Ameaça

Presidente da Turquia diz que seguirá com ataque aos curdos

Mesmo com pressão dos Estados Unidos, a Turquia ainda acusou as forças curdas de liberar de forma voluntária integrantes do grupo Estado Islâmico para ''semear o caos'' na região

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia, durante entrevista
Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia, durante entrevista (Reuters)

ANCARA - A operação militar da Turquia no norte da Síria continuará até que "alcance seus objetivos", apesar da pressão exercida pelos Estados Unidos para que termine, afirmou ontem,15, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

"Vamos continuar nossa luta até que alcance os objetivos que estabelecemos", disse Erdogan em um discurso em Baku.

Os Estados Unidos anunciaram sanções contra integrantes do governo da Turquia na segunda-feira (14), após os recentes ataques de militares turcos a bases curdas no nordeste na Síria.

Há uma semana, o presidente Donald Trump retirou tropas norte-americanas da região que lutavam ao lado dos curdos contra o Estado Islâmico, o que abriu caminho para uma ofensiva turca.

As sanções afetam dois ministros e três funcionários do alto escalão do governo de Erdogan na Turquia. Quem mantiver relações econômicas com essas pessoas poderá ser sofrer punições também.

As sanções, porém, não foram suficientes para que Trump agradasse aliados contrários às retiradas das tropas norte-americanas. O governo britânico anunciou, na terça-feira,15, a suspensão das exportações militares à Turquia.

Extremistas do Estado Islâmico

Em um artigo publicado no “Wall Street Journal”, Erdogan escreveu que a Turquia impedirá a saída dos milicianos do grupo extremista Estado Islâmico (EI) do nordeste da Síria.

"Garantiremos que nenhum miliciano do EI abandone o nordeste da Síria", destacou Erdogan.

Há milhares de suspeitos de integrar o EI detidos sob a custódia da milícia curda YPG, alvo dos turcos, o que provocou uma preocupação internacional sobre o destino dos prisioneiros.

"Estamos dispostos a cooperar com os países de origem (dos jihadistas presos) e as organizações internacionais para uma reinserção das esposas e filhos de milicianos terroristas estrangeiros" escreveu Erdogan.

A Turquia acusou na segunda-feira (14) as forças curdas de liberar de forma voluntária diversos integrantes do Estado Islâmico para "semear o caos" na região.

As autoridades curdas afirmaram no domingo que quase 800 parentes de integrantes do EI fugiram de um campo de detenção do norte da Síria, aproveitando a confusão criada pela ofensiva turca.

Em uma mensagem em uma rede social, o presidente americano Donald Trump deu a entender que tem a mesma opinião do governo turco. "Os curdos poderiam estar liberando alguns presos para obrigar o nosso envolvimento", escreveu.

Erdogan criticou os países ocidentais que pretendem dar "lições à Turquia sobre como lutar contra o EI hoje e tenham sido incapazes de deter o fluxo de milicianos estrangeiros entre 2014 e 2015".

Jihadistas de outras nações

De acordo com estimativas curdas, quase 12 mil suspeitos estão em prisões no nordeste da Síria. Deste grupo, 2.500 não são sírios nem iraquianos.

A ONG Human Rights Watch alertou os países europeus nesta terça-feira (15) sobre o risco de transferir suspeitos jihadistas estrangeiros das prisões do norte da Síria para o Iraque.

A organização expressou preocupação com o fato de que vários países, que têm um importante grupo de prisioneiros na Síria, estariam considerando transferi-los para o outro lado da fronteira devido ao avanço da operação turca no norte da Síria.

Muitos países europeus se recusaram a repatriar os prisioneiros para julgá-los e já transferiram alguns para o Iraque, onde serão processados.

"Como o Iraque tem o recorde de julgamentos injustos, os países europeus não deveriam se esforçar para levar seus concidadãos a este país para sejam julgados", disse Belkis Wille, da HRW.

Qualquer governo que apoie um movimento deste tipo "sem adotar medidas para reduzir o risco de tortura, julgamentos injustos ou riscos de execução está contribuindo para abusos graves", completou.

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