Amazônia

Vaticano: Dino critica demora de Bolsonaro em tratar crise ambiental

Em encontro de governadores da Amazônia Legal, o governador do Maranhão disse que "padrão negacionista" do governo Bolsonaro agrava o problema ambiental que o Brasil vem passando desde as queimadas na floresta amazônica

Gilberto Léda/Da Editoria de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Flávio Dino criticou Governo Federal em encontro dos governadores da Amazônia Legal no Vaticano
Flávio Dino criticou Governo Federal em encontro dos governadores da Amazônia Legal no Vaticano (Flávio Dino)

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), centrou seu discurso no encontro de governadores da Amazônia no Vaticano, ontem, em críticas à política ambiental do governo Jair Bolsonaro (PSL).

Além do comunista, participaram do evento outros quatro governadores da Amazônia Legal: Wilson Lima (PSC-AM) Helder Barbalho (MDB-PA), Waldez Góes (PDT-AP) e Gladson Cameli (PP-AC). O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), também esteve em Roma para a reunião, que discute com religiosos e cientistas formas de preservar a floresta.

O encontro foi uma espécie de extensão do Sínodo da Amazônia, que terminou no domingo, 27, e é resultado de uma articulação entre o Consórcio de Governadores da Amazônia brasileira, da Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (SDSN-A) e da Pontifícia Academia das Ciências do Vaticano e aconteceu durante todo o dia de ontem.

Na sua fala, Dino não se limitou a tratar da Amazônia. Condenou, também, o que chamou de “padrão negacionista de abordagem do problema” ao se referir ao desastre de derramamento de óleo em praias do Nordeste.

“Há sim [uma crise ambiental, na humanidade] e, lamentavelmente, o Brasil nesse ano ofereceu duas provas quanto à pujança, a força, dessa crise ambiental, uma vez que, no primeiro momento tivemos o enfrentamento da temática das queimadas na Amazônia, que, de fato, desbordaram dos padrões, por outro lado, agora estamos atravessando a crise do derramamento de óleo nas praias do Nordeste brasileiro”, destacou.

Segundo ele, essa negação, e a demora para a tomada de atitudes, amplificou o problema.

“Em ambos os casos verificamos um padrão negacionista de abordagem do problema, trazendo um encargo, qual seja: a lentidão no enfrentamento das consequências, em razão de uma excessiva ideologização dessa temática”, completou.

Ausência

Esta não foi a primeira vez que o governador maranhense teceu críticas diretas a Bolsonaro no debate ambiental.

Em agosto, durante reunião de governadores da Amazônia Legal com o presidente em Brasília – e no auge da crise das queimadas na floresta amazônica - o comunista fez um discurso claramente direcionado ao seu opositor.

Na presença do presidente, mas sem citá-lo, Dino criticou os extremismos no debate com a comunidade internacional sobre queimadas na Amazônia e a condenação do trabalho de Organizações Não-Governamentais (ONGs).

Segundo ele, atitudes como essas podem resultar em sanções a produtores brasileiros por outros países. “É preciso moderação”, disse.

Flávio Dino ausentou-se de outras reuniões de governadores

Ativo durante o encontro no Vaticano, o governador Flávio Dino (PCdoB), ausentou-se de, pelo menos duas, reuniões do tipo, com o mesmo grupo de governadores, ainda no Brasil.

Na mais recente, em setembro, mandou o vice-governador, Carlos Brandão (PRB), para uma agenda com embaixadores de Noruega, Alemanha e Reino Unido.

Em agosto, a Noruega, que entre 2009 e 2018 repassou 93,8% dos R$ 3,4 bilhões doados para o Fundo Amazônia, anunciou a suspensão do repasse de R$ 132,6 milhões. A Alemanha também anunciou que suspenderia o repasse de R$ 155 milhões. As medidas foram anunciadas após o aumento do desmatamento e de queimadas na região amazônica, além de mudanças na gestão do fundo.

Antes, Dino já havia enviado o vice ao Pará, para reunião sobre o mesmo tema, enquanto ele ia a São Paulo conceder entrevista ao canal do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) no YouTube.

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