Conflito

Turquia intensifica campanha na Síria e EUA fazem advertência

Estados Unidos alertam para ''consequências sérias''; cem mil pessoas foram desalojadas pela ofensiva turca na Síria, de acordo com a ONU; a incursão foi iniciada depois que Trump retirou tropas norte-americanas que lutavam ao lado de forças curdas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Tanque da Turquia visto na última quinta-feira,10, perto da fronteira com a Síria
Tanque da Turquia visto na última quinta-feira,10, perto da fronteira com a Síria (Reuters)

ANCARA - A Turquia intensificou seus ataques aéreos e de artilharia contra milícia curdas no nordeste da Síria na sexta-feira,11, reforçando uma ofensiva que provocou alertas sobre uma catástrofe humanitária e fez parlamentares republicanos dos Estados Unidos se voltarem contra o presidente Donald Trump.

A incursão, iniciada depois que Trump retirou tropas norte-americanas que vinham lutando ao lado de forças curdas contra militantes do Estado Islâmico, abriu uma nova frente na guerra civil síria de oito anos e atraiu grande repúdio internacional.

Um monitor da guerra informou que o número de mortos se aproximava de cem desde os primeiros dias do ataque, incluindo 17 civis, além de dezenas de combatentes curdos e rebeldes sírios apoiados pela Turquia. A Turquia diz que nove civis foram mortos do lado da fronteira por ataques de retaliação.

A ONU divulgou que já cerca de cem mil pessoas desabrigadas pelo ataque, de acordo com a France Press.

Mediação de conflito

Em Washington, Trump - que rebate acusações de que abandonou os curdos, aliados fiéis dos EUA-- deu a entender que seu país poderia mediar o conflito, mas também aventou a possibilidade de impor sanções contra a Turquia.

Na sexta-feira,11, aviões de guerra e peças de artilharia turcos alvejaram os arredores de Ras al Ain, uma de duas cidades fronteiriças sírias que são o foco da ofensiva. Jornalistas da Reuters situados na cidade turca de Ceylanpinar, do outro lado da fronteira, ouviram tiros.

Um comboio de 20 veículos blindados transportando rebeldes sírios aliados da Turquia entrou na Síria por Ceylanpinar. Alguns fizeram sinais de vitória, bradando "Allahu akbar" (Deus é grande) e acenando com bandeiras dos rebeldes sírios ao avançarem rumo a Ras al Ain.

Cerca de 120 quilômetros para o oeste, lançadores de morteiros turcos retomaram os ataques perto da cidade síria de Tel Abyad, disse uma testemunha.

"Nestes momentos, Tel Abyad está vendo as batalhas mais intensas em três dias", disse Marvan Qamishlo, porta-voz das Forças Democráticas Sírias (FDS) lideradas pelos curdos.

De madrugada, confrontos irromperam em diferentes pontos ao longo da divisa de Ain Diwar na fronteira iraquiana com Kobani, mais de 400 quilômetros ao oeste.

Forças turcas e das FDS trocaram tiros em Qamishli, entre outros lugares, segundo Qamishlo. "A fronteira toda está em chamas", afirmou.

Forças turcas capturaram nove vilarejos perto de Ras al Ain e Tel Abyad, disse Rami Abdulrahman, diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos, que monitora a guerra.

Ao menos 41 combatentes que lutam com as FDS, 34 rebeldes sírios apoiados pela Turquia e 17 civis foram mortos nos confrontos, de acordo com o observatório. As FDS disseram que 22 de seu combatentes foram mortos na quarta e quinta-feiras.

A Turquia diz que matou centenas de combatentes das FDS e que dois soldados turcos foram mortos. Autoridades turcas disseram que duas pessoas foram mortas e três feridas por morteiros na cidade fronteiriça de Suruc, aumentando o número de mortos para nove civis no lado turco.

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