Atenção

Caravelas e águas-vivas são risco a banhistas na orla da Grande Ilha

Vinte e cinco pessoas, queimadas por esses animais marítimos, foram atendidas por bombeiros somente no mês passado

Ismael Araújo / O Estado

- Atualizada em 11/10/2022 às 12h22

Acidentes provocados por caravelas e águas-vivas são frequentes nas praias da Grande Ilha. Dados do Corpo de Bombeiros Militar mostram que somente no mês passado foram atendidas 25 pessoas vítimas de queimaduras por essas espécies marítimas, quando tomavam banho nas praias de São Marcos, do Meio, do Calhau e do Araçagi. Mais de 90% das vítimas foram crianças. Durante todo este ano, 32 ocorrências foram registradas, enquanto em 2018 foram 21 atendimentos.

O biólogo e pós-graduado em engenharia ambiental Ronald Ribamar Pereira informou que, com as correntes marinhas e os ventos mais fortes durante este período do ano, surgem essas espécies do mar na areia. Apenas uma pode provocar queimaduras em até quatro ou cinco banhistas.

Ronald Pereira ainda esclareceu que os tentáculos da caravela po­dem chegar a até três metros de com­primento e gerar lesões graves na pele humana. Ela pode ser facilmente identificada a distância por apresentar uma cor azulada. A água-viva é transparente e pode passar desapercebida no mar. Nes­ta espécie, há uma bolsa púrpura ou avermelhada, e flutua por cima da linha da água do mar.

Ele também afirmou que esses animais do mar não atacam os banhistas. Apenas disparam seu mecanismo de defesa, quando em contato com o ser humano. “O mecanismo de defesa está nos tentáculos, em que há uma concentração de células urticantes, que causam queimaduras na pele dos banhistas”, explicou o biólogo.

A funcionária pública Ana Clara Moraes, de 54 anos, disse que durante este período do ano tem atenção redobrada quando vem à praia em companhia das suas netas por causa da presença constante de caravelas. “Tenho ciência de que existem caravelas nas praias da cidade neste período. Então, fi­co de olho quando as minhas netas entram no mar, para evitar queimaduras”, disse Ana Clara Moraes.

Em alerta
O comandante do Batalhão de Bombeiros Marítimos do Maranhão (BBMar), major Munilso, informou que os bombeiros estão sempre em alerta para evitar ocorrências nas praias da capital, principalmente, no tocante a afogamento. “Na orla da Grande Ilha, há apenas dois a três casos de morte por afogamento durante o ano, enquanto, em nível nacional, de acor­do com a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático, são 16 casos por dia. O baixo índice de mortes é resultado do trabalho preventivo que os bombeiros realizam de for­ma diária na praia”, comentou o major.

Ele ainda ressaltou que somente no ano passado foram realizadas 7.224 abordagens feitas pelos bombeiros aos banhistas e, no decorrer deste ano, 14.167 abordagens já foram realizadas nas praias da capital. Em relação aos casos de queimaduras provocadas por caravela ou água-viva, os bombeiros atenderam 25 vítimas somente no mês passado, a maioria delas sen­do crianças.

O major também informou que a maioria dos contatos entre banhistas e essa espécie marinha acontece na água. O ideal é que os pais orientem seus filhos a respeito da presença desses animais no mar. “A cor e o tamanho dessas espécies marinhas chamam a atenção das crianças. Os pais devem ter 100% da atenção em seus filhos quando estiverem na praia”, frisou o oficial.

Ainda de acordo com o major, os efeitos das queimaduras ocasionadas por esses animais podem causar lesões graves na pele, queda de pressão, calafrios, dores articulares e até mesmo parada respiratória. Após o acidente, o banhista deve colocar vinagre ou água do mar na área atingida, pois amenizar um pouco a dor. Ele também deve procurar imediatamente o bombeiro e em caso mais grave o médico. “No período em que aparece com mais frequência caravela ou água-viva nas praias da capital, os nossos guarda-vidas possuem sempre vinagre para atender as vítimas queimadas por esses animais do mar”, frisou o major.

SAIBA MAIS

Cuidados que as pessoas devem ter na praia

- Nade apenas em áreas supervisionados por guarda-vidas
- Antes de entrar na água, é bom consultar o guarda-vida sobre as condições para o banho
- Evite contato com qualquer forma de vida marinhas
- Em caso de queimadura por água-viva ou caravela, lavar a área afetada com vinagre ou água do mar e procure imediatamente o guarda-vida
- Não mergulhe em águas desconhecidas
- Se for pego por alguma corrente marítima, nade diagonalmente a ela, até conseguir escapar
- Caso sinta perigo dentro do mar, é necessário manter a calma
- Nunca simule afogamento
- Evite entrar no mar sob efeito de bebida alcoólica
- Deixe a praia em casa de chuva e ocorrência de raio
- Respeite as sinalizações visuais e sonoras dos guarda-vidas

Saiba mais

A água-viva encontra-se principalmente no oceano e não é um peixe, mas um plâncton e faz parte do filo Cnidários. Tem seu corpo gelatinoso e tentáculos bamboleantes. Flutua na água ou tem capacidade de nado tão limitada que as correntes controlam seus movimentos horizontais.
A caravela não é uma água-viva, embora se pareça com uma e também faz parte do filo Cnidário. Ela flutua na água e tem transparência. Sua fisgada pode ser muito dolorosa e pode causar sintomas como calafrios, febre, náusea, vômito e choque.

Números

32 vítimas de queimaduras ocasionadas por caravela ou água-viva já foram atendidas pelos bombeiros durante este ano
21 atendimentos a vítimas de queimaduras por animais marinhos foram feitos pelos bombeiros no ano passado nas praias da capital

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.