Editorial

O perigo do óleo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22

Já são 200 pontos contaminados com manchas de óleo em 77 municípios do litoral brasileiro e até agora não há uma explicação para o que possa terá acontecido no mar. Se na terra as manchas já vem causando danos a animais, a orla e as pessoas que tem atuado voluntariamente na sua retirada, no oceano, o estrago deve ser muito maior e, não será surpresa caso animais marinhos mortos comecem a surgir nas areias sujas de preto, trazidos pelas marés.

Ainda que se mostre um desastre ambiental de grandes dimensões, para o país, a impressão que se tem é que os governantes ainda não se entenderam sobre a gravidade da situação. Pouco, ou nada, tem sido feito por aqueles que tem o poder nas mãos, para curar ao menos o mal nas areias.

Tem sido os voluntários, nordestinos fortes e incansáveis, quem tem tomado a frente e arrancado “a unha”, literalmente, todo o óleo espalhado no litoral do Nordeste brasileiro. São pessoas que, muitas vezes vivem do turismo que preenche as praias e, vê-las cobertas de óleo traz apenas prejuízo e tristeza. Esperar de braços cruzados uma ação das autoridades não é uma opção, quando o problema impede o trabalhador de levar o pão de cada dia para a mesa de sua família.

E é por isso que homens e mulheres tem metido a mão na massa, com ajuda de organizações não governamentais, que também já viram que esperar do governo federal uma ação efetiva de nada vai adiantar. Além da inercia em organizar ações para limpar a sujeira que ninguém ainda conseguiu descobrir sua origem, há um quase descaso em se aprofundar nas investigações e dar aos culpados as sanções necessárias.

As praias do litoral nordestino estão negras e o governo, que resolveu assumir ações para minimizar os danos mais de um mês depois de iniciado o problema, se preocupa mais em arrancar do trabalhador sua possibilidade de se aposentar, de ter uma renda razoável após mais de três décadas de trabalho, de gozar de benefícios há muito garantidos por lei, e agora retirados. Mas isso é assunto outra conversa.

Por hora, sabe-se que o horror que se instalou nas areias brancas do Nordeste, pode causar muito mais mal do que se pensa, caso os voluntários que vêm fazendo a limpeza por conta própria não se previnam em cuidados ao manusear o material espalhado na areia.

O óleo cru traz substâncias perigosas e que podem provocar riscos à saúde humana, por isso deve ser evitado o contato com a pele, uma vez que pode gerar alergias ou até, dependendo da absorção da pele, entrar na corrente sanguínea e causar danos maiores. O uso de equipamentos de segurança individual, os EPIs, são indispensáveis, e é importante também que usem roupas adequadas, que protejam sua pele do contato, e não roupa de banho, como tem sido visto nas redes sociais.

Devem ser usadas máscaras, sobretudo no início da tarde, quando é mais quente, pois no contato com o Sol o óleo libera vapores altamente tóxicos; luvas de PVC e não cirúrgicas; botas de plástico ou outro material impermeável, e não tênis, bota de trilha nem ir descalço; o uso de calças é importante, não traje de banho; e se a roupa ficar suja de óleo, ela deve ser descartada.

O material retirado deve ser armazenado em carros de mão, com uso de pás de plástico ou inox, sendo colocados em tambores ou tonéis, ficando fechado, pois trata-se de material inflamável. Os sacos plásticos não são recomendáveis, por rasgarem com facilidade. Por fim, a destinação do óleo recolhido nas areias deve ser definida pelo Ibama e cabe ao município cumprir tal determinação.

O Ibama tem dado suporte nos municípios, mas a maior parte da ação de limpeza da orla tem sido realizada mesmo por voluntários e eles precisam ser orientados para não acabarem se prejudicando no afã de salvar o litoral.

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