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CNI diz que Sistema tributário acaba com capacidade da indústria de competir globalmente

Questão foi debatida durante fórum que reuniu os idealizadores das três principais propostas de reforma tributária

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Robson Braga de Andrade (direita) diz que reforma deve trazer simplificação
Robson Braga de Andrade (direita) diz que reforma deve trazer simplificação (cni)

São Paulo - A burocracia, a complexidade e as distorções do sistema tributário brasileiro são amarras que precisam ser removidas para que indústria brasileira recupere sua capacidade de competir globalmente. De acordo com o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, esses entraves – além do peso dos impostos sobre as empresas – minam a capacidade de investir do setor produtivo nacional. “Dê condições à indústria para ela competir e ela puxará o crescimento do Brasil”, disse o empresário, durante o Fórum BandNews Reforma Tributária.

Ao lado do presidente da Frente Parlamentar da Agricultura (FPA), deputado Alceu Moreira (MDB-RS), Andrade foi um dos debatedores do evento, que reuniu os autores das três principais propostas de reforma tributária em discussão no país. Em sua fala, o presidente da CNI colocou as três premissas básicas da indústria para uma reforma tributária: a fusão de impostos num Imposto sobre Valor Adicionado (IVA) pago sobre o consumo, a desoneração completa das exportações e dos investimentos.

Embora sejam condicionantes de uma reforma que reduza o peso tributário sobre as atividades produtivas, Andrade acrescentou que as mudanças no sistema tributário precisam de medidas adicionais, para que não percam sua eficácia no longo prazo. E a principal delas é a reforma administrativa. “Será impossível manter a carga tributária sem novos aumentos com as mesmas indexações que existem no Orçamento (Geral da União) e as mesmas pressões que hoje existem por reajustes salariais”, explicou.

CONVERGÊNCIAS

O fórum reuniu os idealizadores das três principais propostas de reforma tributária em discussão. Duas delas já se encontram no Congresso Nacional: a PEC 110/2019, que tem origem em proposta do ex-deputado Luiz Carlos Hauly e está no Senado; e a PEC 45/2019, do Centro de Cidadania Fiscal, do economista Bernard Appy, que está na Câmara dos Deputados. A terceira, elaborada pelo Instituto Brasil 200, fundado pelo empresário e CEO do Grupo Guararapes, Flávio Rocha.

As duas PECs têm um comum a criação de um IVA, que unificará tributos federais. Ambas trazem medidas de simplificação e a extinção de benefícios fiscais, como forma de da isonomia tributária às empresas de um mesmo setor. A principal diferença entre elas o período de transição – que incluem prazos para teste e implantação do novo sistema –, que variam de cinco a 10 anos. A proposta do Instituto Brasil 200, por sua vez, consiste de um tributo de alíquota reduzida – possivelmente 0,1% - que incidirá sobre todas as operações financeiras.

Apesar de divergências e diferenças entre os modelos, seus idealizadores são unânimes em dizer que o sistema tributário brasileiro está ultrapassado e sua reforma é urgente. “O Brasil é injusto. O sistema mata as empresas, mata as famílias e mata o poder aquisitivo dos brasileiros”, disse Hauly. Appy destacou que os modelos com base no IVA farão com que o Brasil migre para um modelo de padrão internacional, em uso nos países desenvolvidos. “A correção das distorções tem como objetivo acabar com impactos extremamente negativos para o país, que hoje mata a competição justa entre as empresas e tributa exportação e investimento”, disse.

SOBRECARGA

Flávio Rocha, do Instituto Brasil 200, apresentou o seu modelo como sendo capaz de distribuir melhor a carga tributária. Uma vez que incidiria sobre todas as operações financeiras, segundo ele, o tributo conseguiria abranger a significativa parcela da economia – em torno de 40% - que opera na informalidade e não recolhe impostos sobre suas receitas. “Hoje quem está na formalidade responde por 35% da carga tributária do país. É um nível gigantesco de stress tributário sobre o contribuinte”, afirmou.

O presidente da CNI lembrou que a indústria responde por 22% do PIB e por 34,2% da arrecadação de tributos federais (excluindo contribuições previdenciárias) e que, considerando os impostos estaduais e municipais, a participação supera os 40%. Ele manifestou, ainda, preocupação com a proposta de criação de um tributo sobre movimentações financeiros, que apresentaria grande cumulatividade, sobretudo em grandes cadeias produtivas, como as de alguns setores da indústria.

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