Prova

Primeiro dia do Enem é marcado por correria e congestionamentos na Ilha

Na Universidade Ceuma, no Renascença, um candidato chegou atrasado por causa de engarrafamento no Turu; vendedores ambulantes disputavam participantes do Enem, para oferecer seus produtos, como água e canetas

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22

Neste domingo, 3, foi realizada a primeira etapa do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), com aplicação de provas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Redação e Ciências Humanas. Na Região Metropolitana de São Luís, houve muita correria. Muitos candidatos chegaram atrasados e encontraram portões fechados. Em vários pontos da Ilha, ocorreram engarrafamentos por causa do exame.
Como previsto pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação (MEC), os portões foram fechados pontualmente, em todo o Brasil, às 13h, pelo horário de Brasília. Mesmo assim, a correria típica dos candidatos nos locais de prova aconteceu. Na Universidade Ceuma, campus Renascença, um rapaz, que não quis se identificar, chegou ao prédio universitário dois minutos após o tempo de espera para entrada dos participantes.
Segundo ele, o atraso aconteceu em decorrência de um congestionamento na Avenida São Luís Rei de França, no Turu. “Moro no Parque Vitória, em São José de Ribamar e é longe. Por isso, saí antes das 11h de casa. Não imaginava que enfrentaria um engarrafamento tão grande. Dentro do ônibus, já comecei a ficar nervoso, pois pensei que não daria tempo. E foi o que aconteceu, infelizmente”, comentou.
O jovem ainda tentou entrar, pedindo a abertura do portão ao vigilante e a policiais militares que faziam a segurança do campus, mas não obteve êxito porque as regras do MEC são rígidas com relação aos horários. Outras quatro pessoas - dois rapazes e duas garotas - chegaram à Universidade Ceuma, faltando apenas dois minutos para o fechamento do portão. Um dos garotos ainda teve tempo de comprar uma caneta preta, antes de passar pela área de catracas, das mãos de um vendedor que, ao ver o desespero dele, se aproximou para faturar.
Na entrada do prédio universitário, formou-se uma espécie de “corredor”, cujas pessoas gritavam e incentivam os “atrasados” para correrem mais rápido. Os que conseguiam ainda entrar eram aplaudidos pelo grupo.

Confiança
O sonho de fazer faculdade é um incentivador para quem se prepara durante o ano, conforme a rotina de estudos. Algumas pessoas ainda não se decidiram qual curso seguir. Outras já fizeram a prova do Enem tão convictas, que já até se projetaram em uma profissão. Silas Eduardo, de 22 anos, fez o exame pela terceira vez. O objetivo dele é entrar no curso de Publicidade e Propaganda.
“Estudei o tempo necessário para passar. Não cheguei ao extremo de passar madrugadas e madrugadas sem dormir, com a cara nos livros. Mas, também não relaxei a ponto de estudar pouco. A gente tem de ter esse cuidado, porque, nessa angústia, podemos ficar doentes, tanto fisicamente como emocionalmente. Então, acredito que minha rotina foi boa. Agora, é esperar a próxima etapa, no próximo domingo”, declarou o candidato.

Venda de produtos
Nas entradas de todos os locais de prova, havia vários vendedores ambulantes. Produtos diversos, como chicletes, biscoitos, sucão, água, frutas e refrigerantes eram oferecidos aos candidatos. A caneta preta, já que a azul não foi permitida para a realização do Enem, foi o objeto mais comercializado na porta dos prédios. Até barracas improvisadas de churrasquinho, batata frita e cachorro-quente foram instaladas nas calçadas.
José Ribamar Soares vendeu, na entrada da Universidade Ceuma, no Renascença, garrafas de “água milagrosa”, para dar sorte aos candidatos. “É água benta. Ela foi benzida antes de eu sair de casa. A cada garrafa vendida, eu pedia aos jovens que também fizessem o Sinal da Cruz antes do início da prova, para que tivessem a proteção divina”, revelou o ambulante.
Perto dele, os demais vendedores disputaram em vozes para persuadir os candidatos com relação à venda dos produtos. Os evangélicos Kerolay Franklin, Rafael Rocha, Laira Tereza e Alex Christhian, da Igreja Batista do Calhau, comercializaram água mineral, com o intuito de arrecadar dinheiro para um retiro que ocorrerá no próximo ano, no período do Carnaval.
“A gente chegou aqui com uma média de 350 garrafas. Iremos vender todas, porque só faltam cinco. Também estamos com outra equipe da igreja na porta da UNDB”, observou Kerolay Franklin.

Engarrafamentos
Reclamação recorrente de quem saiu de casa para fazer a prova do Enem foram os tradicionais engarrafamentos. Até mesmo as pessoas que partiram cedo de suas residências enfrentaram dificuldades na mobilidade. Houve congestionamentos em trechos como Avenida São Luís Rei de França, Avenida dos Portugueses e Avenida Jerônimo de Albuquerque.
“Ali na Jerônimo de Albuquerque, da Cohab-Anil até a altura do Hospital São Domingos, estava horrível. Ficou travado. Eu estava de Uber, mas era o mesmo como se estivesse de ônibus. Todo mundo ficou parado”, comentou João Dias, que chegou ao seu local de prova por volta das 11h30.

Redação
“Democratização do acesso ao cinema do Brasil”. Este foi o tema da redação do Enem 2019. Segundo as regras do Inep, o texto deveria ter até 30 linhas. A nota zero seria dada a quem escrevesse com menos de 7 linhas. E, também, para o candidato que fugisse totalmente ao tema, não obedecesse à estrutura dissertativo-argumentativa, preenchesse seu nome fora do local devidamente designado para a assinatura do participante ou fizesse seu texto integralmente ou predominantemente em língua estrangeira.

No ano passado, ainda na gestão de Michel Temer (MDB), o tema da redação do Enem foi “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados da internet”.

Temas de outros anos

1998: Viver e aprender
1999: Cidadania e participação social
2000: Direitos da criança e do adolescente: como enfrentar esse desafio nacional
2001: Desenvolvimento e preservação ambiental: como conciliar os interesses em conflito?
2002: O direito de votar: como fazer dessa conquista um meio para promover as transformações sociais que o Brasil necessita?
2003: A violência na sociedade brasileira: como mudar as regras desse jogo
2004: Como garantir a liberdade de informação e evitar abusos nos meios de comunicação
2005: O trabalho infantil na sociedade brasileira
2006: O poder de transformação da leitura
2007: O desafio de se conviver com as diferenças
2008: Como preservar a floresta Amazônica: suspender imediatamente o desmatamento; dar incentivo financeiros a proprietários que deixarem de desmatar; ou aumentar a fiscalização e aplicar multas a quem desmatar
2009: O indivíduo frente à ética nacional
2010: O trabalho na construção da dignidade humana
2011: Viver em rede no século 21: os limites entre o público e o privado
2012: Movimento imigratório para o Brasil no século 21
2013: Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil
2014: Publicidade infantil em questão no Brasil
2015: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira
2016: Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil
2017: Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil

SAIBA MAIS

Enem no Maranhão

De acordo com dados do Inep, 218.082 pessoas estavam inscritas para realizar a prova do Enem no Maranhão. Desse total, 34% fariam a prova em São Luís, e 8,3% em Imperatriz. Na região metropolitana, a primeira etapa do exame também ocorreu em Raposa, São José de Ribamar e Paço do Lumiar. E, no interior, em Caxias, Timon, Balsas, Santa Inês, Açailândia, Codó e Pindaré.

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