Crise

Hospital Aldenora Bello retomará quimioterapia

Apesar do anúncio, os Serviços de Pronto Atendimento e as cirurgias continuam suspensas - exceto as de emergência -, pois um dos compressores de ar comprimido ainda está sendo consertado

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Atendimento no SPA do hospital segue interrompido, por falta de verbas
Atendimento no SPA do hospital segue interrompido, por falta de verbas (SPA Aldenora Bello)

O Hospital do Câncer Aldenora Bello (HCAB), da Fundação Antonio Dino (FAD), continua passando por uma situação delicada, devido à falta de recursos para sustentar a estrutura do atendimento às cirurgias. De acordo com a direção da unidade, o tratamento quimioterápico será retomado a partir do próximo dia 25 de outubro. Recentemente, o hospital suspendeu as cirurgias e também os Serviços de Pronto Atendimento (SPA), por causa de uma crise no sistema financeiro da instituição.

Segundo foi informado pelo Aldenora Bello, na data estimada para a retomada do tratamento, ocorrerá a chegada dos materiais e medicamentos que serão adquiridos para os procedimentos. Isso será possível porque a Secretaria de Estado da Saúde (SES) fará o pagamento da terceira parcela do convênio de auxílio ao custeio, que foi firmado com o HCAB. “Durante esse período, deverão ser realizadas reuniões com o Conselho do Fundo Estadual de Combate ao Câncer, que poderá definir uma solução definitiva para o problema de custeio do Hospital do Câncer Aldenora Bello”, informou a direção.

De acordo com Antonio Dino, vice-presidente da Fundação e um dos diretores do HCAB, desde esse período de crise, há reuniões mais intensas com a Secretaria de Estado da Saúde (SES), que prometeu pagar uma das parcelas atrasadas do convênio. “Vamos manter o tratamento por mais 15 dias. E aí surge a pergunta: como faremos depois? Estamos conversando no sentido de levar os recursos do Fundo Estadual de Combate ao Câncer para dentro do hospital. Aí, sim, resolveremos definitivamente o problema”, esclareceu o diretor.

Cirurgias suspensas
As cirurgias oncológicas no Hospital do Câncer Aldenora Bello, apesar de anunciadas que iriam ser retomadas, ainda não foram, pois um dos motores de ar comprimido ainda não foi consertado. Os serviços retornarão, segundo previsão da direção, até o final deste mês, pois a instituição recebeu uma ajuda extra de R$ 60 mil. A interrupção aconteceu depois que os dois compressores foram danificados no início deste mês.

Com o conserto dos equipamentos, será possível o abastecimento de oxigênio para os procedimentos cirúrgicos. “Chamaremos o pessoal que estava atrasado e continuaremos a atender à população”, frisou Antonio Dino. Segundo ele, as falhas apresentadas nos motores poderiam ocasionar problemas durante as cirurgias e colocar em risco a vida dos pacientes.

“As cirurgias foram paradas por causa dos compressores. Nós temos dois compressores, e um deles já está consertado. O outro será consertado até a próxima sexta-feira. O Conselho Regional de Medicina (CRM), inclusive, ratificou nossa decisão. Só retomaremos com os dois compressores funcionando por uma questão de segurança ao paciente. Cirurgias de emergências, por outro lado, estão sendo realizadas”, afirmou Dino.

Importante destacar que os Serviços de Pronto Atendimento, que são as emergências, continuam, também, paralisados, mas, segundo Antonio, a Fundação está procurando parcerias com o Governo do Estado e a Prefeitura de São Luís. “O SPA tem outro problema, que é o de custeio dele. A gente gasta quase R$ 700 mil por mês contra uma receita de R$ 18 mil”, frisou Dino.

A suspensão
Os Serviços de Pronto Atendimento e cirurgias do Hospital do Câncer Aldenora Bello foram suspensos devido a riscos de desabastecimento de oxigênio e medicamentos. Naquele momento, um dos pacientes do HCAB disse ao Jornal O Estado que, devido à interrupção, estava há mais de 40 dias sem tomar a vacina Onco BCG, essencial para o seu tratamento contra um câncer na bexiga.

“O hospital, para falar a verdade, está sucateado. Falta tudo. Falta insumo, falta medicamento. Fica dependendo de ajuda do governo estadual. O hospital está falido, praticamente. Assim, fica difícil. Não há condições de mantermos nossos tratamentos dessa forma. Algo precisa ser feito logo”, desabafou o paciente. Devido à suspensão, a direção do hospital emitiu, no mesmo dia, um comunicado, no qual confirmou a interrupção dos Serviços de Pronto Atendimento e das cirurgias.

A direção solicitou aos pacientes oncológicos que se deslocassem às Unidades de Pronto Atendimento (UPA), socorrões ou ao Pronto Atendimento Oncológico do Hospital Geral, nos casos de necessidade de atendimento de emergência.

Déficit do SUS
A Fundação Antonio Dino, por meio do vice-presidente Antonio Dino Tavares, já deixou claro que, por se tratar de uma instituição filantrópica, o atendimento no Aldenora Bello é majoritariamente voltado para os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e que o pagamento dos serviços prestados ocorre no mínimo 45 dias após o fechamento da fatura, em razão dos procedimentos burocráticos legais.

“Registre-se que o Município de São Luís tem mantido os pagamentos dentre do menor tempo possível, apesar das limitações burocráticas.

Tal fato, porém, não exclui dois fatores importantes a serem considerados: o déficit dos valores pagos pelo SUS em relação ao custo real dos procedimentos e o tempo decorrido para seu recebimento”, disse Antonio Dino. Ele frisou que esses fatores impactam diretamente na saúde financeira da instituição, sendo que repercutem notadamente na falta de recursos.

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