Artigo

A escola é lugar de cinema

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22

O Cineclube UMES - União Municipal de Estudantes Secundaristas, de São Paulo exibiu, recentemente, o longa metragem OURO NEGRO, a Saga do Petróleo Brasileiro na mostra “Cinema com Partido” juntamente com 38 filmes oriundos de diferentes cinematografias. A mostra reúne títulos que apresentam visões críticas sobre o colonialismo, o imperialismo, o racismo, a discriminação de mulheres, o extermínio das populações indígenas, a degradação do meio ambiente e o desprezo pela Ciência. Esse conteúdo cinematográfico vem alimentando debates entre diretores e estudantes sobre a conjuntura política do país.

O interesse dessa nova geração, por OURO NEGRO comprova a atualidade do assunto, que mobilizou todo o Brasil, durante a Campanha do Petróleo é Nosso, por seis anos, até 1953. Na rede aberta, o filme vem sendo exibido, constantemente, pela Globo, após integrar a programação de canais fechados, tais como Telecine e Canal Brazil. A saga é ambientada no princípio do século XX tendo Danton Mello no papel de João Martins, filho adotivo da família Gosh e personagem síntese de vários empreendedores que perderam todos os seus investimentos, por conta da nacionalização da indústria petrolífera e das riquezas do subsolo. A nossa narrativa se estende, entre a primeira década do século XX até o princípio dos anos 40. “Getúlio governou o país durante dois mandatos sendo o primeiro, a ditadura do Estado Novo. Em seu governo foi promulgada a Constituição de 1932 e instituída a CLT - Consolidação das Leis do Trabalho, com semanas de 48 horas, carteira profissional, férias remuneradas e salário mínimo. Nessa altura, a polêmica da existência do petróleo brasileiro era o centro de um debate mesclado ao sentimento nacionalista, criando-se o Conselho Nacional de Petróleo, em 1937. Com tais medidas, mesmo comandando uma ditadura, Getúlio tornou-se um dos presidentes mais populares do país. Foi deposto, porém, retornou ao poder pelo voto popular. Em seu segundo mandato foi criada a Petrobras, no ano de 1954.

Com a realização dessa mostra de filmes políticos, a UMES estabelece uma saudável conexão entre a Escola e o conteúdo cinematográfico., pois, sua seleção de filmes é capaz de abrir a cabeça e o coração dos estudantes, tendo títulos como: “A Vida de Galileu” (Inglaterra - 1975) de Joseph Losey, sobre o julgamento desse personagem pela Inquisição, por defender a tese de Copérnico, de que a Terra gira em torno do Sol;“ Coronel Delmiro Gouveia” , de Geraldo Sarno (Brasil 1979), que narra a saga desse personagem real, misteriosamente assassinado após desbancar a concorrente inglesa, a Cottons Machine”com a fabricação de suas linhas de costura; “ Queimada” (Itália - 1969) de Gillo Pontecovo, em que Marlon Brandon interpreta um espião inglês enviado à ilha de Queimada para eliminar um revolucionário.

Após o fim do DVD, o espectador tende a se limitar aos filmes programados pelas plataformas mundiais. Se o filme não se encontra disponível em algum sítio da Internet torna-se um conteúdo perdido. A montagem dessa mostra temática, realizada pela UMES, representa um resgate muito significativo para a formação de platéias. A integração de filmes ao currículo escolar é uma antiga reivindicação de nossa classe cinematográfica - partidária de ações inclusivas, pois a apreciação cultural aprendida nessa fase, tem o poder de fomentar público e de renovar o interesse pelo bem artístico. Cinema é Cultura e, portanto, é uma importante ferramenta para a formação educacional.

Isa Albuquerque

Diretora, produtora e roteirista de OURO NEGRO

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