Negociação

Benny Gantz recebe missão de formar novo governo de Israel

Após desistência do primeiro-ministro Netanyahu, oposicionista terá 28 dias para negociar uma maioria no Parlamento, onde deverá costurar coalizão de 61 parlamentares. Caso contrário, o país pode passar por novas eleições

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Fracassou a tentativa de Netanyahu de fechar acordo para Gabinete de união nacional com a oposição
Fracassou a tentativa de Netanyahu de fechar acordo para Gabinete de união nacional com a oposição (AFP)

ISRAEL - Depois do fracasso do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu , na tentativa de formar um novo governo, o seu principal rival, Benny Gantz, do oposicionista Azul e Branco, recebeu do presidente Reuven Rivlin a tarefa de montar um Gabinete nesta quarta-feira.

O partido dele ficou em primeiro nas eleições de setembro mas não conseguiu formar uma base no Knesset, o Parlamento israelense. Agora, terá 28 dias para garantir ao menos 61 votos favoráveis no Legislativo. Caso não consiga, Rivlin pedirá ao Parlamento que designe um candidato para montar um Gabinete, no que seria a última tentativa para evitar a terceira eleição geral em menos de um ano.

Essa é a primeira vez em mais de uma década em que um rival de Netanyahu recebe do presidente a tarefa de montar um governo, o que não necessariamente significa que ele será deixado de lado da vida política. Apesar do fracasso em obter apoio, o atual premier segue na liderança do país e no comando do Likud .

Depois do anúncio de Rivlin, ele deu sinal verde para que a sigla abra negociações com o Azul e Branco , o que pode resultar em um governo de união nacional, como quer o presidente. Netanyahu também instruiu os demais partidos de sua base a não negociarem por conta própria, na prática assumindo o controle das conversas. Ao todo, o premier tem o apoio de 55 parlamentares.

O plano dele é, com o governo de união nacional, convencer Gantz a aceitar a ideia da rotatividade no cargo de primeiro-ministro, mas não apenas em nome da governabilidade. Netanyahu enfrenta três acusações de corrupção na justiça. Se estiver no comando, não seria obrigado a renunciar caso uma denúncia formal contra ele seja feita, proteção que não teria em qualquer outro cargo num eventual Gabinete de união com Gantz. Caso fique fora do governo, perderá sua imunidade parlamentar.

Ponto de conflito

Esse foi um ponto de conflito nas negociações que ocorreram pouco depois da votação — na época, os oposicionistas questionaram a capacidade de Netanyahu de fazer parte de um governo cuja campanha se pautou pelos ataques à condução da política nacional.

"Nós não entraremos em uma coalizão liderada por Netanyahu", disse um líder do Azul e Branco, o ex-ministro da Defesa Moshe Yaalon, reforçando o posicionamento de que um acordo com o Likud poderá ser considerado caso o premier saia de cena. "Chegou a hora de vocês dizerem "muito obrigado por tudo que você fez" para Netanyahu".

Apesar das poucas diferenças de propostas em relação a Benjamin Netanyahu, Benny Gantz atraiu o apoio da esquerda israelense e da Lista Unida, formada por candidatos árabes e destaque das eleições de setembro. Segundo os cálculos de analistas, ele tem garantidos 54 cadeiras no parlamento, necessitando de outros sete votos para formar a maioria.

Caso não chegue a um acerto com o Likud, Gantz, que é general reformado e comandou as Forças de Defesa entre 2011 e 2015, será obrigado a procurar outras siglas, como o Yisrael Beitenu (Israel Nossa Casa), de Avigdor Lieberman , que se afastou de Netanyahu mas não quis apoiar o oposicionista, defendendo um governo de união nacional. O grupo dele obteve oito cadeiras no Knesset, e poderia acabar com o impasse para qualquer um dos lados. Tanto que o primeiro telefonema do oposicionista após a reunião com o presidente foi justamente para Lieberman.

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