Nome emprestado

36% dos brasileiros usaram nome de terceiros para fazer compras no último ano

Segundo pesquisa CNDL/SPC Brasil, amizade ficou abalada em 51% dos casos em que houve falta de pagamento

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Prática é utilizada, principalmente, por quem está com dificuldades de acesso ao crédito
Prática é utilizada, principalmente, por quem está com dificuldades de acesso ao crédito (nome)

Negar ajuda a um parente ou amigo que passa por dificuldades financeiras é uma situação que pode gerar constrangimentos. E no caso de atraso no pagamento da dívida, quem pede o nome emprestado também pode causar transtornos nas finanças de quem empresta, atrapalhando inclusive a relação de amizade entre as duas partes. Um levantamento feito em todas as capitais do país pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostra que 36% dos consumidores brasileiros fizeram compras utilizando o nome de terceiros nos 12 meses anteriores a pesquisa, sendo que o hábito de pedir o nome emprestado é ainda maior entre as pessoas de mais baixa renda (38%) e entre os jovens (46%).

De acordo com o estudo, a prática é utilizada, principalmente, por quem está com dificuldades de acesso ao crédito ou enfrenta imprevistos e não conta com uma reserva de emergência. Em cada dez pessoas que pediram o nome emprestado para realizar compras parceladas, três (30%) se encontravam com o limite estourado no cheque especial ou cartão de crédito. Outros 22% não tinham determinadas modalidades de crédito à disposição para uso, 18% estavam com o ‘nome sujo’ e 16% tiveram crédito negado.

Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o consumidor que empresta seu nome precisa refletir sobre as consequências do ato, pois a responsabilidade legal sobre a dívida é sempre de quem emprestou, já que, formalmente, ele é o titular da pendência financeira.

“Caso o tomador do nome emprestado não consiga honrar o compromisso assumido, é a pessoa que empresta o nome quem arca com as consequências financeiras e jurídicas da situação. Recusar ajuda para familiares e amigos pode parecer cruel, mas muitas vezes, essas já apresentam um histórico desfavorável de pagamentos e há um risco real de que a dívida não seja paga e quem emprestou o nome será obrigado a arcar com o pagamento da quantia sozinho”, afirma a economista.

O estudo revela ainda que na hora de pedir o nome emprestado, as pessoas mais procuradas são aquelas do círculo de convivência, como os pais (28%), os cônjuges (21%), amigos (17%) e irmãos (16%). Além disso, na maioria das vezes, quem solicita esse tipo de ajuda acaba obtendo uma resposta positiva, uma vez que 77% dos entrevistados sempre conseguiram o nome emprestado, mesmo que parte tenha enfrentado algum tipo de dificuldade (22%).

A pesquisa revela que os argumentos de convencimento mais utilizados por quem pede o nome emprestado são a obrigação de pagar uma dívida (22%) e a necessidade de fazer compras em supermercados (17%). Há ainda 14% de pessoas que alegaram ter de comprar algo para o filho.
De acordo com a pesquisa, 7% das pessoas que pediram o nome emprestado nem mesmo avisaram o dono do dinheiro sobre a quantia que seria usada e, entre aqueles que avisaram, o valor a ser gasto (87%), 11% acabaram consumindo algo acima do que estava combinado.

“Em vários casos, quem empresta desconhece a finalidade daquele dinheiro, que pode acabar sendo usado para aquisições que não são de fato emergências ou importantes. Antes de emprestar o nome, é válido procurar entender o que motivou o pedido para tentar ajudar a pessoa de outra maneira. Para não se comprometer de imediato, a pessoa abordada pode dizer que consultará a família antes de dar uma resposta, por exemplo”, afirma o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli.

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