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Mais canetas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22

Uma música de um morador de Balsas, no Maranhão, fez o maior sucesso nas estações de rádios, canais de televisões e redes sociais nos últimos dias, com o título de Caneta Azul alcançou as paradas musicais em todo o país com a estrofe: “Caneta azul, azul caneta”.

No vídeo viralizado nos grupos de Whatsapp, o humilde compositor canta o hit de uma forma singela e alcança os corações de milhões de brasileiros. Consagrados cantores do gênero sertanejo passaram a cantar a canção em seus shows, alguns acompanhados pelo balsense em pessoa.

Ouvindo a música veio-me a ideia de que o Maranhão precisa de mais canetas, porque precisa de mais educação aos residentes no estado. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) de 2017 divulgada em 18 de maio de 2018, o Maranhão somente perde para Alagoas em percentual de analfabetos no Brasil.

O Maranhão possui 16,7% de analfabetos ocupando o penúltimo lugar, enquanto Alagoas ostenta 18,2%, com o último. Para termos uma noção do que o número representa, a taxa de analfabetismo no Brasil é de 7%, ou seja, o Maranhão tem o percentual de mais do dobro da taxa do país.

Em 2018, havia 851 mil analfabetos no estado. Desses, 396 mil são pessoas idosas com mais de 60 anos. É um número expressivo que se reflete também no eleitorado. Considerando que todas estão em idade do exercício do direito do voto.

O governo do estado, em sua página na internet, declara que conseguiu tirar do analfabetismo mais de 100 mil pessoas nos anos anteriores à divulgação da pesquisa, demonstrando que a situação é grave. De acordo com o portal G1, a Secretaria de Educação teria emitido uma nota esclarecendo que está com o programa “Sim, eu posso”, e que no primeiro ano teria conseguido alfabetizar 14.400 pessoas.

Não é muito diferente quando se fala em taxa de escolarização do ensino superior do Brasil. Segundo o Mapa de Ensino elaborado pelo Sindicato das Mantenedoras, com o percentual de 6,8%, o Maranhão deixa a penúltima posição e passa a ocupar a última.

Na escala da tabela da pesquisa, em pior situação estão os Estados do Maranhão, com 6,8%, seguido do Pará (7,5%), Bahia (9,7%) e Pernambuco (11%). O Distrito Federal, com taxa 33,3%, é a unidade da federação mais bem colocada na taxa de escolarização líquida, logo após vem Santa Catarina (22,3%), Paraná (21,39%) e São Paulo (20,6%).

O sucesso da música leva à conclusão de que o Maranhão precisa urgente de mais canetas em todos os níveis, fundamental, médio e superior. Para isso é preciso investir no desenvolvimento, por meio do empreendedorismo.

Abrir escolas é sempre uma atitude digna de aplausos e elogios, mas é preciso crescer com o desenvolvimento sustentável. Para a redução da evasão escolar, que é alta, há necessidade de motivação dos alunos. Estes precisam ter a perspectiva de o seu estudo ser aproveitado para a melhoria da sua qualidade de vida.

É preciso investir no turismo para que o taxista sinta necessidade de estudar uma língua estrangeira. Levar a tecnologia para o campo, com a mecanização, para o lavrador ter a necessidade de possuir uma carteira de habilitação. Gerar empregos é a melhor maneira de motivar o analfabeto a usar a caneta, não importando se azul, preta ou amarela.

Roberto Veloso

Ex-presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil - Ajufe

@robertoveloso_


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