Saúde melhorada

Socorrão II reduz em 74% a superlotação no setor de emergência

Resultado levou ao aumento de 6% no volume de atendimento diário em uma das maiores emergências públicas da capital maranhense

- Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Com a implantação do projeto Lean nas Emergências, diminuiu a superlotação no Socorrão II e o atendimento foi ampliado no local
Com a implantação do projeto Lean nas Emergências, diminuiu a superlotação no Socorrão II e o atendimento foi ampliado no local (Socorrão II)

Pronto-socorro lotado, dificuldade de internação, recusa no recebimento de ambulâncias, ausência de atendimento especializado, são alguns aspectos que estão sendo melhorados na emergência do segundo maior pronto-socorro de São Luís, o Hospital Municipal Clementino Moura. A mudança ocorre em função do projeto Lean nas Emergências, realizado pelo Ministério da Saúde em parceria com o Hospital Sírio-Libanês. Conhecido como Socorrão II, a unidade de saúde conseguiu atender 3.232 pessoas a mais, após a intervenção do Lean nas Emergências.

Com a média de 52 mil pacien­tes atendidos por ano, a unidade de saúde passou de 52.232 pacientes atendidos em maio de 2018, para 55.464 em abril de 2019. Um aumento de 6% no atendimento diário no pronto-socorro do hospital. O Socorrão II participou do 2º ciclo do Projeto Lean nas Emergências, iniciado em maio de 2018, e conseguiu, também, reduzir em 74% a superlotação no pronto-socorro, melhorando a gestão, racionalizando recursos, otimizando espaços e materiais.

O Lean nas Emergências é uma metodologia que enxuga processos, melhorando a gestão, racionalizando recursos, otimizando espaços e materiais. Com isso, o Socorrão II conseguiu aumentar o giro dos leitos, reduzindo em 22% o tempo médio de internação do paciente na emergência. Além disso, os processos de gestão ajudaram a reduzir em 60% o tempo médio do paciente no pronto-socorro. Isso permitiu dar mais atenção às pessoas que necessitam de maiores cuidados de urgência, como traumas, infartos, AVC, entre outros. Tudo isso garante não só uma maior oferta de leitos dos hospitais como a diminuição do desgaste emocional tanto do paciente, e de seu acompanhante, como da equipe médica e hospitalar.

“É gratificante ver a evolução de um projeto em 57 hospitais, com resultados relevantes em tão pouco tempo. Em 3 meses o Lean já consegue ter resultados visíveis nas emergências do País. No caso do Socorrão II, hospital responsável por mais de 60% de todas as emergências de trauma da região, o Lean possibilitou uma mudança de cultura, integrando os setores e profissionais em um único propósito; o de melhorar o atendimento ao paciente e os fluxos de trabalho”, avalia Francisco Figueiredo, secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde.

A aplicação da metodologia parece ser simples, mas necessita do envolvimento de todos os profissionais que atuam dentro do hospital, além de ser contínua. Uma das ferramentas da metodologia Lean é criar a cultura da disciplina, identificar problemas e gerar oportunidades para melhorias.

“O projeto Lean criou um movimento aqui no hospital, que fez com que até quem não estava envolvido diretamente no projeto contribuísse de alguma forma. E o mais importante: hoje, quem passa no corredor já percebe a mudança, tem um local de trabalho mais adequado e, principalmente, um atendimento satisfatório para nossos pacientes”, relata Fabrícia Rocha, enfermeira no Socorrão II.

Outra metodologia que auxiliou na melhoria do atendimento no pronto-socorro foi a criação da sala de decisão médica. Ela integra os profissionais médicos e a equipe de enfermagem e permite a discussão sobre cada caso recebido na unidade, agilizando o diagnóstico, a prioridade e definindo o melhor tratamento para cada paciente.

“Com a chegada do projeto Lean ao Hospital Socorrão II, ficou bem visível a melhoria no atendimento ao paciente, bem como a organização. A metodologia de ação tem contribuído para um trabalho mais integrado entre os setores e consequentemente, quem ganha com todo esse processo são os nossos pacientes”, disse Francisco Airton, médico do hospital.

Lean nas emergências
No total, 36 hospitais de todas as regiões do país fizeram parte das três primeiras etapas, nas quais 800 profissionais foram treinados na metodologia Lean nos serviços de emergência. Em maio, teve início o Ciclo 0 e 1 com a intervenção em 16 hospitais públicos. Já o Ciclo 2 iniciou-se em novembro de 2018, com a participação de 20 unidades de saúde públicas. Em setembro, o Ministério da Saúde lançou o terceiro ciclo com 20 hospitais participantes.

O impacto do projeto Lean nas Emergências no SUS trouxe a ampliação do acesso a leitos de internação e o aumento do número de atendimentos no pronto-socorro nos hospitais participantes. Por mês no país, foram disponibilizados 5.947 leitos. Por ano, foram 71.364 leitos. Em relação ao número de atendimentos, o aumento foi de 4.489 por mês e 53.868 por ano.

O Projeto Lean nas Emergências, realizado pelo Ministério da Saúde em parceria com o Hospital Sírio-Libanês, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS), completa dois anos e tem como principal objetivo reduzir a superlotação dos serviços de urgência e emergência do SUS e já está no terceiro ciclo, executando a terceira visita de intervenção nos hospitais participantes para implementação das ferramentas de gestão.

O sucesso do projeto parte da melhoria dos processos de gestão que começa pela porta da emergência geral, identificando os tempos de atendimento e de maior fluxo. A metodologia do Lean reduz desperdícios e tempos de espera otimizando espaços e insumos. Com o progresso do projeto, foi possível chegar a todas as áreas dos hospitais e com isso desafogar urgências e emergências otimizando, assim, a oferta de leitos.

Para alcançar essas melhorias, os hospitais que participam da iniciativa passam por um processo de intervenção, fase onde profissionais do Hospital Sírio-Libanês visitam os prontos-socorros e se reúnem com gestores e profissionais dos estabelecimentos para identificar dificuldades e implementar ações de melhoria, utilizando as ferramentas do projeto, bem como capacitar as equipes. Essa fase dura, em média, seis meses e, após o término desse período, os hospitais passam por uma etapa de monitoramento, por mais doze meses, para garantir a transformação no gerenciamento das unidades e que esses novos hábitos e padrões continuem, mesmo após o fim das visitas.

Saiba mais sobre a metodologia

O Sistema Lean, que pode ser traduzido como produção enxuta, é uma metodologia japonesa que, após a Segunda Guerra Mundial, chegou ao ocidente e foi utilizada em praticamente todos os setores produtivos. A partir da década de 90, houve uma adaptação para utilização na área da Saúde com impactos positivos.
Um dos indicadores utilizados para medir os resultados do projeto é o indicador de superlotação, chamado de Nedocs (sigla em inglês para Escala de Superlotação do Departamento Nacional de Emergência) e mensura quesitos como tempo de passagem de pacientes pelas urgências, permanência no hospital, tempo de alta, entre outros.

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