Reforma

Estátua de São José e concha acústica precisam de reformas urgentes

Prefeitura e direção do Santuário do padroeiro do Maranhão traçam acordos com o Governo para tombar o acervo religioso e obter recursos para as obras

Ismael Araújo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22

[e-s001]A Prefeitura e a direção do Santuário de São José de Ribamar já iniciaram acordos com o Governo do Estado para fazer o tombamento da concha acústica e da estátua do santo padroeiro do Maranhão, a fim de obter recursos financeiros e garantir a reforma desse acervo religioso. A estátua de São José de Ribamar tem 33 metros de altura e foi inaugurada no dia 4 de agosto de 1998. Um dos maiores monumentos do país, fica atrás apenas do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, com 38 metros, e vindo após ele as estátuas de São Francisco de Assis, em Canindé; e a do padre Cícero, em Juazeiro do Norte, no estado cearense, respectivamente com 30,5 metros e 27 metros.

A assessoria da Prefeitura da cidade balneária informou que a concha acústica e a estátua de São José de Ribamar são patrimônios da Igreja Católica e estão em uma capital turística e cultural. Ainda no decorrer deste semestre, os acordos com o Governo do Estado já foram traçadas para o tombamento do acervo. Desta forma, podem ser obtidos os recursos financeiros para serem utilizados na recuperação dos monumentos.

A secretária do Santuário de São José de Ribamar, Lúcia Carvalho, informou que a concha acústica e a estátua do santo foram interditados após o festejo de São José de Ribamar, ocorrido no mês passado. “Foram colocadas placas ao redor desse acervo religioso, após o término do festejo”, comentou.

Ela também disse que a concha acústica é utilizada para as missas durante o festejo de São José, no mês de março, e para as celebrações da festa do padroeiro do Maranhão, que acontece em setembro. “A maioria das celebrações acontecem dentro do santuário”, afirmou Lúcia Carvalho.

Interdição
Os monumentos religiosos de São José de Ribamar foram interditados, no dia 30 do mês passado, pelo Poder Judiciário, com o objetivo de garantir a segurança da comunidade, até que seja realizada a reforma dos espaços. A Ação Civil Pública (ACP) foi ajuizada pela promotora de Justiça Sílvia Menezes de Miranda.

O acordo foi firmado com a direção do Santuário de São José de Ribamar, o Município de São José de Ribamar e o Estado do Maranhão e homologado pelo juiz Douglas de Melo Martins, titular da Vara de Interesses Difusos e Coletivos da Comarca da Ilha de São Luís.

A coordenação do Santuário se comprometeu, ainda, a protocolar no Departamento de Patrimônio Histórico Artístico e Paisagístico do Maranhão (DPHAP) pedido de tombamento dos monumentos no prazo máximo de dois meses. Por iniciativa do Ministério Público do Maranhão, foram realizadas três vistorias na área, onde foram analisados os monumentos religiosos, e as perícias apontaram comprometimentos estruturais.

Ainda no dia 5 do mês passado, o promotor de Justiça, Márcio José Bezerra Cruz, emitiu Recomendação ao Santuário para interditar a concha acústica e a estátua e se abster de realizar qualquer evento no local.

No dia 20 de setembro, o Ministério Público descobriu que a Defesa Civil Estadual autorizou a realização de missas e demais eventos na parte frontal da concha acústica entre 20 e 29 de setembro, exatamente quan­do ocorre maior concentração de pessoas em virtude do festejo do santo padroeiro do Maranhão.

No dia 24 de setembro, os peritos de engenharia do Ministério Público realizaram nova inspeção e atestaram que as intervenções realizadas não eram suficientes para afastar o risco de acidentes. Foi detectado o descumprimento de normas técnicas básicas de segurança, como a NBR 5674 e 13752, com improvisações que comprometem a segurança de todos os que frequentam a área. Também ficou constatado que nesse local não há sistema de proteção contra descarga elétrica, extintores, plano para contenção de incêndio e pânico.

[e-s001]Cartão-postal
Os problemas estruturais do monumento do santo e da concha acústica, que são considerados cartões-postais da cidade, estão bem visíveis. São notadas nitidamente a presença de rachaduras na estátua e ao longo do acesso ao santo, área conhecida como “bolo”. Também nesse local, existem buracos, que podem ocasionar acidentes, tendo como vítimas crianças e idosos.

Ainda é possível encontrar sinais de erosão, principalmente ocasionada pela ação do vento e da maresia. Alguns bancos estão quebrados, há árvores que precisam ser podadas e plantas que estão morrendo devido à falta de cuidados corretos.

No mês passado, a gruta de Lourdes, localizada nas proximidades do santuário, sofreu um ataque criminoso. As imagens de Bernadete e a de Jesus foram destruídas. Apenas a de Nossa Senhora de Lourdes ficou intacta. Esse espaço recebe diariamente a visita de centenas de fiéis.

O ambulante Carlos Cantanhede, contou que vende água de coco nessa área há duas décadas e após a interdição do cartão-postal teve seu lucro reduzido. “A maioria dos turistas vem a Ribamar para visitar a estátua do santo e após a interdição do acervo religioso acabou diminuindo os visitantes e as vendas”, disse o comerciante.

Outra vendedora, Márcia Lima, de 45 anos, declarou que algumas peças de alumínio, que foram colocadas ao redor da concha, já foram furtadas por criminosos, que estão utilizando o local para usarem drogas. “No período da noite, há vários usuários de drogas nesse local, mas durante o dia ficam espalhados pela cidade”, frisou a vendedora.

SAIBA MAIS

ACERVO RELIGIOSO

O monumento a São José de Ribamar retrata São José segurando firmemente a mão do Menino Jesus, simbolizando o carinho e a preocupação de ensinar os primeiros passos ao filho de Deus. Em março de 1997, foi iniciada a construção do monumento e sua inauguração ocorreu junto à da Concha Acústica, em quatro de agosto de 1998.
Tijolo, cimento, pedra brita, concreto e ferro galvanizado serviram de materiais para a construção. O artista goiano Sinval Floriano Veloso construiu o monumento em sete etapas, iniciando pelas botas do santo. Simultaneamente, foi construída a imagem do Menino Jesus, em cinco etapas, iniciada pelos pés. As mãos e as cabeças foram modeladas em argila, revestidas de gesso e sustentadas por fibras de vidro. O monumento está localizado ao lado da Concha Acústica de onde é possível apreciar a vista da avenida Beira-Mar e da Baía de São José.

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