Navio iraniano

Irã diz que explosão em petroleiro do país foi um ataque terrorista

Navio-tanque, que seguia para Síria, derramou petróleo no Mar Vermelho; os tripulantes não foram atingidos e o navio está em bom estado, apesar de apresentar danos em seu casco

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Explosão provoca incêndio em navio iraniano e derramamento de petróleo no Mar Vermelho
Explosão provoca incêndio em navio iraniano e derramamento de petróleo no Mar Vermelho (Divulgação)

DUBAI — Uma explosão incendiou um petroleiro iraniano a cerca de 100 quilômetros da cidade portuária saudita de Jidá, nesta sexta-feira. Segundo a Isna, agência estatal do Irã, mísseis atingiram os dois principais tanques da embarcação, causando o derramamento de petróleo no mar e aumentando as tensões em uma região amplamente volátil. O veículo da República Islâmica classificou o incidente como um " ataque terrorista ".

Segundo a Companhia Nacional de Petróleo do Irã, estatal dona da embarcação, duas explosões foram registradas às 5h e às 5h20, horário local (23h e 23h20 da noite de quinta-feira,10, no horário de Brasília. Os tripulantes não foram atingidos e o navio está em bom estado, apesar de apresentar danos em seu casco. Há relatos contraditórios se o vazamento de óleo foi contido.

A mídia iraniana publicou fotos que mostram uma grande nuvem de fumaça saindo do do petroleiro. O navio-tanque estava a caminho da Síria, via Canal de Suez e Mediterrâneo, com uma carga de cerca de um milhão de barris de petróleo. A notícia dos ataques fez o preço do petróleo subir, com o barril do tipo Brent, referência internacional, registrando alta de 2%.

Abbas Mousavi, porta-voz do governo iraniano, condenou uma afirmação da agência estatal Irna de que a embarcação teria sido um alvo pré-estabelecido, mas não deu maiores detalhes. A televisão iraniana identificou o navio como Sabiti, mas o site de controle de tráfego marítimo Marine Traffic mostra que o petroleiro não transmite sua localização desde o meio de agosto.

Os relatos de explosão deverão aumentar as tensões na região, onde a rivalidade entre Irã e Arábia Saudita e seus aliados tem se concretizado de maneiras diversas. Entre junho e julho, navios foram apreendidos por ambos os lados. Em setembro, duas das principais instalações de refino de petróleo sauditas sofreram ataques de drones que cortou pela metade a produção do reino e fizeram o preço do petróleo disparar .

Os ataques foram reivindicados pelos rebeldes houthis, que são apoiados pelo regime iraniano e no final de 2014 derrubaram um governo pró-saudita no Iêmen, mas Riad e os EUA o colocaram na conta de Teerã . A República Islâmica, por sua vez, nega qualquer envolvimento .

Aumento das tensões

A localização do episódio desta sexta, no Mar Vermelho, fica no lado oposto da Arábia Saudita ao Golfo Pérsico, onde os episódios militares mais recentes vêm acontecendo. Horas após aos ataques, nenhum país ou organização assumiu responsabilidade. A Dryad Global, firma de segurança marítima, disse que o local sugere envolvimento saudita, mas que o reino não teria ganhos suficientes com as explosões.

O acirramento das tensões no Golfo Pérsico começou em 2018, quando os Estados Unidos, aliados dos sauditas, abandonaram unilateralmente o acordo nuclear de 2015 e voltaram a aplicar restrições econômicas contra o país persa. Desde então, o governo Trump passou a sancionar todas as transações financeiras e comerciais com o país persa, exceto as que envolvem remédios e alimentos. O chanceler do país, Mohammad Javad Zarif, e o líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, também foram alvos de sanções.

Essa política de "pressão máxima" busca cortar o acesso da República Islâmica a fontes de financiamento e reduzir a zero suas exportações de petróleo para forçá-los a negociar termos que substituam o pacto de 2015, classificado por Trump "como o pior da história"

Em resposta, o Irã, que sempre cumpriu a sua parte no acordo, disse que suspenderia alguns compromissos previstos no texto, como sobre o enriquecimento de urânio e sobre os estoques de material nuclear. Segundo o governo, é um direito deixar de cumprir esses compromissos, uma vez que não está recebendo qualquer benefício em troca. Na esperança de salvar o acordo, evitando um conflito em potencial, os países europeus tentam incentivar o diálogo entre Teerã e Washington, mas não vêm obtendo sucesso.

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