SANTIAGO - O presidente do Chile, Sebastian Piñera, substituiu oito ministros do país ontem,28, incluindo os do Interior e das Finanças, em uma reforma ministerial que visa a amenizar a maior crise política desde o retorno da democracia ao país, em 1990.
Ontem, Piñera demitiu o ministro do Interior, Andres Chadwick, seu primo e conselheiro de longa data. O político direitista recebeu críticas na semana passada ao chamar os manifestantes de criminosos. O presidente, então, o trocou por Gonzalo Blumel, que até agora comandava o ministério encarregado das relações do governo com o Congresso.
Piñera também nomeou Ignacio Briones, um professor de economia, para substituir o então ministro das Finanças, Felipe Larraín.
Na semana passada, os protestos já haviam levado Piñera – um bilionário de centro-direita que derrotou a oposição de esquerda nas eleições de 2017 – a prometer mudanças favoráveis aos trabalhadores. Ele garantiu aumentar o salário mínimo e as aposentadorias, diminuir os preços dos remédios e do transporte público, além de estabelecer um seguro de saúde adequado.
"O Chile mudou, e o governo deve mudar com ele para enfrentar esses novos desafios", disse Piñera em um discurso televisionado do palácio presidencial de La Moneda.
O país vem enfrentando uma semana de tumultos, incêndios criminosos e protestos contra a desigualdade, que deixaram pelo menos 20 mortos, segundo a imprensa local. Milhares foram presos, e as empresas chilenas perderam US$1,4 bilhão.
Estado de emergência
A popularidade de Piñera alcançou o nível mais baixo desde o início do seu mandato, enquanto os chilenos estão convocando, via mídias sociais, mais protestos nesta semana. A Organização das Nações Unidas (ONU) enviará equipe para investigar supostas violações dos direitos humanos ao país.
O Chile, maior produtor mundial de cobre, há muito se orgulha de ser uma das economias mais prósperas e estáveis da América Latina, com baixos níveis de pobreza e desemprego. Porém, a desigualdade e o crescente custo de vida têm mobilizado a população.
Apesar do anúncio, houve novas manifestações nesta segunda-feira. Na capital Santiago, manifestantes e forças de segurança entraram em confronto.
Mudança de tom
Uma pesquisa da Cadem (Instituto de pesquisas do país) publicada no domingo mostrou que 80% dos chilenos não consideraram as propostas de Piñera adequadas, o que foi reconhecido pelo presidente em discurso nesta segunda-feira.
"Sabemos que essas medidas não resolvem todos os problemas, mas são um primeiro passo importante", afirmou Piñera.
A mesma pesquisa mostrou que o apoio a Piñera caiu para apenas 14%, o mais baixo índice de aprovação de um presidente chileno desde o retorno do país à democracia, três décadas atrás.
Os manifestantes não têm nenhum líder ou porta-voz. Os partidos de oposição divididos do Chile apoiaram os protestos, mas não os lideraram.
Na sexta-feira passada, 1 milhão de chilenos de todas as classes marcharam pelo centro de Santiago, no que foi o maior protesto desde o retorno à democracia do país, em 1990, exigindo uma mudança no modelo social e econômico.
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