Apuração

OEA inicia auditoria do resultado da eleição na Bolívia

Trabalho está sendo realizado por 30 especialistas de diversos países; intenção é verificar se houve fraude em favor do atual presidente, Evo Morales

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
A vitória de Evo Morales no primeiro turno das eleições provocou protestos
A vitória de Evo Morales no primeiro turno das eleições provocou protestos (Protesto na Bolivia)

MONTEVIDÉU - Uma missão de especialistas da Organização dos Estados Americanos (OEA) começou ontem, 31, uma auditoria do resultado da eleição para presidente da República na Bolívia. A auditoria, realizada por 30 especialistas de diversos países, deve levar, no máximo, 12 dias para ser concluída. A intenção é verificar se houve manipulação de dados e fraude em favor do partido Movimento ao Socialismo (MAS), do atual presidente Evo Morales.

Na quarta-feira, 30, 10 dias após as eleições e nove dias de protestos em todo o país, com dois mortos e cerca de 160 feridos, o governo da Bolívia e a OEA fecharam um acordo para a realização da auditoria da votação realizada no dia 20 de outubro. A oposição, liderada pelo candidato Carlos Mesa, principal opositor de Evo Morales nas eleições, não reconhece a medida, e afirma que os termos foram definidos unilateralmente, sem a presença de representantes da oposição e da sociedade civil.

“A auditoria acordada entre a OEA e o candidato do MAS não consultou o país nem nossas condições, principalmente as de ignorar os resultados dos cálculos feitos pelo TSE (Tribunal Supremo Eleitoral) e a participação necessária de representantes da sociedade civil no processo. Não aceitamos a auditoria nos termos atuais, acordados unilateralmente”, disse o comunicado do partido Comunidade Cristã.

O governo boliviano, em comunicado transmitido pelo ministro da Comunicação, Manuel Canelas, pediu 30) a Carlos Mesa, do partido Comunidade Cidadã (CC), para expor as condições necessárias para que acate o processo de auditoria. “Nós pedimos à Comunidade Cidadã, pedimos ao senhor Carlos Mesa, que nos enviem quais são as condições para acompanhar e apoiar o processo de auditoria", disse Canelas.

"Estamos abertos na medida em que queremos encontrar soluções, estamos confiantes de que eles nos enviarão suas condições", acrescentou.

O chanceler boliviano, Diego Pary, disse que a auditoria permitirá sanar qualquer dúvida que possa haver sobre a credibilidade da apuração. “Temos certeza absoluta de que o processo foi desenvolvido com toda a transparência e será a auditoria que finalmente certificará como o processo foi desenvolvido e qual é o resultado deste trabalho”.

Entenda

O sistema de contagem rápida de votos do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) da Bolívia antecipou um segundo turno entre Morales e Mesa na noite das eleições, no dia 20 de outubro. No entanto, após a temporária suspensão das apurações, que suscitou suspeitas e reclamações, o TSE anunciou uma mudança de tendência e finalmente declarou a vitória de Morales no primeiro turno com 47,08% dos votos, contra 36,51% de Mesa.

A lei boliviana atribui a vitória no primeiro turno com mais de 50% dos votos ou com 40% e uma vantagem de 10 pontos percentuais sobre o segundo.


SAIBA MAIS

Nota do Itamaraty

O Itamaraty informou, em nota, que governo brasileiro tem expectativa de que a auditoria do processo eleitoral na Bolívia, iniciada ontem, 31, "produzirá resultados sérios e rigorosos sobre a legitimidade do pleito, de caráter vinculante para as partes envolvidas, com o objetivo de que seja respeitado o soberano desejo do povo boliviano na escolha de seus dirigentes".

A auditoria será feita por uma missão da Organização dos Estados Americanos (OEA), composta de 30 especialistas de diversos países. A missão deve levar, no máximo, 12 dias para concluir seu trabalho. O objetivo é verificar se houve manipulação de dados e fraude em favor do partido Movimento ao Socialismo (MAS), do atual presidente Evo Morales.

No documento, o Itamaraty diz que o Brasil reitera que o governo brasileiro tem acompanhado com preocupação todos os desdobramentos relacionados às eleições gerais da Bolívia, realizadas em 20 de outubro . Por isso, acrescenta, o Brasil apoia a realização de “um processo eleitoral democrático, transparente, justo e livre, que honre a vontade soberana do povo boliviano.”

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