IMPASSE

Feirantes resistem a mudança para novo espaço no São Francisco

Deslocamento é necessário para construção do Mercado do São Francisco; no entanto, comerciantes alegam falta de estrutura para o trabalho no novo endereço, atrapalhando o início das obras de requalificação da feira

MONALISA BENAVENUTO / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22

Um impasse entre feirantes do Mercado do São Francisco e a Prefeitura de São Luís pode inviabilizar obras na feira, localizada na Rua Raul Azevedo. Isso porque, após o anúncio de requalificação do mercado, barracas e tendas foram montadas em um espaço na Avenida Ana Jansen, no mesmo bairro, para receber provisoriamente os feirantes durante o período de obras. No entanto, a categoria resiste à mudança pois, segundo eles, o novo endereço não oferece a estrutura necessária para garantir o funcionamento da feira e atendimento ao público.

A situação do mercado vem sendo discutida há algum tempo entre feirantes, vereadores e a gestão municipal de São Luís. Apesar de apresentar bom estado de conservação em comparação a outras feiras da cidade, o lugar tem diversas deficiências, que poderão ser solucionadas pelas obras de requalificação, anunciadas em agosto pela Prefeitura, como parte do programa “São Luís em Obras”, que deve contemplar, ainda, as feiras da Cohab e Coradinho e Mercado das Tulhas, na Praia Grande.

A mudança de endereço, necessária para dar início às obras, tem sido, porém, motivo de preocupação. Sem estrutura de esgoto, abastecimento de água e energia, dentre outras essenciais para a rotina dos vendedores, o espaço preparado pelo Município, além de não condizer com o que foi acordado com os feirantes, pode prejudicar os negócios da categoria, como contou Antônio Bispo Lima, que há mais de 30 anos atua no local.

“Quando eu cheguei lá, vi que era totalmente diferente do que acordamos. Nós solicitamos que fossem feitas barracas de madeirite, como lojinhas, para colocarmos nossa mercadoria. Aquela tenda não oferece nenhuma condição para trabalharmos no período de inverno. Como nós vamos guardar nossa mercadoria naquelas barracas abertas? Não temos condição de todo dia levar produto de casa para a feira e da feira para casa. Também não te esgoto, água, nem luz. Dentro dessas circunstâncias, não temos como ir”, contou o comerciante.

Com o piso de brita, a poeira constante no local é outra questão levantada pela categoria e, embora o desejo por um espaço reformado seja almejada pelos feirantes do Mercado do São Francisco, a resistência em mudar para o novo espaço é unanimidade, como contou José Raimundo Dourado.

“Nós queremos a reforma. Quem não quer trabalhar em um lugar bonito, reformado, não é? Mas o espaço que eles prepararam, não nos dá condição de trabalho. A poeira que aquelas britas produzem ali é um perigo para a saúde de qualquer pessoa, e para mim, que já tenho sinusite, é mais arriscado ainda. Não tem energia, água, nem esgoto, não tem nem uma vala para descer água. Nós estamos pensando no nosso trabalho e, principalmente, nos clientes. A partir do momento que eles derem condições para trabalharmos lá, nós iremos”, reiterou o feirante.

O Estado manteve contato com a Prefeitura de São Luís para questionar as medidas que vêm sendo tomadas para atender às queixas dos feirantes e possibilitar o início das obras no Mercado do São Francisco, mas, até o fechamento desta edição, não obteve retorno.

SOBRE A OBRA

Orçada em pouco mais de R$ 3,4 milhões, a obra de construção do novo Mercado do São Francisco será executada com recursos próprios do Município.
O equipamento público ganhará novo sistema hidráulico, boxes padronizados, iluminação moderna, sistema de câmara de videomonitoramento, área de estacionamento, sistema de drenagem, dentre outros serviços e beneficiarão cerca de 250 feirantes que trabalham no local. Além disso, toda a sua área terá acessos para pessoas com mobilidade reduzida. A ordem de serviço autorizando o início da obra deverá ser dada ainda neste primeiro semestre. O prazo para sua conclusão será de 12 meses.

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