Manifestações

Piñera troca ministros e tenta conter onda de protestos no Chile

Após nove dias, país saiu do estado de emergência ontem,29. Piñera demitiu o ministro do Interior, Andres Chadwick, seu primo e conselheiro de longa data

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Sebastián Piñera discursa para anunciar mudança no gabinete de ministros do Chile
Sebastián Piñera discursa para anunciar mudança no gabinete de ministros do Chile (Reuters)

SANTIAGO - O presidente do Chile, Sebastian Piñera, substituiu oito ministros do país ontem,28, incluindo os do Interior e das Finanças, em uma reforma ministerial que visa a amenizar a maior crise política desde o retorno da democracia ao país, em 1990.

Ontem, Piñera demitiu o ministro do Interior, Andres Chadwick, seu primo e conselheiro de longa data. O político direitista recebeu críticas na semana passada ao chamar os manifestantes de criminosos. O presidente, então, o trocou por Gonzalo Blumel, que até agora comandava o ministério encarregado das relações do governo com o Congresso.

Piñera também nomeou Ignacio Briones, um professor de economia, para substituir o então ministro das Finanças, Felipe Larraín.

Na semana passada, os protestos já haviam levado Piñera – um bilionário de centro-direita que derrotou a oposição de esquerda nas eleições de 2017 – a prometer mudanças favoráveis ​​aos trabalhadores. Ele garantiu aumentar o salário mínimo e as aposentadorias, diminuir os preços dos remédios e do transporte público, além de estabelecer um seguro de saúde adequado.

"O Chile mudou, e o governo deve mudar com ele para enfrentar esses novos desafios", disse Piñera em um discurso televisionado do palácio presidencial de La Moneda.

O país vem enfrentando uma semana de tumultos, incêndios criminosos e protestos contra a desigualdade, que deixaram pelo menos 20 mortos, segundo a imprensa local. Milhares foram presos, e as empresas chilenas perderam US$1,4 bilhão.

Estado de emergência

A popularidade de Piñera alcançou o nível mais baixo desde o início do seu mandato, enquanto os chilenos estão convocando, via mídias sociais, mais protestos nesta semana. A Organização das Nações Unidas (ONU) enviará equipe para investigar supostas violações dos direitos humanos ao país.

O Chile, maior produtor mundial de cobre, há muito se orgulha de ser uma das economias mais prósperas e estáveis da América Latina, com baixos níveis de pobreza e desemprego. Porém, a desigualdade e o crescente custo de vida têm mobilizado a população.

Apesar do anúncio, houve novas manifestações nesta segunda-feira. Na capital Santiago, manifestantes e forças de segurança entraram em confronto.

Mudança de tom

Uma pesquisa da Cadem (Instituto de pesquisas do país) publicada no domingo mostrou que 80% dos chilenos não consideraram as propostas de Piñera adequadas, o que foi reconhecido pelo presidente em discurso nesta segunda-feira.

"Sabemos que essas medidas não resolvem todos os problemas, mas são um primeiro passo importante", afirmou Piñera.

A mesma pesquisa mostrou que o apoio a Piñera caiu para apenas 14%, o mais baixo índice de aprovação de um presidente chileno desde o retorno do país à democracia, três décadas atrás.

Os manifestantes não têm nenhum líder ou porta-voz. Os partidos de oposição divididos do Chile apoiaram os protestos, mas não os lideraram.

Na sexta-feira passada, 1 milhão de chilenos de todas as classes marcharam pelo centro de Santiago, no que foi o maior protesto desde o retorno à democracia do país, em 1990, exigindo uma mudança no modelo social e econômico.

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