Artigo

Hora do desmentido

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22

Circulam pela internet opiniões, para todos os gostos e orientações ideológicas, contra Greta Thunberg e a favor dela, mas sobretudo a favor. Essa garota sueca, surgida aparentemente do nada, pelo menos é essa minha impressão e a de muita gente no Brasil, se tornou de repente a sensação das questões ambientais pelo mundo todo, não se sabe bem a razão, ou melhor, se sabe. Foi por causa de meia dúzia de discursos irados contra a suposta falta de preocupação com os problemas ambientais que afligem o planeta Terra, de parte dos governos nacionais.

Há muita coisa a dizer sobre o assunto, até mesmo que não há problema algum, como dizem os mais radicais céticos sobre o aquecimento global, talvez causado por ações humanas passíveis de serem modificadas, a depender da adoção de políticas ambientais “corretas”. Mas meu interesse agora não está propriamente em elogiar ou criticar Greta e suas atitudes, quero dizer, julgar o mérito e consistência da cruzada da menina em favor do meio ambiente. Não, quero apenas fazer alguns comentários a respeito da semelhança existente, a meu ver, entre os fanatismo e alarmismo ambientais e os do lavajatismo, versão Dallagnoll-Moro.

As atitudes da turma ambientalista radical e da tribo política de tártaros de internet são bastante semelhantes. A respeito da primeira, não se pode fazer a crítica mais inocente do mundo sem correr o risco de ser visto e etiquetado como alguém que deseja o fim do mundo, a destruição dos recursos naturais em nome do lucro sem limites e da ganância capitalista. Manchete de um jornal: “Igreja da Suécia sugere que Greta Thunberg é ‘sucessora de Jesus’”. Esquecem que, enterrados, tais recursos não valem um tostão.

Existe uma imensa e legítima economia em torno da natureza, capaz de gerar milhares de empregos, renda e crescimento econômico. O esgotamento acelerado desses recursos, antes do surgimento de matérias primas ou produtos capazes de os substituir, não é do interesse de quem os explora, visto seus preços subirem cada vez mais rapidamente à medida que os recursos se aproximem do esgotamento.

No livro “Dois estudos econômicos”, mostrei que se os serviços prestados pela natureza à sociedade forem incorporados devidamente na função de produção da economia, então teremos uma taxa ótima de exploração de seus recursos em mercados razoavelmente competitivos. Essa ideia já vem sendo posta em prática por meio de mecanismos financeiros nacionais e globais, como fundos de compensação ambiental. Mas não se vê muito dessa ideia em discussões emocionais como as suscitadas por Greta. O meio ambiente se tornou um tipo de vaca sagrada e algo chique de ostentar no currículo. Se se disser que certas atitudes militantes deveriam ser mudadas, vem logo o grito de “querem destruir o meio ambiente”.

Assim também com a Lava Jato. Quem ousar clamar pelo cumprimento das leis, em respeito à Constituição da República, passa automaticamente a ser favorável aos criminosos. Mas, vejam só. Não é apenas o Intercept Brasil a mostrar os procedimentos heterodoxos de Dallagnol e sua turminha, em prejuízo do Estado de Direito e da Democracia. No livro “Nada menos do que tudo” do próprio Janot, ex-PGR, encontramos a confirmação dos procedimentos - sejamos comedidos e não digamos ilegais - heterodoxos da Lava Jato. Uma vez que o Intercept nunca foi desmentido, fico na espera do desmentido a Janot. É obrigação moral.

Lino Raposo Moreira

PhD, economista, membro da Academia Maranhense de Letras

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