SÃO LUÍS - Conseguir uma consulta com um médico especialista é considerada a tarefa mais difícil para o paciente do SUS (Sistema Único de Saúde), de acordo com uma pesquisa feita este ano pelo Datafolha e encomendada pelo Conselho Federal de Medicina. O tempo de espera está ficando longo para mais pessoas pelo que diz a pesquisa: 45% dos pacientes que foram ouvidos e disseram que estavam na fila do SUS já aguardavam há mais de seis meses por uma consulta.

A dona de casa Laiza Ribeiro é mãe do pequeno Cristian Ravi. Ela conta que marcar uma consulta para o filho requer paciência e persistência. “As consultas estão difíceis, se não ficarmos ligando e insistindo, não conseguimos. Ele tem um processo alérgico e preciso levá-lo ao pediatra com frequência”, relatou Laiza.

Nesse cenário e com objetivo de deixar os serviços de saúde mais acessíveis à população, um grupo de estudantes do ensino médio, da escola Crescimento, desenvolveu o projeto “Projetando Vidas”, que teve como foco ofertar consultas, orientação e até medicamentos para os moradores de comunidades carentes da capital maranhense. A primeira ação do projeto foi realizada com os moradores das palafitas do bairro Vila Palmeira. Cerca de 15 estudantes mobilizaram clínicos gerais, nefrologistas, ginecologistas, dentistas e outros especialistas para atender aos moradores.

Depois de tanta espera, Laiza Ribeiro, finalmente, conseguiu a consulta tão aguardada e necessária ao filho. “Estamos muito agradecidos por essa ação aqui na comunidade, consultei meu filho com a pediatra, que passou outros exames e uma medicação. Foi uma ótima oportunidade, pois há meses tentava e hoje deu certo”.

Durante a ação, foram feitos testes de HIV, orientação sobre a saúde sexual, distribuição de medicamentos com prescrição médica, atendimento com psicólogos, além de atividades recreativas com as crianças da comunidade.

Os médicos voluntários ressaltaram a importância de realizar esse atendimento. Muitos profissionais são pais ou parentes dos estudantes que abraçaram a causa. A gastropediatra Cláudia Nunes contou sobre a satisfação desse trabalho e do projeto desenvolvido pelos estudantes. “A ação é importante, pois vai propiciar atendimento às pessoas que necessitam, é uma forma de colocar os estudantes em contato com essa visão social. A escola está de parabéns por envolver os alunos nesse projeto. Percebo a sensibilidade do meu filho, dos outros estudantes e da escola, com o olhar atento ao próximo, e isso vem também da história familiar de cada um”, pontuou a médica.

A estudante Lara Ramos, que faz parte do “Projetando Vidas”, destacou a formação humana que o projeto oportuniza aos jovens com essa experiência. “Está sendo muito gratificante poder ajudar esta comunidade, pois sabemos da necessidade dos moradores das palafitas, porque eles têm uma situação precária, têm problemas de saúde pela falta de saneamento básico. Servindo, a gente é feliz, garantindo a felicidade do outro”.

O professor e coordenador do projeto, Leonardo Lima, afirmou que esse trabalho traz aos alunos um laboratório de vida. “Na verdade, não damos aula sobre a ação, os alunos vão ter experiências com a humanização, atendimento, autocuidado, autogestão. Aqui, temos os pilares: escola, família e sociedade, ajudando outras comunidades, proporcionando essa troca de saberes ” .

Expocine

A ação faz parte do projeto Expocine, festival de cinema com produções de curtas-metragem realizadas, da pesquisa à execução, pelos próprios estudantes. Este ano, o tema do Expocine é “Líderes Globais”, motivo pelo qual a equipe “Projetando Vidas” escolheu trabalhar as melhorias na comunidade da Vila Palmeira. O festival Expocine, com a exibição de todas as produções e debates sobre os assuntos trabalhados, será realizado em outubro, no hotel Luzeiros, em São Luís.

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