Artigo

Em tempos atuais, o quê é ser normal?

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22

Viver é administrar perdas. Com os anos passando céleres, a chegada da velhice o quê mais tenho feito é ir a velórios, funerais, missas de 7º dia de parentes, amigos, e conhecidos. E, sempre com as mesmas indagações, “o quê vale mesmo a pena nesta vida terrena?” “O quê é ser feliz, pois a felicidade, essa coisa fugaz, deve ser a meta a ser alcançada em vida”.

Acompanho o noticiário, do dia a dia, vício antigo; sempre impregnado de violência e desmandos, e fico a me perguntar “Isso que estamos vivendo é normal?” Ou, o novo conceito de normal.

Em um tempo em que a vida humana vale cada vez menos, tudo banalizou, em que tudo tem preço, e nada tem valor, isso é normal?

Com a universalização das drogas, se mata por tostões. Recentemente li nos jornais, a triste e horripilante história de um pai que estava colocando a filha de 12 anos para prostituir-se, por míseros reais para ele comprar pedras de crack. Degradação total.

Ah! o tempo, acelerou de vez; vejo ao meu redor as pessoas se queixarem que não têm mais tempo para nada, e estão sempre apressadas, correndo atrás de dinheiro para pagar dívidas, muitas desnecessárias, fruto de uma compulsividade estimulada pela mídia, que induz a consumir cada vez mais.

A toda hora criamos necessidades, sem necessidade. Isso é normal?

Já repararam que o que mais abre em nossa cidade são farmácias para vender fármacos para aplacar todas os tipos de necessidades e males? Estamos nos tornando seres químicos. Se não comemos, remédio; se não dormimos, remédio; se estamos tristes, remédio; se estamos eufóricos, remédio. Desaprendemos a conviver com os sentimentos.

Recentemente ouvi, em uma reunião social, crianças de sete, oito anos falares que estavam loucas para chegar as férias escolares pois estavam estressadas. Sete, oito anos, não estou falando de executivos de grandes conglomerados, mas de crianças de classe média, com todo o conforto, e com refeições ao alcanço das mãos, falarem em estresse, como se isso fosse normal.

Virou moda entre nós explicitar problemas, muitos imaginários, especialmente depois das redes sociais, em que cada um está com um megafone nas mãos, a gritar para o mundo toda a sua vida, mostrando um mundo hipotético, sem conexão com a realidade.

Se isso é normal, estou fora, sempre procurei fazer do tempo um aliado; reservo meu tempo para ler, escrever, ouvir música, fazer sexo, brincar com Duke, Fiona e Bruninho, anjos que Deus me presenteou em forma de buldogues.

Triste de quem não reserva um tempo para um café da tarde, apreciando o entardecer, ver o dia se despedir e ceder lugar à noite, em harmonia e singeleza.

Não sou saudosista, desses que vivem a dizer: no meu tempo era melhor.…

O meu tempo é hoje, é o que virar, mas não é por que a vida acelerou, que eu tenho de abrir mão das coisas que gosto. Como não acompanho moda, procuro seguir na calmaria em meio ao mar revolto das novidades.

Pra que tanta correria se tudo vai acabar mesmo? E, daqui você e eu não levaremos nada, nem o corpo? Com o passar dos dias tenho procurado me desembaraçar de coisas que atrapalham meus dias, simplificando atitudes, livrando-me de relacionamentos tóxicos, de pessoas próximas que estão sempre à espreita para criticarem, cobrarem, sendo pós-doutorados em críticas e cobranças. Sempre penso em indicá-las um curso especializado em elogiar. Conheço pessoas que para cada solução tem um problema, isso é normal?

Como o passar do tempo vamos aprendendo que “não basta conquistar a sabedoria, é preciso saber usá-la”, como pregava Cícero (Filósofo romano, 03/01/106a.C - 07/12/43a.C).

Não precisamos acelerar o tempo, mas não temos tempo a perder.

Se for permitido um conselho ao caro leitor, diria: mantenha na sua vida só o que lhe faz bem, e como dizem os jovens, se não soma, some.

A vida, essa dádiva divina, é tão fugaz e passa tão rápido, não custa nada tentar ser feliz. Pra mim, isso, sim, é normal.

Luiz Thadeu Nunes e Silva

Engenheiro agrônomo e palestrante

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