Artigo

O que (e como pensam) os empreendedores

- Atualizada em 11/10/2022 às 12h22

O título deste artigo é o convite da viagem percorrida na dedicada pesquisa dos renomados professores doutores Walter Nunes (Universidade Federal do Maranhão) e Milton Zaro (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) na busca para uma (que pode parecer) resposta óbvia em sua percepção: a de que há pessoas com incríveis habilidades para empreender e que há outras que não desenvolvem esta capacidade. O resultado da pesquisa é o livro NeuroEmpreendedorismo - como o cérebro identifica oportunidades de negócios inovadores.

A obra avança numa área que é fronteiriça, no sentido de explorar a aplicação prática, ou criar formas eficazes para tanto, de investigação da habilidade neuroempreendedora. Questão que se reveste de valor inestimável, visto que um dos resultados possíveis de saber como funciona um cérebro neuroempreendedor é poder criar possibilidades de aprendizado ou modelação para aqueles que desejarem desenvolver este talento.

Os autores apresentam relatos de empreendedores bem sucedidos ao redor do mundo (incluindo o Brasil) que nos atraem imediatamente pelo fascínio de constatar que uma ideia, que pode ser aparentemente simples, poder erguer fortunas e, além disso, disponibiliza uma cornucópia de dados que mapeiam o empreendedorismo brasileiro, bem como a análise da participação de nossas universidades como possíveis catalisadoras, capazes de despertar, por meio do ensino e do conhecimento, novos olhares e visões que dão às pessoas a capacidade de pensar soluções e serem capazes de também proporcionar geração de emprego e renda.

Deparamo-nos com a indagação: então, o que diferencia um empreendedor de outro? Oportunidade, atitude visionária, sorte, inteligência, conhecimento, sensibilidade para perceber fatores imperceptíveis aos olhos das pessoas comuns? Ou todas estas coisas têm sua cota de influência?

As respostas estão em algum lugar numa intrincada rede de neurônios e sua relação com o meio e os insights que são produzidos num cérebro empreendedor. De algum modo existe uma maneira de ser que antecipa o sucesso. Todas essas questões estão de forma tangível e curiosamente exploradas nesta obra.

O livro tem o mérito do ineditismo e da compilação de dados relevantes, ao lado de uma escrita fluida e de agradável leitura. A cada página, os autores se nos desenrolam situações, histórias, conhecimento e nos introduzem num mundo ainda desconhecido por muitos.

Atribuem a Cristóvão Colombo a frase de que ninguém poderá atravessar o oceano até que se tenha a coragem de perder de vista a Costa. Singrar mares, conforme disse o poeta Camões, nunca dantes navegados ou por quase poucos navegados, é o desafio dos pesquisadores que se arriscam a sair do óbvio, e (re) descobrir novos olhares, a convidar outros a fazer perguntas diferentes. Por isso, recomendo a leitura. (Auto) conhecer é o início para uma eficaz resolução de demandas.

Natalino Salgado Filho

Médico, doutor em Nefrologia, ex-reitor da UFMA, membro da ANM, da AML, da AMM, Sobrames e do IHGMA

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