Território

Autonomia de Hong Kong será respeitada, diz presidente chinês

Desde junho, esta é a primeira vez que o presidente Xi Jinping se pronuncia em público sobre crise; para Pequim é importante manter a confiança no modelo "um país, dois sistemas"​

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Xi Jiping comemora 70 anos da República Popular da China
Xi Jiping comemora 70 anos da República Popular da China (Reuters)

PEQUIM — Em seu primeiro pronunciamento público sobre a crise política em Hong Kong, o presidente chinês, Xi Jinping, prometeu respeitar o modelo " um país, dois sistemas ", que garante autonomia política, jurídica e administrativa a Hong Kong. O comentário sobre o território semiautônomo veio após um final de semana de intensos confrontos entre manifestantes e policiais na cidade que é uma região administrativa especial da China, às vésperas do aniversário de 70 anos da fundação da República Popular da China, ontem, 30.

Em um discurso realizado durante um jantar comemorativo do aniversário da revolução comunista de 1949, que será celebrada com uma grande parada militar em Pequim, Xi disse que irá "continuar a implementar completa e fielmente os princípios do modelo 'um país, dois sistemas' e 'um alto nível de autonomia'".

Embora o governo chinês seja acusado por militantes pró-democracia em Hong Kong de interferência crescente na cidade, para Pequim é importante manter a confiança no modelo "um país, dois sistemas" porque é com ele que se pretende atrair Taiwan para a reintegração com a China. A ilha, para onde os nacionalistas fugiram ao serem derrotados na guerra civil ganha pelos comunistas, é considerada uma "província rebelde" por Pequim.

A autonomia de Hong Kong, exceto em assuntos de política externa e defesa, é garantida pela Lei Básica, uma semiconstituição implementada quando a região foi devolvida aos chineses pelos britânicos, em 1997.

A manutenção dessa autonomia está no centro do movimento que toma as ruas da cidade desde junho — inicialmente motivados por um polêmico projeto de lei que permitiria extradições para a China continental, os protestos ganharam novas demandas que desafiam a soberania chinesa e o governo local, aliado de Pequim, enquanto registravam episódios recorrentes de violência. Desde então, mais de mil pessoas foram presas e centenas ficaram feridas.

Sob pressão para bloquear quaisquer incidentes que possam ofuscar as celebrações oficiais do Dia Nacional da China, a polícia local afirmou que as manifestações marcadas para terça-feira serão "muito, muito perigosas", pois os manifestantes estão "cada vez mais recorrendo ao terrorismo".

Postura chinesa

Quando os protestos se tornaram mais violentos, em julho e agosto, a retórica oficial chinesa sobre os atos chegou a endurecer. Em mais de uma ocasião, representantes de Pequim classificaram os manifestantes como "terroristas" e realizaram exercícios militares na vizinha cidade de Shenzhen. Ontem, a agência Reuters noticiou que o número de soldados chineses no território semiautônomo dobrou no mês passado.

Ainda assim, a alta cúpula do governo chinês vem mantendo publicamente seu compromisso com o respeito à autonomia da cidade. Antes de Xi, o premier Li Keqiang havia declarado apoio ao governo local "para acabar com a violência e o caos" na região.

Motivados pelo Dia Nacional da China, os protestos de domingo foram alguns dos mais violentos a tomarem as ruas da cidade. Os atos começaram ainda no início da manhã, quando os manifestantes jogaram coquetéis molotov dentro de uma estação de metrô. Eles também queimaram um outdoor que comemorava o Dia Nacional chinês e dirigiram a maior parte de suas palavras de ordem ao governo central em Pequim e ao Partido Comunista.

Policiais e opositores entraram em confronto em diversos pontos da cidade ao longo do dia, com as manifestações sendo reprimidas com gás lacrimogêneo e jatos de água tingida de azul, como já é de praxe. Segundo o South China Morning Post, um policial teria dado um tiro para o alto para dispersar manifestantes que atacavam seus colegas. 13 pessoas ficaram feridas — uma delas, segundo o governo local, em estado crítico.

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