Sínodo da Amazônia

Papa pede desculpas por roubo de estátuas indígenas de igreja em Roma

Imagens foram levadas por ultraconservadores que postaram vídeo na internet assumindo o ato. Eles chamaram os objetos de ''ídolos pagãos'' e as jogaram no Rio Tibre. O Vaticano dizia que estátuas representavam a vida

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Papa Francisco em cerimônia nos jardins do Vaticano realizada com indígenas da Amazônia
Papa Francisco em cerimônia nos jardins do Vaticano realizada com indígenas da Amazônia (Reuters)

VATICANO - No penúltimo dia de sessões do Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia, o Papa Francisco pediu desculpas pelo roubo de estátuas indígenas de madeira que estavam em uma igreja próxima ao Vaticano. "Elas estavam ali sem intenções idolátricas e foram jogadas no [Rio] Tibre", disse, na sexta-feira,25. Ele informou, ainda, que as três imagens iguais foram encontradas inteiras pela polícia italiana.

Ainda não está confirmado se o ícone, que representa uma mulher indígena grávida e nua, será usado na missa de encerramento do Sínodo, neste domingo,27.

"Isso aconteceu em Roma e, como bispo da diocese, eu peço perdão às pessoas que foram ofendidas por esse gesto", acrescentou o Papa.

Um dos títulos do Papa é o de "bispo de Roma". Francisco tem ressaltado esse aspecto durante o seu pontificado, apresentando-se como um bispo local antes mesmo de ser o líder da Igreja Católica.

Militantes católicos ultraconservadores admitiram ter roubado as estátuas, que consideram ser ídolos pagãos da Amazônia, na igreja dos Carmelitas próxima ao Vaticano, na segunda-feira ,21. A irritação de alguns grupos aumentou, especialmente nas redes sociais, depois que as imagens foram usadas em um gesto simbólico nos jardins do Vaticano, com a presença do Papa.

Os autores do furto jogaram as três imagens iguais no Rio Tibre, que fica bem perto dali. O vídeo foi amplamente divulgado por redes de mídia católicas conservadoras.

O ato de vandalismo ocorreu no contexto do Sínodo da Amazônia, que enfrenta resistência de alguns grupos conservadores por causa das críticas ao modelo econômico atual e também por causa de temas como a ordenação de homens casados, o papel das mulheres, e a possibilidade de se criar um "rito amazônico" para as missas dos indígenas na região.

Em um artigo publicado na terça-feira (22), o diretor editorial do Vaticano, Andrea Tornielli, afirmou que a tentativa de destruição das estátuas de madeira é um "episódio triste" e "um gesto intolerante" de "novos iconoclastas". O objeto, diz ele, simbolizava nada mais que a maternidade e a sacralidade da vida.

Jogadas no Tibre

Veja, abaixo, a íntegra do que disse o Papa Francisco.

"Boa tarde, gostaria de dizer uma palavra sobre as estátuas da 'pachamama' que foram retiradas da igreja na Rua Traspontina, que estavam ali sem intenções idolátricas e foram jogadas no Tibre.

Antes de tudo, isso aconteceu em Roma e, como bispo da diocese, eu peço perdão às pessoas que foram ofendidas por esse gesto.

Depois, comunico que as estátuas, que criaram tanto clamor midiático, foram encontradas no Tibre. As estátuas não foram danificadas.

O Comandante de Polícia [de Roma] deseja que se informe esse resgate antes que a notícia se torne pública. No momento, a notícia é reservada e as estátuas estão guardadas no escritório do comandante de polícia italiano.

O Comando da Polícia ficará satisfeito de dar continuidade a qualquer indicação que se queira dar sobre a modalidade de publicação da notícia e por outras iniciativas que se queiram tomar sobre isso. Por exemplo, diz o comandante, 'a exposição das estátuas durante a Santa Missa de encerramento do Sínodo'. Veremos. Eu delego ao Secretário de Estado [cardeal Pietro Parolin] que responda a isso.

Essa é uma boa notícia. Obrigado."

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