola as emoções e pode ter excessos comportamentais como vício em jogos, drogas, sexo, compras;
- Exposição: pessoas bipolares acabam se expondo a riscos ou situações desagradáveis;
- Impulsividade: é comum em pessoas que sofrem da doença agir por impulso.

Aspectos que diferem da depressão
Quando um bipolar está com o humor em baixa, é comum apresentar sintomas de depressão como a falta de vontade de fazer as coisas. Porém, quando alguém sofre de depressão, não apresenta forte euforia, impulsividade e irritabilidade, apenas tensão, ansiedade e tristeza.
- Algumas pessoas confundem, pois a ansiedade e a tensão são os sentimentos mais comuns ao longo da vida de pacientes que sofrem de transtorno bipolar.
A bipolaridade pode se manifestar depois de muitos anos e não só com mudanças bruscas de humor, que podem ocorrer em um mesmo dia. Somente a avaliação de um profissional especializado pode diagnosticar o problema.
- Essa bipolaridade muitas vezes não é identificada de forma correta, e o tratamento com anti depressivos induz uma virada de humor, para o lado da euforia - explica o psiquiatra.

Como é feito o diagnóstico?
- A avaliação clínica é feita com o paciente em familiar.
- Alguns indicadores: temperamento mais forte ou dinâmico, excessos comportamentais, irritabilidade e histórico na família de excessos ou transtorno bipolar.

Tratamento
- Medicamentos estabilizadores de humor.
- Psicoterapia e reeducação de hábitos como exercícios físicos e rotinas pré-definidas para regular o comportamento.

DEPRESSÃO

O que é depressão?
A depressão é um problema médico grave e altamente prevalente na população em geral. De acordo com estudo epidemiológico a prevalência de depressão ao longo da vida no Brasil está em torno de 15,5%. Segundo a OMS, a prevalência de depressão na rede de atenção primária de saúde é 10,4%, isoladamente ou associada a um transtorno físico.
De acordo com a OMS, a depressão situa-se em 4º lugar entre as principais causas de ônus, respondendo por 4,4% dos ônus acarretados por todas as doenças durante a vida. Ocupa 1º lugar quando considerado o tempo vivido com incapacitação ao longo da vida (11,9%).
A época comum do aparecimento é o final da 3ª década da vida, mas pode começar em qualquer idade. Estudos mostram prevalência ao longo da vida em até 20% nas mulheres e 12% para os homens.

Causas da depressão?
Genética: estudos com famílias, gêmeos e adotados indicam a existência de um componente genético. Estima-se que esse componente represente 40% da suscetibilidade para desenvolver depressão;
Bioquímica cerebral: há evidencias de deficiência de substancias cerebrais, chamadas neurotransmissores. São eles Noradrenalina, Serotonina e Dopamina que estão envolvidos na regulação da atividade motora, do apetite, do sono e do humor;
Eventos vitais: eventos estressantes podem desencadear episódios depressivos naqueles que tem uma predisposição genética a desenvolver a doença.

Fatores de risco que podem contribuir para o desenvolvimento da depressão:
Histórico familiar;
Transtornos psiquiátricos correlatos;
Estresse crônico;
Ansiedade crônica;
Disfunções hormonais;
Dependência de álcool e drogas ilícitas;
Traumas psicológicos;
Doenças cardiovasculares, endocrinológicas, neurológicas, neoplasias entre outras;
Conflitos conjugais;
Mudança brusca de condições financeiras e desemprego.

Sintomas da depressão
Humor depressivo: sensação de tristeza, autodesvalorização e sentimento de culpa. Acreditam que perderam, de forma irreversível, a capacidade de sentir prazer ou alegria. Tudo parece vazio, o mundo é visto sem cores, sem matizes de alegria. Muitos se mostram mais apáticos do que tristes, referindo “sentimento de falta de sentimento”. Julgam-se um peso para os familiares e amigos, invocam a morte como forma de alívio para si e familiares. Fazem avaliação negativa acerca de si mesmo, do mundo e do futuro Percebem as dificuldades como intransponíveis, tendo o desejo de por fim a um estado penoso. Os pensamentos suicidas variam desde o desejo de estar morto até planos detalhados de se matar. Esses pensamentos devem ser sistematicamente investigados;
Retardo motor, falta de energia, preguiça ou cansaço excessivo, lentificação do pensamento, falta de concentração, queixas de falta de memória, de vontade e de iniciativa;
Insônia ou sonolência. A insônia geralmente é intermediária ou terminal. A sonolência está mais associada à depressão chamada Atípica;
Apetite: geralmente diminuído, podendo ocorrer em algumas formas de depressão aumento do apetite, com maior interesse por carbohidratos e doces;
Redução do interesse sexual;
Dores e sintomas físicos difusos como mal estar, cansaço, queixas digestivas, dor no peito, taquicardia, sudorese.

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