Crise interna

Bolsonaro se reúne com parte dos deputados federais do PSL

Encontro fora da agenda oficial ocorreu um dia após presidente da República falar a apoiador para esquecer o PSL e dizer que presidente nacional da sigla, Luciano Bivar, estava "queimado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Bolsonaro reuniu parlamentares do PSL após início de crise com a sigla
Bolsonaro reuniu parlamentares do PSL após início de crise com a sigla (Jair Bolsonaro)

Brasília

O presidente Jair Bolsonaro recebeu ontem, fora da agenda oficial, no Palácio do Planalto deputados da bancada do PSL, sua advogada Karina Kufa e o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Admar Gonzaga.

Bolsonaro recebeu parlamentares e os advogados um dia após sugerir a um apoiador que esquecesse o PSL, partido ao qual é filiado.

Na oportunidade, um homem se apresentou como pré-candidato do PSL em Recife e ouviu de Bolsonaro que era para esquecer a legenda. Bolsonaro ainda disse ao apoiador que o presidente do partido, o deputado federal Luciano Bivar (PE), estava "queimado".

Diante do episódio registrado na última terça-feira, 8, surgiram rumores de uma possível saída de Bolsonaro do PSL, partido ao qual se filiou em 2018 para disputar a eleição.

Encontro

Após o encontro, o deputado federal Bibo Nunes (PSL-RS) conversou rapidamente com jornalistas, mas evitou entrar em detalhes sobre o que foi discutido com Bolsonaro.

Segundo Bibo, os deputados presentes fizeram um “pacto” de não comentar o que foi acertado no encontro, que será divulgado posteriormente. O parlamentar reiterou o apoio ao presidente da República.

“Temos problemas que serão bem solucionados, bem solucionados. O Brasil vai ganhar com essa solução. Eu defendo o melhor para o Brasil. Seguir na linha Bolsonaro, que é o melhor para o Brasil. Participou [da reunião] um grupo bom de deputados que querem o melhor do Brasil”, disse.

‘Insustentável’

Karina Kufa e Admar Gonzaga também concederam entrevista depois da reunião. Segundo Gonzaga, os deputados pediram a reunião com Bolsonaro.

Questionado sobre se Bolsonaro deu algum indício de que deixará o PSL, o ex-ministro do TSE disse que o presidente está “desconfortável” com a situação com o partido e que “questões serão avaliadas.

A advogada Karina Kufa afirmou que a situação no PSL ficou “insustentável” em razão do que considera falta de transparência na legenda. Na opinião dela, o PSL deixou de ser um partido "transparente".

"Foi muito difícil entrar em um acordo quando um partido não está disposto a abrir simplesmente uma votação democrática, seja para alteração de estatuto, seja para eleição dos dirigentes. Então, ficou insustentável em razão desses motivos que acontecem em alguns partidos, mas que não dá para o presidente levar um encargo tão grande de um partido que acaba não permitindo que haja essa pluralidade", afirmou a advogada de Bolsonaro.

“A gente tem diversos deputados que não têm informação nenhuma, não têm acesso às contas. E é isso que foi pleiteado. Se tem um partido, o partido é de todos, e os deputados têm que ter acesso. Não se pode ter votações sem qualquer participação dos próprios parlamentares”, complementou Kufa.

Questionada se a falta de transparência pode levar a uma saída do partido, Kufa avaliou que existe a possibilidade, mas frisou que a pergunta deveria ser feita ao próprio Bolsonaro.

“Ele não tem mais nenhuma relação com o PSL”, diz Bivar

O presidente do PSL, deputado Luciano Bivar, disse ontem considerar que o presidente da República, Jair Bolsonaro, já decidiu pela saída do partido. “Quando ele diz a um estranho para esquecer o PSL, mostra que ele mesmo já esqueceu. Mostra que ele não tem mais nenhuma relação com o PSL”, afirmou.

Bivar disse não entender o que motivou o presidente a dar tais declarações.

“Ontem mesmo, eu recebi um convite para ir a uma cerimônia no Palácio do Planalto e tinha um jantar marcado com o ministro da Justiça, Sérgio Moro. Então, não vi indicativo nenhum”, comentou.
Para ele, a intenção do presidente ao atacar o PSL é mostrar que não tem envolvimento com denúncias sobre irregularidades envolvendo a candidaturas de mulheres que seriam laranja para obter recursos públicos.

"Acho que ele quis sair porque tem preocupação com as denúncias de laranjas. Ele quer ficar isento dessas coisas", afirmou Bivar. l

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