Violência

Mais um homicídio é registrado em Imperatriz

Onda de assassinatos na segunda maior cidade do Maranhão fez mais uma vítima, em frente ao Cemitério Campo da Saudade, na madrugada desse domingo, 6

Nelson Melo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Assassinato de Itauanderson Monteiro engrossou estatística da violência em Imperatriz
Assassinato de Itauanderson Monteiro engrossou estatística da violência em Imperatriz (Assassinado)

Nelson Melo

Da Equipe de O Estado

A onda de assassinatos em Imperatriz, no sudoeste do Maranhão, continua. No último fim de semana, ocorreu mais um homicídio no município. A vítima foi Itauanderson Gutiemelle da Silva Monteiro, o “Lorim”, de 22 anos, que não resistiu após ser atingido por ao menos quatro disparos de arma de fogo, em frente ao Cemitério Campo da Saudade. O mês passado fechou com 21 mortes violentas na cidade, segundo dados do Instituto Médico Legal (IML).

De acordo com informações obtidas por O Estado com a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Imperatriz, Itauanderson moreu na madrugada de domingo, 6, por volta das 2h30. O crime aconteceu na Avenida Newton Bello. No local, a “lei do silêncio” dificultou o trabalho da polícia na coleta de detalhes sobre as circunstâncias e fisionomia dos autores. Ninguém se arriscou a prestar informação, temendo represália de bandidos.

Passagens pela polícia

Itauanderson Gutiemelle havia sido preso em junho de 2016, como suspeito de ter planejado o latrocínio (roubo que resulta em morte) dos comerciantes Luci Maria Silva e Raimundo Soares da Silva, crime ocorrido no dia 2 de maio daquele ano. Ele também foi apontado como autor do assassinato de um taxista, também em Imperatriz.

Setembro violento

Setembro foi o mês mais sangrento, até agora, em Imperatriz, com 20 homicídios confirmados e uma morte com características de execução, que está sendo investigada. O caso que mais repercutiu foi o assassinato do soldado Wanderson Monteiro dos Santos Silva, de 27 anos, crime ocorrido na tarde do dia 23. O policial militar foi morto a tiros durante um assalto a uma loja de celulares.

Wanderson Monteiro estava de folga e fazia um “bico” como segurança do local. Ele reagiu ao roubo e foi baleado na cabeça, de acordo com a Polícia Civil. O PM foi morto por volta das 14h30, na Rua Paraíba, no bairro Juçara. Dois bandidos entraram na loja e anunciaram o assalto. O soldado trabalhava no município de Buriticupu/MA. A viúva dele está grávida.

Também em setembro, mataram Fernanda Lopes de Oliveira, 25, no bairro Bacuri, no dia 26. Ela, que foi baleada por desconhecidos, não resistiu dentro da ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que a conduzia ao Hospital Municipal de Imperatriz (HMI). A jovem, segundo a Polícia Civil, tinha envolvimento com entorpecentes.

No mesmo dia, ocorreu o assassinato de Dorian dos Santos Lopes, alvejado na cabeça e tórax. Ele, que tinha passagens por porte ilegal de arma de fogo e roubo, morreu assim que entrou no HMI. No local onde ocorreram os disparos, policiais da DHPP encontraram cápsulas de pistola .40. A vítima havia sido presa em março de 2014 em Porto Franco/MA, quando estava em um veículo clonado, modelo Saveiro, de cor preta.

Dorian, naquela época, também tinha um mandado de prisão decretado pela Comarca de Tocantinópolis/TO. Em junho de 2016, novamente foi preso, durante uma operação da Polícia Civil para desarticular uma associação criminosa especializada em furtar e adulterar carros no sudoeste maranhense.

Em setembro, houve, ainda, a morte de Pedro Brito Sousa, de 19 anos, o “Pedim”, que tinha várias passagens pela polícia. Ele foi executado a tiros na Rua Coriolano Milhomem, no bairro Bacuri. Segundo policiais da cidade, Pedro tinha envolvimento em pelo menos três homicídios. A polícia informou que o jovem morreu baleado em uma troca de tiros com policiais. Ele ainda foi levado ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos.

"Pedim" era considerado de alta periculosidade, inclusive, era suspeito de três homicídios e era dono de uma vasta ficha criminal. No velório, que ocorreu na casa dos avós dele, bandidos atiraram no corpo de Pedro. Conforme a polícia, uma motocicleta parou na porta da casa, ao que dois homens desceram, entraram no imóvel e, sem dizer nada, desferiram vários disparos no cadáver.

Rede criminosa

A cidade de Imperatriz transformou-se em um local de atuação de grupos de extermínio e facções criminosas. Em 2017, a Superintendência de Homicídios e Proteção à Pessoa (SHPP), durante a “Operação Diamante Negro”, descobriu uma rede criminosa com atuação em três estados: Maranhão, Tocantins e Pará. No território maranhense, essa associação tinha como “base” a Região Tocantina, onde ordenava assassinatos, explodia agências bancárias e distribuía armas de fogo, incluindo fuzis.

Esse grupo tinha vínculos com uma facção criminosa originária de São Paulo e chegava a cooptar policiais militares para fazer escolta de comboios formados para os ataques bancários. A SHPP foi deslocada a Imperatriz após uma série de assassinatos que possuíam uma ligação, uma vez que haviam sido planejados e executados pela mesma quadrilha. Uma das vítimas foi o padeiro Valdinei Pereira da Silva, o “Ney da Padaria”, executado a tiros em 24 de abril de 2017 naquela cidade.

Ele foi executado em um acerto de contas por conta de desentendimento, pois parte do grupo teria achado que o empresário estaria “passando a perna” nos demais. Como os valores da contabilidade da organização criminosa não estavam “batendo”, apuraram que o dono da padaria retirou dinheiro do cofre do bando, e, por esse motivo, o assassinaram, no bairro Conjunto Planalto, em Imperatriz. A mulher dele até deixou a cidade pouco depois.

Membros dessa perigosa quadrilha foram presos em 5 de junho de 2017, em Bela Vista do Maranhão, com quatro fuzis calibre 556; uma submetralhadora israelense; uma pistola calibre 380; um revólver calibre 38; duas pistolas calibre 9mm; 43 munições calibre ponto 40 e um radiocomunicador.

Naquela ocasião, equipes do 7º BPM, de Santa Inês, e da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic) capturaram o soldado da PM Mailton Pereira Pacheco, que fazia escolta dos demais bandidos, identificados como Heverton soares de Oliveira e Marcos José de Sousa. Com o grupo, os policiais apreenderam, ainda, três veículos: VW/ Fox prata, de placa DJG-9865; uma Toyota Hilux 4x4 prata, de placa OIS-1313, e outra Toyota Hilux branca, de placa ODT-8104.

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