ELETRICIDADE

Mais de 20 pessoas morreram por choque elétrico em 2018, no MA

Dados são da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel); de acordo com a SSP-MA, 10 mortes ocorreram na Ilha

MONALISA BENAVENUTO / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22

Vinte e três pessoas morreram vítimas de choque elétrico no Maranhão, em 2018. Foi o que mostrou uma pesquisa produzida pela Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel). Embora 17% inferior ao ano anterior (2017), quando 28 mortes por choque foram registadas no estado, a estatística é preocupante e requer atenção, uma vez que grande parte dos casos acontecem dentro de casa. Especialista esclarece os cuidados que devem ser tomados pa­ra evitar esses acidentes.

Os dados apresentados no Anuário Estatístico de Acidentes de Origem Elétrica da Abracopel apontaram que o Maranhão foi, em 2018, o sexto estado em número de acidentes fatais causados por descargas e choques elétricos do Nordeste, região com mais casos do Brasil no período - 261 do total de 622 registros no país.

Dos casos registrados no estado, 43% (10 mortes) ocorreram na Região Metropolitana de São Luís, de acordo com estatísticas da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA). Entre os casos mais recentes, alguns ocorreram no interior do estado. No mês de julho, uma adolescente identificada como Suene Maciel, de 17 anos, morreu eletrocutada, após levar uma forte descarga elétrica em uma das pernas, quando tentava ligar uma extensão com o fio desencapado na tomada, no município de Bela Vista. Segundo a família da adolescente, ela chegou a ser levada ao hospital ainda com vida, mas não resistiu a gravidade do choque. Em junho, Lílian Carvalho foi vítima de uma descarga elétrica, enquanto tentava desligar a máquina de lavar roupas. Ela não resistiu ao choque e morreu no local.

De acordo com Francisco Ferreira, engenheiro eletricista e executivo de segurança da Companhia Energética do Maranhão (Cemar), a maioria dos acidentes pode estar relacionado ao fato de as instalações elétricas de muitas residências serem antigas. Além disso, “gambiarras” elétricas, falta de manutenção e o uso de uma mesma tomada para conexão de diversos equipamentos ao mesmo tempo são outros fatores que potencializam os riscos de choques elétricos.

“A gente tem de ter consciência que instalação elétrica também tem validade. Então, periodicamen­te é preciso fazer uma revisão. A gente recomenda que ocorra a cada três ou cinco anos. Quando tenho mais equipamentos que tomadas, significa que a minha instalação está sobrecarregada e, então, é importante olhar, pois, na falta de tomadas para equipamentos é que começam os problemas. Muita gente usa réguas, benjamins, tês, o que não é ideal, além de que muitos não possuem certificação e podem trazer problemas diversos”, esclareceu Ferreira.

Conforme destacou o especialista, quando o assunto é eletricidade, a prevenção é a maneira mais eficaz de evitar fatalidades, afinal, a energia elétrica garante qualidade de vida, além de proporcionar evolução tecnológica para a sociedade. Mas, se usada de forma inadequa­da, oferece perigo e pode ocasionar graves acidentes.

“Eletricidade é muito bom, traz conforto, alegria. Quem é que não gosta de ouvir música, assistir televisão, carregar o celular, no ar-condicionado, de preferência? Mas tudo isso precisa ser usado com moderação, como tudo na vida. É preciso respeitar os limites para garantir que não tenha problema de acidente”, reforçou o engenheiro eletricista.

Cuidados

Além da manutenção regular das instalações e equipamentos, outros fatores relacionados a eletricidade requerem atenção. Dentre elas, Francisco Ferreira destacou:

– manter disjuntores ou os dispositivos diferenciais residuais (DR e DDR) ativos;

– em caso de manutenções, confiar o serviço apenas a especialistas;

– redobrar o cuidado em áreas molhadas: banheiros, cozinha e lavanderia;

– não manusear equipamentos elétricos com o corpo olhado;

– garantir que o terceiro pino (de aterramento) esteja devidamente conectado à tomada;

– evitar o uso de equipamentos sem certificação do INMETRO, principalmente extensões, benjamins, tês e réguas;

– não permitir que crianças manuseiem equipamentos elétricos;

– não produzir emendas isoladas com fitas adesivas, sacos plásticos, dentre outros utensílios inadequados;

– não utilizar celular enquanto estiver conectado à tomada.

Em caso de acidentes, o profissional destacou que a única medida tomada deve ser o desligamento de disjuntores. “Em hipótese alguma deve-se tocar a pessoa que está recebendo uma descarga, pois as chances do choque lhe atingir são muito grandes. Além disso, em casos de identificação de fiação rompida nas ruas, é preciso manter distância e buscar evitar a aproximação de outras pessoas pois, devido à voltagem muito alta, a descarga pode acontecer sem que, ao menos, os fios sejam tocados”, frisou.

Em casos de acidentes elétricos, a população deve entrar em contato com a Central de Atendimento da Cemar 116 e com o Corpo de Bombeiros, por meio do número 193.

Por que ocorre o choque?

A corrente elétrica, quando percorre o corpo humano, interfere nas correntes internas carregadas pelos nervos, dando-nos a sensação de formigamento.

Para que o choque ocorra, deve haver uma diferença de potencial entre dois pontos distintos do corpo humano, ou seja, quanto maior for a diferença de potencial, maior será a corrente elétrica; como consequência, o choque também será maior. Geralmente, um desses pontos sãos os pés, que estão em contato com o solo, e o outro ponto é o que de fato entra em contato com algum aparelho elétrico ou fio elétrico.

O valor da corrente elétrica, ou melhor, a sua intensidade depende de alguns fatores relevantes, como a voltagem e a resistência elétrica do caminho percorrido pela corrente elétrica no corpo. A resistência do corpo humano sofre variação de uma pessoa para outra e também depende das condições da pele de cada um. Quando o corpo humano está molhado, sua resistência é bem menor que quando está seco. Molhado, a resistência cai, e a corrente que passa pelo corpo humano pode ser bastante alta, mesmo para uma tensão pequena.

Devemos perceber que os danos que são causados pelos choques são mais relacionados com a corrente elétrica do que com a voltagem. Podem ocorrer choques que levam a óbito mesmo com uma voltagem de apenas 20 V.

Danos causados ao corpo humano

Quando uma corrente elétrica passa pelo corpo humano, pode-se sentir os seguintes efeitos: pequeno formigamento, dores, espasmos musculares, contrações musculares, alteração nos batimentos cardíacos, parada respiratória, queimaduras e morte. Os danos são provenientes do fato de o movimento dos músculos e as transmissões de sinais nervosos ocorrerem pela passagem de pequenas correntes elétricas.

Outro fator que pode causar danos ao corpo humano é o trajeto que a corrente faz. O fato de ela passar pelo coração, que é um músculo, causa os espasmos que alteram o ritmo cardíaco, deixando-o irregular. Os choques mais perigosos acontecem quando uma pessoa segura com as duas mãos o fio elétrico, pois o caminho a ser percorrido pela corrente elétrica fica mais próximo do coração.

Valores de corrente e os danos que causam

1 mA a 10 mA – apenas formigamento;
10 mA a 20 mA – dor e forte formigamento;
20 mA a 100 mA – convulsões e parada respiratória;
100 mA a 200 mA – fibrilação;
Acima de 200 mA – queimaduras e parada cardíaca.

Números

622 mortes causadas por choque elétrico foram registradas no Brasil, em 2018
261 causadas por choque elétrico foram registradas no Nordeste no mesmo período;
23 causadas por choque elétrico foram registradas no Maranhão;
10 causadas por choque elétrico foram registradas em São Luís.

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