Rodovias

Animais na pista causaram 15 acidentes com 5 mortes no Maranhão

Segundo a PRF, dois óbitos aconteceram na BR-402, outros dois na BR-316 e outro na BR-230. Em todo o ano passado, foram registrados 44 acidentes com 4 mortes.

Nelson Melo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Animais nas pistas acabam provocando acidentes com mortes nas BRs do Maranhão
Animais nas pistas acabam provocando acidentes com mortes nas BRs do Maranhão (Animais)

SÃO LUÍS - Em 2019, já aconteceram 15 acidentes provocados por animais soltos na pista nas rodovias federais que cortam o Maranhão, de acordo com informações divulgadas pelo Núcleo de Comunicação Social da Polícia Rodoviária Federal (Nucom/PRF). Desses casos, cinco pessoas morreram e uma ficou gravemente ferida. Dentre as vítimas, há uma adolescente de 13 anos. Em todo o ano passado, ocorreram quatro óbitos, conforme dados colhidos pelos inspetores.

Segundo Antonio Noberto, chefe do Nucom/PRF, os acidentes com mortes neste ano decorrentes da presença de animais na pista ocorreram em três rodovias: BR-316, BR-402 e BR-230. De janeiro a dezembro de 2018, foram 44 acidentes desta natureza, com registro de quatro óbitos e 25 feridos graves. “No ano passado, além disso, a PRF retirou 531 animais das rodovias no Maranhão, em 47 operações com essa finalidade”, frisou Noberto.

De acordo com Noberto, esses acidentes envolvem jumentos, bois, vacas, búfalos e porcos. “Acidentes com jumentos são os que mais acontecem. Quando é animal menor, os danos são pequenos, como a quebra de para-choques ou faróis dos veículos. Com animal de maior porte, a repercussão é também maior, e tem vítimas”, ponderou Antonio. Ele disse que esse problema, na verdade, é do Norte/Nordeste, sendo que se agrava no Maranhão pela diversidade, principalmente nos campos alagados, muito presentes no Campo de Peris, por exemplo.

“O problema do animal veio muito de um período em que se comprava muita motocicleta no Maranhão, e as pessoas abandonaram os animais. É um problema exótico. Muitos animais procriam como se fossem selvagens, como o jumento. A gente tem feito recolhimento constante de animais. A quantidade é bem menor do que em outros tempos”, afirmou o chefe do Nucom/PRF. Ele lembrou que, há alguns anos, caminhões que vinham de outros estados, como Piauí, despejavam jumentos nas rodovias que cortam o território maranhense.

Desse modo, aumentava-se o risco de um acidente. Noberto pontuou que, naquela época, as pessoas entravam em contato com a PRF para informar que um caminhão havia acabado de deixar vários equinos às margens da BR-230. Para ele, um fator que impede um combate mais eficiente é a destinação do animal recolhido. “Se fosse só para recolher animais, garanto que não haveria nenhum na pista. Se deixar o animal na pista, a polícia pode ser acusada de omissa. E se a gente tira e não dá a destinação correta, pode ser acusada de crime ambiental. Acontecem convênios com fazendas, com prefeituras, por exemplo. E aí a gente deixa esses animais lá. Mas é algo insuficiente. Precisaria, talvez, de uma cartilha para educar os usuários sobre a situação”, avaliou Antonio.

Cadastro de regiões

Noberto comentou que a PRF tem um cadastro de muitas regiões do Maranhão, com suas peculiaridades geográficas e culturais. Desse modo, muitas fazendas se tornam conhecidas para os inspetores, o que facilita na apuração de um acidente envolvendo animais. “Muitos policiais rodoviários federais tiram fotos da marca do animal morto. Há policial que passa a faca e tira o couro do ferro, para servir de peça no processo. Assim, a gente sabe que determinado ferro é de determinado produtor”, esclareceu o chefe do Nucom/PRF.

Acidentes com porcos

Conforme o policial rodoviário federal, no Campo de Peris, em Bacabeira, por onde passa a BR-135, acontecem, também, acidentes provocados por animais soltos na pista, mas, geralmente, ocorrem com porcos. “O porco aparece na rodovia para comer os grãos que caem de caminhões que seguem para a área portuária. Eles comem soja e milho. Esses animais, normalmente, não entram na pista e ficam no acostamento, mas, quando entram, causam acidentes”, observou Noberto.

Acidentes fatais

Neste ano, já aconteceram cinco acidentes fatais provocados por animais na pista nas rodovias federais que cortam o Maranhão. Em março, um jovem morreu no km 48 da BR-402, no município de Morros, na Região do Munim, quando ele guiava uma motocicleta Honda Titan preta. Valdeildo de Almeida Santos, como foi identificado o rapaz, foi arremessado ao colidir em uma vaca que atravessava a rodovia de madrugada.

Ainda na BR-402, no mês passado, uma adolescente de 13 anos morreu ao ser arremessada na pista, em Morros, quando estava na garupa de uma moto, que era pilotada pelo pai dela. O veículo colidiu em um animal. A vítima, Deusilene Silva e Silva, ao cair no chão, foi atropelada por um carro, que seguia no sentido contrário. A menina era natural da cidade de Rosário.

Em março, morreu Charles dos Santos Cunha, de 35 anos, na BR-316, na cidade de Timon. Ele pilotava uma motocicleta, que colidiu em um boi. O rapaz não resistiu na pista ao ser arremessado. O animal sobreviveu ao impacto. Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) esteve no local. Ele trabalhava em uma empresa que presta serviços para Prefeitura daquele município.

Além disso, Charles, nas horas vagas, trabalhava como cabeleireiro, sendo que era casado e tinha filhos pequenos. Um mês antes desse caso, houve um óbito na BR-226, no perímetro urbano de Barra do Corda. O acidente ocorreu no dia 23 de fevereiro, por volta das 3h30. A vítima, Miguel Antônio da Silva Lima, guiava uma motocicleta Honda CG 150, quando colidiu em um animal.

Acidente com cantores

Recentemente, os vocalistas Luan Costa e Luy Diego, da banda Mesa de Bar, colidiram em uma vaca na BR-222, quando eles voltavam de um show na cidade de Matinha, na Baixada Maranhense. O carro ficou muito danificado devido ao impacto da batida. Os cantores não sofreram ferimentos graves. O animal, por outro lado, morreu, pois a batida foi muito forte.

Em vídeo publicado nas redes sociais, os cantores disseram que não foi possível desviar da vaca. O acidente ocorreu na manhã de domingo, 13.

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