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Brasil já tem novo medicamento para leucemias

Leucemias linfocíticas crônicas (LLC) e as mielóides agudas (LMA) são mais comuns em adultos; Anvisa liberou uso do Venetoclax

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Um dos sintomas da leucemia é o acúmulo de células defeituosas na medula, impedindo produção das sanguíneas
Um dos sintomas da leucemia é o acúmulo de células defeituosas na medula, impedindo produção das sanguíneas (leucemia)

Uma doença considerada rara e que não vem permitindo um percentual de cura nos últimos anos, apesar dos avanços da medicina. O problema em questão é as leucemias linfocíticas crônicas (LLC) e as mielóides agudas (LMA), um tipo de câncer no sangue ou na medula óssea que atinge o sistema imunológico. Para esta doença, a indústria farmacêutica apresentou, na última semana, um novo medicamento - o vedatodax - já liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), desde março do ano passado.

No Brasil, em 2018, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a estimativa era de 10.800 casos - 5.940 homens e 4.860 mulheres -, uma incidência de cinco casos de LLC em cada grupo de 100 mil pessoas e de 1,2 caso de LMA num grupo de 100 mil pessoas.

Em percentuais dos casos de leucemia, 30% são LLC e 36% de LMA. A primeira é mais comum em idosos acima de 67 anos. A segunda, é comum em adultos a partir de 47 anos. As chances de cura variam de 15% a 35% dos pacientes.

O diagnóstico destes tipos de cânceres pode ser feito por meio de um hemograma simples. Se o paciente tiver a doença, o hemograma estará alterado, mostrando na maioria das vezes um aumento do número de leucócitos (na minoria das vezes o número estará diminuído), associado ou não à diminuição das hemácias e plaquetas.

Outras análises laboratoriais devem ser realizadas, como exames de bioquímica e da coagulação, e poderão estar alteradas. A confirmação diagnóstica é feita com o exame da medula óssea (mielograma). Nesse exame, retira-se uma pequena quantidade de sangue, proveniente do material esponjoso de dentro do osso, para análise citológica (avaliação da forma das células), citogenética (avaliação dos cromossomos das células), molecular (avaliação de mutações genéticas) e imunofenotípica (avaliação do fenótipo das células).

Tratamento
Até março de 2018, o tratamento mais usado para os dois tipos de cânceres era a quimioterapia e imunoterapia. A primeira não diferencia as células cancerígenas das normais. Já a segunda, ataca com mais especificidade as células doentes, no entanto, o custo do tratamento é alto.

Estes procedimentos caminham para serem substituídos. A AbbVie, uma biofarmacêutica global que investe em pesquisas, junto com outros laboratórios, desenvolveu um medicamento capaz de eliminar de forma pontual as células cancerígenas. O nome do produto é Venatodax (Venetoclax, nome comercial).

Conforme os estudos, o Venetoclax age diretamente na proteína apoptóticas, responsáveis pela morte da célula, assim eliminando as cancerígenas, que tanto na LLC quando na LMA têm a “vantagem” da longevidade.

O medicamento foi liberado pela Anvisa, em março de 2018. Nesta primeira etapa, foi aprovado como monoterapia para LLC R/R (resistente/reincidente), em pacientes adultos que já se submeteram ao tratamento quimioterápico. Esta liberação ocorreu após cerca de seis meses de análise.

Em fevereiro deste ano, a Agência liberou o uso do Venetoclax combinado com outros medicamentos para pacientes que não têm indicação para tratamento quimioterápico. Um mês depois, a Anvisa aprovou a primeira terapia para LLC sem quimioterapia e com duração fixa de tratamento (24 meses) para pacientes não elegíveis para quimioterapia e com maior abrangência. O tratamento ainda não vem sendo usado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para os planos de saúde, ainda não há também a liberação, no entanto, em todo o país há planos que já aceitam o tratamento com o uso do Venetoclax.

Tipos mais comuns de leucemia

Leucemia linfoide crônica (LLC): Afeta células linfoides e se desenvolve de forma lenta. A maioria das pessoas diagnosticadas com esse tipo da doença tem mais de 55 anos. Raramente afeta crianças.
Leucemia mieloide crônica (LMC): Afeta células mieloides e se desenvolve vagarosamente, a princípio. Acomete principalmente adultos.
Leucemia linfoide aguda (LLA): Afeta células linfoides e agrava-se de maneira rápida. É o tipo mais comum em crianças pequenas, mas também ocorre em adultos.
Leucemia mieloide aguda (LMA): Afeta as células mieloides e avança rapidamente. Ocorre tanto em adultos como em crianças, mas a incidência aumenta com o aumento da idade.

Os principais sintomas

Os principais sintomas decorrem do acúmulo de células defeituosas na medula óssea, prejudicando ou impedindo a produção das células sanguíneas normais. A diminuição dos glóbulos vermelhos ocasiona anemia, cujos sintomas incluem: fadiga, falta de ar, palpitação, dor de cabeça, entre outros.

A redução dos glóbulos brancos provoca baixa da imunidade, deixando o organismo mais sujeito a infecções muitas vezes graves ou recorrentes. A diminuição das plaquetas ocasiona sangramentos, sendo os mais comuns das gengivas e pelo nariz e manchas roxas (equimoses) e/ou pontos roxos (petéquias) na pele.

O paciente pode apresentar gânglios linfáticos inchados, mas sem dor, principalmente na região do pescoço e das axilas; febre ou suores noturnos; perda de peso sem motivo aparente; desconforto abdominal (provocado pelo inchaço do baço ou fígado); dores nos ossos e nas articulações. Caso a doença afete o Sistema Nervoso Central (SNC), podem surgir dores de cabeça, náuseas, vômitos, visão dupla e desorientação.

Depois de instalada, a doença progride rapidamente, exigindo que o tratamento seja iniciado logo após o diagnóstico e a classificação da leucemia.

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