Natal sem fome

Natal sem Fome: a campanha começou

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22

Uma das mais significativas campanhas do país - Natal sem Fome -, da Ação da Cidadania, foi lançada no último domingo, 13. A campanha deste ano tem como meta arrecadar toneladas de alimentos não perecíveis, para serem distribuídas às famílias necessitadas às vésperas da festa cristã. Combater a fome não é nada sofisticado, basta vontade política.

A campanha de 2019 mantém o tema do ano passado: “A Fome não é fake”. O Programa Mundial de Alimentação das Nações Unidas (PMA) e a Organização das Nações Unidas para a Agricultura (FAO, além de empresas, apoiam a campanha.

O Natal sem Fome continua fazendo o alimento chegar a centenas de milhares de famílias em situação de insegurança alimentar em mais de 20 estados por todo o país. O diretor executivo da Ação da Cidadania, Kiko Afonso, explica que, em 2014, o Brasil saiu do Mapa da Fome da ONU, quando o número de brasileiros abaixo da linha da miséria ficou menor do que 5 milhões. Porém, com a crise o número de necessitados voltou a crescer e chegou a 15 milhões em 2017, quando a organização decidiu voltar a fazer a campanha para arrecadar alimentos, depois de 10 anos focando outras iniciativas.

Segundo a Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgada em dezembro pelo IBGE, em 2017 o Brasil tinha 15,2 milhões de pessoas vivendo em situação de extrema pobreza, ou seja, com renda inferior a US$ 1,90 por dia, ou R$ 140 por mês, indicador proposto pelo Banco Mundial. O número representava 7,4% da população. Em 2016 eram 6,6% abaixo dessa linha, com 13,5 milhões de pessoas.

Kiko Afonso destaca que a população tem respondido ao chamado da solidariedade. A mobilização nos anos anteriores foi considerada muito boa. A mobilização começou em setembro e foram arrecadadas 500 toneladas de alimentos. Segundo os organizadores, foram alimentadas 450 mil pessoas no Brasil inteiro. No ano passado, a meta era chegar a 2 mil toneladas, mas foram arrecadadas 100 toneladas, mais que o dobro de 2017, alimentado quase 850 mil pessoas. A meta de 2019 é alimentar mais de 1 milhão de pessoas atendidas.

O presidente do Conselho da Ação da Cidadania, Daniel de Souza, que é filho do fundador da ONG, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, morto em 1997, diz que a organização não tem a capacidade de acabar com a fome no país, pois para isso são necessárias políticas públicas estruturadas pelo governo. Porém, segundo ele, o objetivo da campanha é chamar a atenção da sociedade para o grave problema. O que ele diz: “É uma coisa importante, estou fazendo a minha parte, com centenas de pessoas no Brasil inteiro, estamos em 21 estados. Na verdade, a gente achou que não ia precisar mais fazer o Natal sem Fome, a gente ficou 10 anos sem fazer e infelizmente teve que voltar há três anos por conta da crise”.

Ele explica que a organização funciona como uma grande rede de solidariedade e reúne centenas de comitês, que trabalham com o atendimento das pessoas nas comunidades e bairros.

As doações para o Natal sem Fome podem ser feitas até o dia 20 de dezembro. Alimentos não perecíveis devem ser entregues em endereços credenciados e doações em dinheiro podem ser feitas pelo site www.natalsemfome.org.br. A entrega dos alimentos será feita nos dias 21, 22 e 23 de dezembro, pelos comitês da Ação da Cidadania em todo o país.

O ex-diretor-geral da FAO (ONU) por dois mandatos, José Graziano da Silva, descreve que a luta do Brasil para retirar o país do mapa da fome aconteceu no menor período de tempo do mundo, se comparada com iniciativas de outros países. E alerta que a conquista histórica pode ser revertida, caso não se dê continuidade às ações iniciadas nas últimas duas décadas. Ele alerta para o risco do país voltar para o mapa da fome e ainda para um perigo bastante atual na sociedade, brasileira e mundial: a obesidade.

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