PRAIAS

Impropriedades de praias gera prejuízos a donos de bares da Av. Litorânea

Donos de bares alegam que sinalização de balneabilidade afasta visitantes; em busca de soluções, empresários do setor se reunirão com órgãos públicos

MONALISA BENAVENUTO / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Todos os pontos analisados na Praia da Ponta d’Areia continuam impróprios para banho
Todos os pontos analisados na Praia da Ponta d’Areia continuam impróprios para banho (imprópria)

As condições de balneabilidade das praias da Ilha têm sido um problema frequentemente enfrentado por banhistas que visitam a orla, gerando, inclusive, prejuízos a empresários que atuam no setor de bares. De acordo com a Associação de Bares e Restaurantes da Avenida Litorânea (Aslit), os estabelecimentos registram queda de até 30% nas vendas devido a redução de frequentadores. Diante da realidade, a categoria, junto com representantes da rede hoteleira e turística da cidade, mobilizou um encontro com os órgãos competentes para discutir medidas concretas para despoluição das praias da cidade.

Atualmente, do total de 14 pontos avaliados, semanalmente, nas praias de São Luís, pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema), apenas um apresenta propriedade para banho, localizado na Praia de São Marcos. Resultado até positivo, visto que, entre os meses de dezembro de 2018 a agosto deste ano, nenhuma das praias tinha condições de balneabilidade. Preocupados com os riscos que a situação oferece, banhistas têm revisto visitas às praias, como contou o estudante Vinícius Gomes.

“São Luís tem praias exuberantes, e é uma pena que não possamos frequentá-las por causa da poluição. Infelizmente, ultimamente, não tenho ido mais como antigamente, porque a impossibilidade de adentrar no mar, por causa do risco de contrair alguma bactéria, doença, desestimula a visitação, o que é uma pena, uma vez que a gente acaba tendo de procurar outros lugares para o lazer”, frisou o universitário.

As justificativas dadas por quem têm deixado de frequentar a orla da capital também são usadas por quem depende diretamente da movimentação das praias para trabalhar. Em toda a extensão da Avenida Litorânea, onde ficam localizadas as praias de São Marcos, Calhau e Caolho, os prejuízos são contabilizados pelos principais setores que atuam na área, como ressaltou Walternor Costa, presidente da Aslit.

“Esse problema tem prejudicado não só a categoria de bares e restaurantes, mas o setor turístico de nossa cidade. As pessoas se sentem enganadas, porque nas propagandas do governo as praias são lindas e na hora que chegam aqui se deparam com placas indicando que não estão próprias para banho. Muita gente opta por passar mais tempo em Barreirinhas, por exemplo, do que em São Luís, e isso afeta a economia de toda a cidade. A própria população deixa de frequentar também. Às vezes, a gente registrava uma movimentação ruim durante a semana, mas recuperava no fim de semana. Agora, nem isso. Cumprimos nossas obrigações, pagamos impostos, mantemos alvarás de funcionamento, mas não temos retorno”, reivindicou Costa, dono de bar no local há 28 anos.

Segundo ele, a presença das placas sem uma contrapartida efetiva de despoluição das praias é a principal queixa da categoria. “A pessoa chega à praia e dá de cara com uma placa dessa. Nós não queremos que o visitante seja enganado, mas queremos ações mais concretas, capazes de reverter esta situação, porque já registramos mais de 30% de redução nas vendas desde a implantação das placas”, contou.

Em busca de solução para o problema, a Aslit - composta por 55 proprietários de bares na litorânea - e demais entidades do setor convocaram uma reunião, marcada para a próxima semana, com órgãos federais, estaduais e municipais relacionados à causa, como o Ministério Público Federa do Maranhão (MPF-MA), Ministério Público do Estado (MPE-MA), assim como representantes das gestões municipal e estadual. “Nossa expectativa é chegar a um denominador comum. As responsabilidades que são impostas a nós cumprimos, mas precisamos de um retorno do poder público”, destacou Walternor Costa.

Em nota, a Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) informou que executa obras que contribuem para a melhoria da balneabilidade das praias, com a intercepção de esgotos dos corpos hídricos de São Luís. As ações de esgotamento sanitário incluem a implantação de rede coletora, em sua maioria, nos Sistemas São Francisco e Vinhais, e mais intensidade próximo às sub-bacias dos rios Claro, Pimenta e Canaã. No Sistema Vinhais, já foram implantados 451m de linha de recalque; 4,1km de interceptores; 35,4 km de rede coletora de esgotos; e 2.915 ligações domiciliares de esgotos, além de quatro Estações Elevatórias de Esgotos (EEE) e mais uma Estação de Tratamento (ETE Vinhais). No Sistema São Francisco, constam uma nova EEE; 2,2km de linha de recalque; 2,4 km de interceptores; 12 km de rede coletora; e cerca de mil ligações domiciliares. A Sema, por sua vez, desenvolve iniciativas como o Projeto Atitude Consciente nas Praias, que atua na conscientização dos ambulantes, donos de bares e banhistas, além de realizar ações de fiscalização dos empreendimentos nas áreas.


SAIBA MAIS

Repercussão nacional

Em visita a São Luís, o ator Nelson Freitas usou seu perfil em uma rede social para fazer um apelo ao governo estadual e à prefeitura sobre as condições de balneabilidade das praias da capital maranhense. “Faço meu apelo as autoridades do Maranhão. Por que não dá. Fica dado o meu recado pro governo e para prefeitura para preservar esse lugar. Essas praias de São Luís fiquem próprias pra banho”, disse Nelson Freitas.

O vídeo foi compartilhado por diversos maranhenses que reiteraram as reclamações feitas pelo ator que chamou atenção, inclusive, para o lançamento de esgoto in natura nas praias da cidade.

Balneabilidade

A classificação da balneabilidade é a indicação da qualidade das águas destinadas à recreação de contato direto e prolongado, como natação, mergulho e lazer. É realizada por meio da coleta de amostras de águas e análise laboratorial para a avaliação de indicadores coliformes termotolerantes. Além das praias da capital, a orla de São José de Ribamar, composta pelas praias do Olho d’Água, do Meio e Araçagy também são analisadas pela Sema. De acordo com o laudo de balneabilidade mais recente, emitido na última sexta-feira (27), dentre os 21 pontos acompanhados na região metropolitana de São Luís, apenas três apresentavam condições próprias para banho. Confira todos os pontos:

Pontos impróprios
Praia da Ponta d’Areia
- Ao lado do Forte de Santo Antônio
- Atrás do Hotel Praia Mar
- Atrás do Bar do Dodô
- Em frente a Praça de Apoio ao Banhista
- Em frente ao Edifício Herbene Regadas
- Em frente ao Hotel Brisamar

Praia de São Marcos
- Em frente a Barraca da Marcela
- Em frente ao Agrupamento Batalhão do Mar
- Em frente ao IPEM e ao Bar Kalamazoo
- Foz do Rio Calhau

Praia do Calhau
- À direita da elevatória II da CAEMA
- Em frente a Pousada Tambaú

- Em frente ao Bar Malibu

Praia do Olho d’Água
- À direita da Elevatória Pimenta I

- À direita da Elevatória Iemanjá II

Praia do Araçagi
- Em frente ao Fátima’s Bar
- Em frente ao Bar Novo Point
- Em frente ao Bar do Isaac

Pontos próprios
Praia de São Marcos
- Em frente aos bares Do Chef e Marlene’s

Praia do Meio
- Em frente ao Bar do Piau
- Em frente ao Bar da Praia

Como são feitos os testes

Os testes de balneabilidade são simples e são feitos por amostragens. Biólogos retiram do mar amostras da água em diferentes pontos da praia e em diferentes profundidades. Estas amostras são levadas para os laboratórios especializados, onde são feitas as contagens de bactérias fecais presentes nas amostras – que não pode ser superior a 100 enterococcus (gênero de bactéria) por 100 ml – e, então, é determinado se a praia está apropriada ou não para o banho.

Porém, este resultado não é obtido somente por uma medição. São apurados os resultados de cinco medições realizadas durante uma semana para obter o laudo. Se em duas destas medições o número de bactérias for maior que o determinado como seguro, a praia é considerada imprópria para banho.

Doenças mais comum transmitida pelo mar poluído

As mais comuns são as gastroenterites, que podem ser causadas por bactérias ou protozoários, como as amebas, ou por vírus, como o rotavírus e o norovírus. Esses micro-organismos entram no corpo em contato com a água contaminada e pode desencadear vômito, diarreia, cólicas, febre e até sangue nas fezes.

NÚMEROS

6 praias analisadas
18 pontos impróprios

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