Sob suspeita

Bolívia e OEA acertam auditoria da eleição presidencial

Evo Morales foi eleito em primeiro turno após uma apuração de votos que foi interrompida. Organização dos Estados Americanos acompanhou o processo, e agora fará uma auditoria

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Manifestantes tomam as ruas de La Paz para denunciar ''fraude eleitoral''
Manifestantes tomam as ruas de La Paz para denunciar ''fraude eleitoral'' (Reuters)

Legenda

Manifestantes tomam as ruas de La Paz para denunciar 'fraude eleitoral'

LA PAZ - A Bolívia e a Organização dos Estados Americanos (OEA) concordaram ontem, 30, em realizar uma auditoria das eleições presidenciais que deram a vitória ao presidente Evo Morales, informou o ministro das Relações Exteriores, Diego Pary, detalhando o processo que poderá começar hoje, 31.

"Concluímos o trabalho de coordenação, concluímos os acordos a serem assinados entre a Bolívia e a Organização dos Estados Americanos, para que a auditoria abrangente das eleições gerais de 20 de outubro possa ser realizada", afirmou Pary em comunicado à imprensa em La Paz, acrescentando que essa auditoria será "vinculante".

A entidade eleitoral deu a Morales a vitória no primeiro turno com 47,08% dos votos, contra 36,51% do oponente Carlos Mesa, uma vantagem de 10 pontos porcentuais que, segundo a lei, define o vencedor sem necessidade de um segundo turno.

Eleição sob disputa

A eleição ocorreu no dia 20 de outubro. O processo teve uma polêmica que se iniciou por causa dos dois métodos de apuração: um deles, o preliminar, era mais rápido, enquanto o outro, voto a voto, transcorria mais lentamente.

Os resultados dessas duas formas de contar começaram a divergir já no dia da votação. Enquanto a preliminar indicava a reeleição do presidente Evo Morales, a voto a voto apontava a disputa de um segundo turno de Morales contra Carlos Mesa.

A oposição se manifestou – houve acusações de fraude e protestos nas ruas. A Organização dos Estados Americanos publicou um documento em que qualificava a mudança de tendência inexplicável.

A divulgação da apuração preliminar foi suspensa, e apenas a voto a voto continuou a ser divulgada.

Contagens paralelas

O ministro das Comunicações, Manuel Canelas, admitiu que o órgão eleitoral errou ao não deixar claro que havia duas contagens paralelas e explicou que a contagem preliminar tinha sido paralisada quando foi notado que havia uma confusão.

O vice-presidente do Tribunal Supremo Eleitoral, Antonio Costas, pediu demissão e afirmou que não tinha participado da decisão de interromper o serviço de apuração preliminar.

Ainda com um impasse nos resultados, os protestos cresceram, e Mesa convocou seus apoiadores a manterem uma mobilização constante até que se declare o segundo turno oficialmente.

Ao mesmo tempo, Evo dizia que venceu no primeiro turno e, mesmo antes do encerramento da apuração, repetia ter ganhado “graças ao voto rural”. Na véspera, ele havia falado que a Bolívia "está em processo um golpe de estado", em aparente referência aos protestos e à greve indefinida anunciados no país. Ele também afirmou que o país estava em estado de emergência e "em mobilização pacífica, constitucional e permanente".

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