Ocupação

Com proximidade do Dia da Criança, camelôs ocupam Rua Grande

Em toda a extensão da via comercial há vendedores de vários produtos, até de tomate e cebola; enquanto isso, bancas retiradas da via estão nas transversais

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Vendedores ambulantes aproveitam data comemorativa para invadir a Rua Grande com seus produtos
Vendedores ambulantes aproveitam data comemorativa para invadir a Rua Grande com seus produtos (ambulantes na rua grande)

Revitalizada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em parceria com a Prefeitura de São Luís, a Rua Grande está mais movimentada nos últimos dias, devido à aproximação do Dia da Criança. Além dos pedestres, que lotam a via, os ambulantes se espalham pelo local. Dos tradicionais vendedores de chips aos que oferecem camisas de clubes de futebol, eles ocupam as calçadas. Alguns podem ser vistos até no meio da rua, apesar da fiscalização.

O Estado esteve na Rua Grande, para verificar a situação. Na via, foram observados vendedores de sucão, meias, bermudas, água mineral, sorvetes, cadeados e celulares de segunda mão. Até um homem com sacolas de tomate e cebola foi visto no local, comercializando o produto. Sobre um dos bancos da via, miniaturas de carros de madeira eram oferecidas para venda por um camelô. O problema é mais grave em frente às Lojas Americanas. Lá, há uma espécie de feira, com vários ambulantes um ao lado do outro, vendendo de chips a camisas.

“Eu não me importo muito, mas começo a me irritar quando eles nos puxam, forçando uma venda. Isso é chato demais. Deveria ter uma fiscalização rigorosa, porque isso é constrangedor”, desabafou Maud Pinheiro, que trabalha como doméstica e estava na Rua Grande para comprar brinquedos para os dois filhos. Além dela, outros consumidores reclamaram da presença, cada vez maior, de ambulantes em toda a extensão da rua, o que se torna um obstáculo para a passagem dos pedestres.

O universitário Janilson Aragão expressou que os ambulantes deveriam ser retirados e colocados também nas transversais, como ocorreu com as bancas dos camelôs, em agosto deste ano, após intervenção da Prefeitura de São Luís, por meio da Blitz Urbana. “Além do barulho desses locutores, que incomoda muito, ainda tem esse caso dos ambulantes. Não são poucos. São muitos espalhados pela rua. Outro dia, eu vi aquelas ciganas que ficam enganando as pessoas e levam nosso dinheiro”, contou o estudante. Há, ainda, outras pessoas que oferecem serviços, como design de sobrancelhas e colocação de película de vidro em celulares.

Movimentação
As promoções nas lojas servem como um “ímã”, pois atraem mais pessoas. Os adultos levam as crianças para que escolham seus presentes. Mães transitam pela via com filhos recém-nascidos no colo. Outros são levados em carrinhos de bebês. Em praticamente todos os estabelecimentos, mesmo aqueles que não são voltados para o público infantil, há queda de preços.

Os comerciantes disseram a O Estado que, diferentemente do que ocorreu em 2018, o aumento de clientes está acontecendo dias antes do Dia da Criança. “No ano passado, a Rua Grande ficou lotada somente no dia. Agora, já está lotada. É muita gente. Isso nos deixou impressionados”, comentou Guilherme, segurança de uma loja de brinquedos. Até mesmo farmácias aderiram às promoções. Há anúncios de fraldas e leite em pó, com preços abaixo do padrão.

O fato é que as promoções despertam o desejo de quem está ali fazendo sua pesquisa de preços. Para a jovem Fran Raquel, moradora do Alto da Esperança (área Itaqui-Bacanga), o cliente sempre tem razão. “Eu trouxe o meu filho Tayson Felipe, que tem 3 anos, para escolher seu presente. Além do que ele quiser levar, claro que o que é barato também conta muito”, comentou ela.

O Estado manteve contato com Prefeitura de São Luís questionando sobre a presença dos vendedores ambulantes na Rua Grande, mas, até o fechamento desta edição, não houve resposta.

SAIBA MAIS

RETIRADA DE CAMELÔS

Em parceria com a Polícia Militar, a Blitz Urbana retirou as bancas dos vendedores ambulantes da Rua Grande, no dia 7 de agosto deste ano. A ação ocorreu por causa da lei que visa o disciplinamento do espaço público e o projeto de requalificação urbanística da região central da cidade. O objetivo é deixar o lugar menos poluído visualmente e liberar as calçadas para a passagem dos pedestres. Na ocasião, Arnoldo de Assis Bastos, superintendente de Fiscalização de Postura da Blitz Urbana, disse que os camelôs foram avisados, no mês anterior, de que teriam de deixar o local, para liberar as calçadas e tornar o ambiente mais agradável visualmente. “Não somente em agosto, mas em julho, houve reuniões, nas quais eles foram comunicados de que seriam retirados por conta da entrega da obra de requalificação”, disse Bastos.
Muitos ambulantes, que aos poucos foram deslocados para as ruas transversais da Rua Grande, não queriam deixar o local temendo prejuízos financeiros devido à mudança. O Sindicato dos Vendedores Ambulantes de São Luís, inclusive, enviou uma documentação à Câmara Municipal de São Luís, à Prefeitura e à Secretaria Municipal de Urbanismo e Habitação (Semurh), pedindo que os camelôs permanecessem na Rua Grande, mas com barracas padronizadas e sem precisar dividir o espaço com os pedestres.

Projeto de requalificação

O projeto é considerado um dos maiores investimentos de revitalização na região nos últimos 30 anos, sendo que o objetivo é preservar o local como Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). No total, são 44 ações em um projeto de R$ 133 milhões oriundos de recursos federais em parceria com a Prefeitura de São Luís.

Dentro do programa, além da Rua Grande, há intervenções no Complexo Deodoro; na antiga Fábrica Santa Amélia, na Rua Cândido Ribeiro, e o antigo prédio da Junta Comercial do Maranhão (Jucema), na Praça Pedro 2. Agora, para o segundo semestre, estão previstas obras na Praça João Lisboa, Largo do Carmo e Praça das Mercês. A previsão de encerramento está entre oito meses a um ano, segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Com relação à Rua Grande, a obra de requalificação urbanística – orçada em R$ 31.404.149,09 – promoveu a recuperação das redes subterrâneas de eletricidade, drenagem profunda e esgotamento sanitário. Bem como instalou um conjunto de postes metálicos com iluminação de LED, fiação elétrica subterrânea, pavimentação de toda a rua com piso de granito nas laterais, blocos no piso central e marcação de calçada.

Esse projeto teve início em novembro do ano passado, após liberação inicial de R$ 6 milhões pelo governo federal.

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