LÍBANO - O primeiro-ministro do Líbano, Saad Hariri, afirmou ontem,29, que vai submeter a renúncia de seu governo ao presidente Michel Aoun em respostas aos protestos que o país enfrenta há duas semanas.
“Por 13 dias, o povo libanês esperou por uma decisão para uma solução política que iria parar a deterioração. Tentei, nesse período, encontrar uma saída, ouvir a voz do povo e proteger o povo de perigos econômicos, de segurança e sociais. Hoje, não vou esconder, cheguei ao fim da linha", afirmou.
"É a hora de darmos um grande choque resolver a crise", disse Hariri. Em seguida, ele afirmou que iria apresentar o pedido de renúncia ao presidente Michel Aoun.
Manifestações contra o governo têm acontecido por todo o país. Hariri pediu para que os libaneses protejam a paz civil.
O movimento nas ruas foi iniciado no dia 17 de outubro, após o anúncio de uma tarifa para as ligações feitas pelo aplicativo de mensagens WhatsApp. A medida foi cancelada pela pressão dos atos.
A irritação dos libaneses foi então canalizada para a situação econômica e política em geral. No país, mais de 25% da população vive abaixo da linha da pobreza, segundo o Banco Mundial.
De acordo com a agência Associated Press, centenas de apoiadores do Hizbolah, um movimento político e religioso xiita, atacaram, com bastões, o principal acampamento dos manifestantes mais cedo nesta terça-feira (29).
Eles destruíram barracas, quebraram cadeiras e perseguiram protestantes. A polícia não conseguiu impedir o ataque.
País paralisado
O mal-estar da população explodiu em 17 de outubro, após o anúncio de um imposto sobre as ligações feitas pelo aplicativo WhatsApp. O rápido cancelamento da medida não impediu que os protestos em todo o país continuassem.
Bancos, escolas e universidades ficaram fechados por dias. Com a aproximação do fim do mês, alguns trabalhadores corriam o risco de não receber os salários.
A "Ode à Alegria" de Beethoven, com uma letra adaptada para o árabe, passou a ser cantada por todo o país, assim como o hino nacional.
Exército se recusou a reprimir
A prioridade das autoridades passou a ser acabar com os bloqueios para que o país voltasse a produzir. Mas o exército, ao mesmo tempo em que se disse neutro, anunciou que não aceitaria o uso da força contra os manifestantes.
No sábado à noite aconteceram breves confrontos com o exército na região de Trípoli, que deixaram sete feridos, mas desde então não foi registrado nenhum outro incidente do tipo.
Durante os protestos, os militantes pró-Irã do Hezbollah abandonaram as manifestações, seguindo as ordens de seu líder, Hassan Nasrallah. Eles também rejeitaram o pedido popular de renúncia do governo.
Então, o cenário político travou: os principais ministros, inclusive os mais criticados nas ruas, se negaram a ser sacrificados numa reforma ministerial.
O país ainda sofre uma escassez crônica de energia elétrica, água e serviços médicos básicos há 30 anos, desde o fim da guerra civil (1975-1990).
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